Os Cinco Solas da Reforma Protestante

Sola Scriptura - somente a Escritura
Sola Gratia - somente a Graça
Solus Christus - somente Cristo
Sola Fide - somente a Fé
Soli Deo Gloria - somente a Deus glória


SOLA SCRIPTURA: A Erosão da Autoridade

Só a Escritura é a regra inerrante da vida da igreja, mas a igreja evangélica atual fez separação entre a Escritura e sua função oficial. Na prática, a igreja é guiada, por vezes demais, pela cultura. Técnicas terapêuticas, estratégias de marketing, e o ritmo do mundo de entretenimento muitas vezes tem mais voz naquilo que a igreja quer, em como funciona, e no que oferece, do que a Palavra de Deus. Há pastores que negligenciam a supervisão do culto, que lhes compete, inclusive o conteúdo doutrinário da música. À medida que a autoridade bíblica foi abandonada na prática, que suas verdades se enfraqueceram na consciência cristã, e que suas doutrinas perderam sua proeminência, a igreja foi cada vez mais esvaziada de sua integridade, autoridade moral e discernimento. Em lugar de adaptar a fé cristã para satisfazer as necessidades sentidas dos consumidores, devemos proclamar a Lei (de Deus) como medida única da justiça verdadeira, e o evangelho como a única proclamação da verdade salvadora. A verdade bíblica é indispensável para a compreensão, o desvelo e a disciplina da igreja.

A Escritura deve nos levar além de nossas necessidades percebidas para nossas necessidades reais, e libertar-nos do hábito de nos enxergar por meio das imagens sedutoras, clichês, promessas e prioridades da cultura massificada. É só à luz da verdade de Deus que nós nos entendemos corretamente e abrimos os olhos para a provisão de Deus para a nossa sociedade. A Bíblia, portanto, precisa ser ensinada e pregada na igreja. Os sermões precisam ser exposições da Bíblia e de seus ensinos, não a expressão de opinião ou de idéias da época. Não devemos aceitar menos do que aquilo que Deus nos tem dado.

A obra do Espírito Santo na experiência pessoal não pode ser desvinculada da Escritura. O Espírito não fala em formas que independem da Escritura. À parte da Escritura nunca teríamos conhecido a graça de Deus em Cristo. A Palavra bíblica, e não a experiência espiritual, é o teste da verdade.


Tese 1: Sola Scriptura

Reafirmamos a Escritura inerrante como fonte única de revelação divina escrita, única para constranger a consciência. A Bíblia sozinha ensina tudo o que é necessário para nossa salvação do pecado, e é o padrão pelo qual todo comportamento cristão deve ser avaliado. Negamos que qualquer credo, concílio ou indivíduo possa constranger a consciência de um crente, que o Espírito Santo fale independentemente de, ou contrariando, o que está exposto na Bíblia, ou que a experiência pessoal possa ser veículo de revelação.


Esse pilar da fé evangélica afirma que só a Bíblia é a regra de fé e prática de um cristão. Isto porque a Igreja católica entendia que existiam duas regras de fé para um cristão: a Bíblia e a tradição da igreja, formada pelos seus documentos, bulas e encíclicas papais.

Por isso muitas das doutrinas que faziam a igreja nos dias de Lutero terem se desviado tanto dos valores essenciais do Cristianismo, não nasceram dos escritos sagrados nem eram, muitos deles, interpretações das escrituras, eram instrumentos do poder centralizado da igreja para produzir os efeitos que necessitavam. Este era o caso das indulgencias: arrecadar mais.

Os reformadores, quase todos eram padres piedosos que não podiam mais conviver com a manipulação da fé e entendiam que para voltar a essência da fé era indispensável voltar a Bíblia. 

Você sabia que até o concilio Vaticano II (metade do sec XX), a leitura da Bíblia era proibida ao leigo? Mas de onde veio este entendimento que todos poderiam ler as Escrituras e meditar nelas? Da própria palavra de Deus:

2 Timóteo 3:16-17 (NTLH) 
16 Pois toda a Escritura Sagrada é inspirada por Deus e é útil para ensinar a verdade, condenar o erro, corrigir as faltas e ensinar a maneira certa de viver. 17 E isso para que o servo de Deus esteja completamente preparado e pronto para fazer todo tipo de boas ações.

A Bíblia é inspirada por Deus, é o recurso deixado pelo Senhor para que pudéssemos conhecer a Sua vontade de modo objetivo. Quando a lemos o Espírito Santo nos ilumina, fala ao nosso coração e revela a Sua vontade. Esta foi a promessa de Jesus:

João 14:26 (NTLH) 
26 Mas o Auxiliador, o Espírito Santo, que o Pai vai enviar em Meu nome, ensinará a vocês todas as coisas e fará com que lembrem de tudo o que eu disse a vocês.

Este foi o ensino dos apóstolos:

Efésios 1:18 (NVI)
8 Oro também para que os olhos do coração de vocês sejam iluminados, a fim de que vocês conheçam a esperança para a qual Ele os chamou, as riquezas da gloriosa herança dEle nos santos.

1 João 2:20 (RA) 
20 E vós possuís unção que vem do Santo e todos tendes conhecimento.

Uma das críticas de Jesus aos judeus de Seu tempo era que eles tinham tantas doutrinas que ele chamou de “doutrinas de homens” que haviam se afastado da palavra de Deus

Marcos 7:6-8 (NTLH) 
6 Jesus respondeu: Hipócritas! Como Isaías estava certo quando falou a respeito de vocês! Ele escreveu assim: “Deus disse: Este povo com a sua boca diz que me respeita, mas na verdade o seu coração está longe de Mim. 7 A adoração deste povo é inútil, pois eles ensinam leis humanas como se fossem mandamentos de Deus.” 8 E continuou: Vocês abandonam o mandamento de Deus e obedecem a ensinamentos humanos.

Só a Bíblia é a Palavra de Deus e fiel testemunha da verdade. Leia a bíblia. Viva a Bíblia. Peça ao Espírito Santo iluminar você através da Bíblia. (Paschoal Piragine Jr., "Os 5 Solas da Reforma Protestante").


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SOLA GRATIA: A Erosão do Evangelho

A confiança desmerecida na capacidade humana é um produto da natureza humana decaída. Esta falsa confiança enche hoje o mundo evangélico – desde o evangelho da auto-estima até o evangelho da saúde e da prosperidade, desde aqueles que já transformaram o evangelho num produto vendável e os pecadores em consumidores e aqueles que tratam a fé cristã como verdadeira simplesmente porque funciona. Isso faz calar a doutrina da justificação, a despeito dos compromissos oficiais de nossas igrejas.

A graça de Deus em Cristo não só é necessária como é a única causa eficaz da salvação. Confessamos que os seres humanos nascem espiritualmente mortos e nem mesmo são capazes de cooperar com a graça regeneradora.


Tese 3: Sola Gratia

Reafirmamos que na salvação somos resgatados da ira de Deus unicamente pela Sua graça. A obra sobrenatural do Espírito Santo é que nos leva a Cristo, soltando-nos de nossa servidão ao pecado e erguendo-nos da morte espiritual à vida espiritual. Negamos que a salvação seja em qualquer sentido obra humana. Os métodos, técnicas ou estratégias humanas por si só não podem realizar essa transformação. A fé não é produzida por natureza não-regenerada.


O Segundo pilar da fé evangélica está intrinsecamente ligado ao primeiro. São as Sagradas Escrituras que nós revelam que a fé é o meio humano pelo qual podemos ser salvos, e a graça é o recurso divino no qual colocamos a nossa fé.

“Visto que a justiça de Deus se revela no Evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé.” Romanos 1:17.

Como a justiça divina poderia ser cumprida se ainda somos pecadores? Como poderíamos ser salvos se como pecadores, somos condenados pela Lei de Deus?

Mas a graça de Deus foi Ele cumprir a Sua justiça por nós. A dádiva do Céu, a encarnação, a morte, o hades, a ressurreição, e a oferta de graça.

Graça é a justiça do evangelho que só pode ser alcançada por meio da fé. Ao entender isto Lutero não podia se conformar com o absurdo da venda das indulgências. Porque ninguém será salvo por mérito próprio, por obras, sacrifícios penitências ou compra de indulgências. A única causa eficaz da salvação é a graça de Deus sobre o pecador. 

Você não pode comprar um terreno no Céu, nem com dinheiro, nem com qualquer outra coisa. Só a graça pode lhe dar a salvação eterna.

“Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie.” Efésios 2:8-9.

Hoje é o dia em que a graça de Deus precisa ser recebida com fé. Menos do que isto é um ultraje diante da bondade de Deus.

“Enquanto se diz: Hoje, se ouvirdes a Sua voz, não endureçais o vosso coração, como foi na provocação.” Hebreus 3:15.

Imaginem como será pior ainda o castigo que inventa a graça vai merecer?!!

“De quanto mais severo castigo julgais vós será considerado digno aquele que calcou aos pés o Filho de Deus, e profanou o Sangue da Aliança com o qual foi santificado, e ultrajou o Espírito da graça?” Hebreus 10:29 (ARA).

“Então, o que será que vai acontecer com os que desprezam o Filho de Deus e consideram como coisa sem valor o Sangue da Aliança de Deus, que os purificou? E o que acontecerá com quem insulta o Espírito do Deus, que o ama?” Hebreus 10:29 (NTLH).

O Senhor quer que você receba o Seu
presente gracioso. (Paschoal Piragine Jr., "Os 5 Solas da Reforma Protestante").
 

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SOLUS CHRISTUS: A Erosão da Fé Centrada em Cristo

À medida que a fé evangélica se secularizou, seus interesses se confundiram com os da cultura. O resultado é uma perda de valores absolutos, um individualismo permissivo, a substituição da santidade pela integridade, do arrependimento pela recuperação, da verdade pela intuição, da fé pelo sentimento, da providência pelo acaso e da esperança duradoura pela gratificação imediata. Cristo e Sua cruz se deslocaram do centro de nossa visão.


Tese 2: Solus Christus

Reafirmamos que nossa salvação é realizada unicamente pela obra mediatória do Cristo histórico. Sua vida sem pecado e Sua expiação por si só são suficientes para nossa justificação e reconciliação com o Pai. Negamos que o evangelho esteja sendo pregado se a obra substitutiva de Cristo não estiver sendo declarada, e a fé em Cristo e Sua obra não estiver sendo invocada.


O terceiro pilar da fé evangélica é “Só Cristo". A crise das indulgências fez com que Lutero percebesse que homem algum, nem o papa, nem os santos, nem os padres poderiam intermediar a nossa relação com Deus. Só Cristo! 

Lutero disse que as indulgências não removiam a culpa e que o papa poderia emitir somente as penalidades que ele próprio tinha imposto sobre a Terra, e que ele não tinha nenhuma jurisdição sobre as almas. Ele negou que os santos tivessem crédito excedente acumulado. (Uma História do Cristianismo, 1500 a.D. a 1975 a.D., 1a. ed, vol. 2, 2 vols., São Paulo, Hagnos, 2006).

Ele sustentou que as indulgências produziam um falso senso de segurança, e assim eram definitivamente prejudiciais. Sua conclusão foi baseada em vários textos das Escrituras, que nos afirmam: 

a. Só Jesus tem poder para salvar
“A salvação só pode ser conseguida por meio dEle. Pois não há no mundo inteiro nenhum outro que Deus tenha dado aos seres humanos, por meio do qual possamos ser salvos.” Atos 4:12 (NTLH). 

b. Só Ele tem poder para nos levar à presença de Deus.
‘Jesus respondeu: Eu Sou o Caminho, a Verdade e a Vida; ninguém pode chegar até o Pai a não ser por Mim.” João 14:6 (NTLH).

c. Só Ele pode mediar a nossa comunhão com o Pai. 
“Pois há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens: o homem Cristo Jesus, o Qual Se entregou a Si mesmo como resgate por todos. Esse foi o testemunho dado em Seu próprio tempo.,” 1 Timóteo 2:5-6 (NVI).

d. Ele é o nosso Sumo Sacerdote que nos leva ao trono da graça de Deus.
“Portanto, visto que temos um grande Sumo Sacerdote que adentrou os Céus, Jesus, o Filho de Deus, apeguemo-nos com toda a firmeza à fé que professamos, pois não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, mas sim Alguém que, como nós, passou por todo tipo de tentação, porém, sem pecado. Assim, aproximemo-nos do trono da graça com toda a confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça que nos ajude no momento da necessidade.” Hebreus 4:14-16 (NVI).

Somente Cristo foi a reação da Reforma contra a Igreja secularizada e contra os sacerdotes que afirmavam sua posição especial para mediar a graça e o perdão de Deus por meio dos sacramentos. A Reforma defendeu que a mediação entre o homem e Deus é feita somente por Jesus Cristo. 

Cristo é central na Reforma Protestante. Se o temos podemos ir direto ao Pai sem qualquer intermediário. Oramos ao Pai, confessamos e pedimos perdão ao Pai através de Jesus. Os santos, ainda que tenham sido cristãos piedosos, não têm o poder de mediar a nossa fé, só Jesus! 

Os líderes servem apenas para guiar seus liderados para o caminho da salvação. Cristo é a Verdade e ninguém pode se achegar ao Pai sem Ele (Jesus).

Hoje Jesus quer que você, exclusivamente pela fé, aproprie-se da graça e receba o privilégio de ter acesso ao Pai, diretamente pela mediação dEle próprio, Jesus! 

(Paschoal Piragine Jr., "Os 5 Solas da Reforma Protestante").


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SOLA FIDE: A Erosão do Artigo Primordial

A justificação é somente pela graça, somente por intermédio da fé, somente por causa de Cristo. Este é o artigo pelo qual a igreja se sustenta ou cai. É um artigo muitas vezes ignorado, distorcido, ou por vezes até negado por líderes, estudiosos e pastores que professam ser evangélicos. Embora a natureza humana decaída sempre tenha recuado de professar sua necessidade da justiça imputada de Cristo, a modernidade alimenta as chamas desse descontentamento com o evangelho bíblico. Já permitimos que esse descontentamento dite a natureza de nosso ministério e o conteúdo de nossa pregação.

Muitas pessoas ligadas ao movimento do crescimento da igreja acreditam que um entendimento sociológico daqueles que vêm assistir aos cultos é tão importante para o êxito do evangelho como o é a verdade bíblica proclamada. Como resultado, as convicções teológicas freqüentemente desaparecem, divorciadas do trabalho do ministério. A orientação publicitária de marketing em muitas igrejas leva isso mais adiante, apegando a distinção entre a palavra bíblica e o mundo, roubando da cruz de Cristo a sua ofensa, e reduzindo a fé cristã aos princípios e métodos que oferecem sucesso às empresas seculares.

Embora possam crer na teologia da cruz, esses movimentos na verdade, estão esvaziando-a de seu conteúdo. Não existe evangelho a não ser o da substituição de Cristo em nosso lugar, pela qual Deus lhe imputou o nosso pecado e nos imputou a Sua justiça. Por Ele ter levado sobre Si a punição de nossa culpa, nós agora andamos na Sua graça como aqueles que são para sempre perdoados, aceitos e adotados como filhos de Deus. Não há base para nossa aceitação diante de Deus a não ser na obra salvífica de Cristo; a base não é nosso patriotismo, devoção à igreja, ou probidade moral. O evangelho declara o que Deus fez por nós em Cristo. Não é sobre o que nós podemos fazer para alcançar Deus.


Tese 4: Sola Fide

Reafirmamos que a justificação é somente pela graça, somente por intermédio da fé, somente por causa de Cristo. Na justificação a retidão de Cristo nos é imputada como o único meio possível de satisfazer a perfeita justiça de Deus. Negamos que a justificação se baseie em qualquer mérito que em nós possa ser achado, ou com base numa infusão da justiça de Cristo em nós; ou que uma instituição que reivindique ser igreja mas negue ou condene "sola fide" possa ser reconhecida como igreja legítima.


Somente a Fé

Lutero era um homem que decidiu ir para a vida monástica como uma busca pela vida eterna. Havia dentro dele um senso de pecado tanto que ele se confessava o quanto podia, e as vezes , logo depois da confissão, ele voltava ao confessionário para acrescentar um pecado que havia acabado de lembrar.

Ele pensava que se esquecesse de confessar um pecado e morresse , não haveria salvação para ele , pois estava em dívida com Deus. Tentava viver a perfeição mas sabia que não podia faze-lo. Tentou a prática dos místicos , mas não preencheu o seu coração. Tentou até formas de penitencia corporal , mas lhe pesava a alma. Por causa de sua criação severa, a justiça de Deus lhe parecia demasiada e que ninguém poderia livrar-se dela.  

No entanto quando começou a lecionar o livro de Romanos ele fez uma descoberta maravilhosa no texto de Romanos 1:17

"Visto que a justiça de Deus se revela no Evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé." 

Martinho Lutero percebeu que a justiça de Deus nessa passagem, é a justiça que o homem piedoso recebe de Deus, pela fé como dádiva. Era a justiça de Deus, revelada no Evangelho, a boa notícia de que Jesus morrera pelos nossos pecados e que o Todo Poderoso preparara uma salvação que só poderia ser recebida pela fé. Não são penitências, sacrifícios, boas obras ou a compra de indulgências, que livrarão o homem da condenação eterna, mas a salvação é através da fé na obra redentora de Jesus, conforme Efésios 2:8-9

"Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie."

Ele sabia que Jesus perdoava pecados mediante a confissão e a penitencia, mas não que a obra de Jesus era maior do que isto. Ele pensava que poderia mitigar, compensar pecados com as suas boas obras, mas não entendera até aquele momento que Jesus já havia nos comprado pelo Seu Sangue e que a salvação era um presente de Deus que pode ser apropriado pela fé. E a fé não era uma obra meritória, era simplesmente o meio pelo qual nos apropriamos da dádiva divina.  

Esta verdade central das Escrituras foi a razão principal de Lutero ter afixado as suas 95 teses - afirmações de fé na porta da capela de Wittemberg. Isto se deu porque Tetzel , um padre dominicano, iniciou a sua venda de Indulgências promulgadas pelo Papa Leão X , fruto de um acordo com a poderosíssima casa dos Hohenzollern, que aspirava à  hegemonia da Alemanha. Um dos membros dessa casa, Alberto de Brandeburgo. Este acordo envolvia um pagamento adiantado  de dez mil ducados para financiar o termino da Basílica de São Pedro, em Roma. Posto que esta era uma soma considerável, o Papa autorizou Alberto a proclamar uma grande venda de indulgências em seus territórios, em troca de que a metade do produto fosse enviada ao erário papal e a outra metade ficaria para ele. Tetzel e seus subalternos proclamavam que a indulgência que vendiam deixava o pecador "mais limpo do que saíra do batismo", ou "mais limpo do que Adão antes de cair", que "a cruz do vendedor de Indulgências tinha tanto poder como a cruz de Cristo", e que no  caso de alguém comprar uma indulgência para um parente já morto, "tão pronto a moeda caísse no cofre, a alma saía do purgatório". E que a indulgencia papal tinha o poder de perdoar inclusive os pecados futuros.

Como se calar quando as Escrituras afirmam que a salvação é obra de Cristo que se obtem pela fé? O que Jesus espera é que você e eu entendamos que só Ele salva e que o que Ele espera de nós é a fé na suficiência da sua obra na Cruz.

Você já fez a oração da fé salvadora?

(Paschoal Piragine Jr., "Os 5 Solas da Reforma Protestante").


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SOLI DEO GLORIA: A Erosão do Culto Centrado em Deus

Onde quer que, na igreja, se tenha perdido a autoridade da Bíblia, onde Cristo tenha sido colocado de lado, o evangelho tenha sido distorcido ou a fé pervertida, sempre foi por uma mesma razão: nossos interesses substituíram os de Deus e nós estamos fazendo o trabalho dEle a nosso modo. A perda da centralidade de Deus na vida da igreja de hoje é comum e lamentável. É essa perda que nos permite transformar o culto em entretenimento, a pregação do evangelho em marketing, o crer em técnica, o ser bom em sentir-nos bem e a fidelidade em ser bem-sucedido. Como resultado, Deus, Cristo e a Bíblia vêm significando muito pouco para nós e têm um peso irrelevante sobre nós.

Deus não existe para satisfazer as ambições humanas, os desejos, os apetites de consumo, ou nossos interesses espirituais particulares. Precisamos nos focalizar em Deus em nossa adoração, e não em satisfazer nossas próprias necessidades. Deus é soberano no culto, não nós. Nossa preocupação precisa estar no reino de Deus, não em nossos próprios impérios, popularidade ou êxito.


Tese 5: Soli Deo Gloria

Reafirmamos que, como a salvação é de Deus e realizada por Deus, ela é para a glória de Deus e devemos glorificá-Lo sempre. Devemos viver nossa vida inteira perante a face de Deus, sob a autoridade de Deus, e para Sua glória somente.

Negamos que possamos apropriadamente glorificar a Deus se nosso culto for confundido com entretenimento, se negligenciarmos ou a Lei ou o Evangelho em nossa pregação, ou se permitirmos que o afeiçoamento próprio, a auto-estima e a auto-realização se tornem opções alternativas ao evangelho.


Um Chamado ao Arrependimento e à Reforma

A fidelidade da igreja evangélica no passado contrasta fortemente com sua infidelidade no presente. No princípio deste mesmo século, as igrejas evangélicas sustentavam um empreendimento missionário admirável e edificaram muitas instituições religiosas para servir a causa da verdade bíblica e do reino de Cristo. Foi uma época em que o comportamento e as expectativas cristãs diferiam sensivelmente daquelas encontradas na cultura. Hoje raramente diferem. O mundo evangélico de hoje está perdendo sua fidelidade bíblica, sua bússola moral e seu zelo missionário.
Arrependamo-nos de nosso mundanismo. Fomos influenciados pelos "evangelhos" de nossa cultura secular, que não são evangelhos. Enfraquecemos a igreja pela nossa própria falta de arrependimento sério, tornamo-nos cegos aos pecados em nós mesmo que vemos tão claramente em outras pessoas, e é indesculpável nosso erro de não falar às pessoas adequadamente sobre a obra salvadora de Deus em Jesus Cristo.

Também apelamos sinceramente a outros evangélicos professos que se tenham desviado da Palavra de Deus nos assuntos discutidos nesta declaração. Incluímos aqueles que declaram haver esperança de vida eterna sem fé explícita em Jesus Cristo, os que asseveram que quem rejeita a Cristo nesta vida será aniquilado em lugar de suportar o juízo justo de Deus pelo sofrimento eterno e os que dizem que os evangélicos e os católicos romanos são um em Jesus Cristo, mesmo quando a doutrina bíblica da justificação não é crida.

A Aliança de Evangélicos Confessionais pede que todos os crentes dêem consideração à implementação desta declaração no culto, ministério, política, vida e evangelismo da igreja.
Em nome de Cristo. Amém.

Aliança de Evangélicos Confessionais
Cambridge, Massachusetts
20 de abril de 1996.


A Origem dos 5 Solas da Reforma Protestante

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