VENÇA ATRAVÉS DO PERDÃO

IPB de Barretos 
Estudos Bíblicos em 11,18.02 e 04.03.10 

TEXTO BÁSICO: MATEUS 18:21-35

TEXTOS PARALELOS:
As virtudes recomendadas – Rm 12:9-21

Confissão – Sl 51
Recebendo o perdão – Sl 32
Reconciliação – Gn 32:1; 33:17
Perdoando os irmãos – Gn 45:1-15
O filho pródigo – Lc 15:11-32
O perdão extremo – Lc 23:39-43

INTRODUÇÃO
Consultando a Palavra de Deus em Mt 18:21-35, num diálogo que Pedro teve com nosso Senhor Jesus, podemos entender mais claramente sobre o conceito do perdão. Conversando com Cristo, Pedro perguntou: “Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes?” Jesus respondeu imediatamente: “Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete”.
Certamente Jesus não colocou um limite numérico (490 vezes), mas Ele quis demonstrar com essa resposta que devemos ter sempre disposição para perdoar. Esta resposta talvez tenha impactado os apóstolos provocando em suas mentes alguns questionamentos. Cristo, então, passa a lhes contar a “Parábola do Credor Incompassivo” (Mt 18:23-35). Nos vs. 23-27 Jesus está ensinando que a nossa capacidade em perdoar está baseada no perdão total que nos foi oferecido por Deus em Cristo Jesus (Cl 3:13; Ef 4:32). No vs. 33 Jesus afirma que é absolutamente necessário termos espírito perdoador, como Deus teve para conosco, a fim de que nossos relacionamentos não sejam abalados e até rompidos. E finalmente, Jesus adverte quanto ao preço a ser pago por aqueles que se recusam a perdoar (vs. 34,35).
Vejamos este assunto mais detalhadamente.

1 – O QUE NÃO É PERDÃO
Vamos primeiramente entender o que não é o perdão, para depois verificarmos o que de fato é perdoar.

1.1    – Perdão não é esquecer. Há pessoas que realmente perdoam, mas não conseguem esquecer mentalmente, e por isso acham que realmente nunca perdoaram. A mente humana é um verdadeiro super-computador. Ela é capaz de registrar 800 recordações por segundo durante 75 anos, sem falhar. Na verdade, nunca esquecemos nada. Achamos que sim, mas na realidade, aquilo que aconteceu conosco está arquivado para sempre em nossas mentes. Por isso, é necessário fazer-se distinção entre esquecimento emocional e mental. Lembrar da ofensa de tal modo que ela continue a afetar o relacionamento emocional, não é perdoar. Porém, lembrar a ofensa como um fato consumado, sem significância ou efeito negativo em meu relacionamento, é perdão. Significa que perdoei e por isso a memória “não dói”, não machuca mais.

1.2    – Perdão não é um sentimento. Deus nos dá uma ordem: “Perdoai-vos mutuamente...” (Cl 3:13). Às vezes somos manipulados por nossas emoções e sentimentos. Em nosso íntimo pensamos: “eu também não senti vontade de perdoar meu amigo, afinal de contas, ele me feriu, ele deve me pagar!” Mesmo com o orgulho tentando impedir, a ordem de Deus precisa ser obedecida. Perdão é um ato de fé e obediência, baseado na ordem de Deus.

1.3    – Perdão não é voltar ao passado. Sempre que voltamos a pensar no que aconteceu, continuamos alimentando um ressentimento, uma amargura. Trazer o passado de volta é uma força destrutiva porque:
- Não há nada que se possa fazer para mudar algo que já aconteceu;
- Utiliza-se uma energia emocional que a pessoa necessita para as exigências do dia a dia (Sl 32:1-5), tornando-se extremamente difícil a pessoa realizar mudanças em sua vida. Alguém lhe ofendeu e pediu perdão. Você não perdoou. Agora você é responsável por prejudicar o relacionamento.

1.4    – Perdão não é exigir mudanças por parte da outra pessoa antes do nosso
perdão. Você talvez tenha sido profundamente machucado e ferido. Talvez já tenha passado por sua mente: “Quero ver mudanças na vida daquela pessoa que me ofendeu, antes de perdoá-la”. Deixe-me, porém, pedir-lhe que pare um pouco e pondere sobre o seguinte fato: Jesus perdoou mesmo sabendo de antemão que seria humilhado e ferido. Deus quer que você perdoe, mesmo que não haja mudanças da parte da pessoa que lhe feriu. Quando exigimos mudanças na vida de outra pessoa, estamos nos colocando no papel de juiz.

1.5    – Perdão não é deixar de ter auto-estima e dignidade. Em alguns casos,
apesar do perdão, é necessária uma mudança de atitude. Algumas pessoas pensam que porque Deus ordena o perdão, podem trair a confiança, humilhando seu próximo, seu cônjuge, sua família. Em casos assim, se faz necessária uma mudança de atitude em nome da dignidade, da moral e do respeito. “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mc 12:31a).

2 – O QUE É O PERDÃO 

2.1 – O perdão é algo muito difícil de ser praticado. Creio que uma das coisas
mais difíceis da vida cristã é perdoar; especialmente quando fomos profundamente feridos. Mas, mesmo assim, é isso que Deus quer que façamos. Você já meditou atentamente no quanto custou para Deus perdoar a você e a mim? O Seu Unigênito Filho! O Seu único Filho! Que alto preço!
Perdoar via custar seu orgulho. É não exigir seus direitos. É não se vingar. Na realidade, é deixar a pessoa livre, nada devendo. É não querer que a pessoa pague pelo seu pecado.

2.2     – Perdão é considerar o outro. É o “outro-centralizado” e não o “eu auto-
centralizado”. É tirar os olhos de si mesmo, de sua dor, sua auto-comiseração, e agora ver aquela pessoa em sua miséria e sentimento de culpa. É dar amor quando se espera ódio. É dar compreensão, quando se espera raiva e vingança. É dar liberdade quando se merece punição. É recusar buscar sua própria vontade, para buscar fazer a vontade de Deus. Para que haja esta reação é preciso tempo, é preciso permitir que o Espírito Santo faça Sua obra de restauração no coração, e o preencha das graças generosas de Deus.

2.3    – Perdão é substituir. O Apóstolo Paulo afirmou este conceito quando em 2
Coríntios 5:21 diz: “Aquele que não conheceu pecado (Jesus Cristo) Ele (Deus) o fez pecado por nós”. Literalmente: “Ele se tornou pecado por nós, isto é, em nosso lugar, para que nEle fôssemos feitos justiça de Deus”.

CONCLUSÃO
1 – Deus quer que você perdoe quem lhe feriu – Cl 3:13; Ef 4:32; Mt 18:21-35 (21,22).
2 – Deus não permitirá que isso lhe destrua, seu potencial, seus dons, suas habilidades, sua vida. Isto, se você responder positiva e obedientemente (Ef 4:32).
3 – O Senhor é capaz de usar algo tão triste do nosso passado para a glória dEle. Ele é capaz de transformar tudo o que ocorreu, de maneira que redunde em bem para a nossa vida, para o outro e para qualquer pessoa envolvida. Não sei como ou quando, mas sei que Ele é capaz! Aleluia! Ele é Deus! O Todo Poderoso e Soberano Deus! Amém!
4 – As conseqüências de não perdoar são desastrosas (Sl 32:1-5).

PONTOS PARA REFLEXÃO E DEBATE
1    Qual o limite para se perdoar uma pessoa?
2    O que significa a palavra “verdugo” em Mt 18:34? (Atormentador, torturador, carrasco).
3    Por que devemos perdoar?

O presente estudo foi escrito inicialmente pelo Pastor Jaime Kemp, e publicado na revista “Educação Cristã – vol. 2 – Problemas Existenciais”. Aqui neste post, o mesmo foi ampliado pelo Rev. Paulo Sergio da Silva.

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