IGREJAS DO PÃO E CIRCO
Tenho acompanhado através de sites e blogs cristãos na internet a crescente preocupação com o volume absurdo de invencionices, modismos e heresias que afloram nas Igrejas ditas evangélicas. Seria hilário – se não fosse trágico – a capacidade de criação de tamanhos absurdos.
E o pior: existe uma legião de crentes idólatras que defendem com unhas e dentes os criadores de tamanhas bizarrices, muitos por ignorância, outros por vontade.
A cada dia, percebe-se que a igreja evangélica institucional se afasta do Evangelho e é levada “em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente” (Efésios 4:14). O rebanho, magro e desnutrido biblicamente, é facilmente ludibriado por tais líderes.
Pão e Circo
Assim como na Roma antiga – no que diz respeito ao social – alguns líderes evangélicos praticam com o povo a política “panem et circenses” (política do pão e circo) – no aspecto espiritual. Nos dias da Roma antiga, devido a fatores socio-econômicos, houve um considerável êxodo dos moradores das regiões rurais em direção a Roma. Sem emprego e sem ter o que comer, a multidão se tornava um perigo crescente para ordem social, levando o império a tomar uma decisão que entorpeceria o povo, fazendo-os esquecer da realidade.
Tudo muito simples: de modo constante ocorriam lutas envolvendo gladiadores nos estádios, sendo o Coliseu o mais conhecido de todos. Durante as lutas o povo era “gentilmente” alimentado. Enquanto se divertiam com o show de horrores e se alimentavam, a multidão ficava “domada”, tranqüilizando os dominadores sociais.
E hoje em dia, o que temos visto em locais que, hipoteticamente, deveriam se concentrar na exposição das Escrituras? A pregação bíblica, doutrinariamente correta, que acordaria o povo brasileiro foi substituída por pão e circo. Rápidos em domesticar seus discípulos, alguns líderes evangélicos criam uma parafernália tão grande de remendos que assusta e nos faz perguntar: qual o limite disso tudo? Onde isso vai parar?
Os mais nervosos da ala que advoga por seus líderes costumam dizer: “Peraí, eles estão pregando o Evangelho e ganhando almas, e vocês, críticos?” Argumento tão superficial e raso como uma poça d’água. E se estão de fato pregando o Evangelho, sempre fica a pergunta: Que Evangelho é esse? Que Jesus é esse? Ganhando almas e suprimindo cérebros?
A igreja evangélica tem inflado – e não crescido – com um contingente que não ousa pensar, não ousa raciocinar, não ousa sequer consultar nas Escrituras a veracidade do que seus dominadores (vide bispos, apóstolos, levitas, profetas) anunciam.
Voltemos ao exemplo da igreja primitiva de Beréia (Atos 17:11), pelo amor que devemos ter ao Reino de Deus!
Calar por amor, ou falar por causa da verdade?
Quem se cala diante do pecado, da injustiça e de falsas doutrinas não ama de verdade. A Bíblia diz que o amor "...não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade" (1 Co 13:6). Deveríamos orar muito por sabedoria e, com amor ainda maior, chamar a atenção para a verdade e não tolerar a injustiça.
Ao estar em jogo a verdade, Estevão argumentou, mas sempre em amor a seu povo e com temor diante da verdade em Cristo. O apóstolo Paulo estava disposto a ser considerado maldito por amor ao seu povo, mas não cedia um milímetro quando se tratava da verdade em Cristo. Jesus amou como nenhum outro sobre a terra, mas assim mesmo pronunciou duras palavras de ameaça contra o povo incrédulo, que seguia mais as tradições e as próprias leis do que a Palavra de Deus.
O Dr. John Charles Ryle, bispo anglicano de Liverpool que viveu de 1816 a 1900, certa vez disse assim:
"Controvérsias religiosas são desagradáveis. Já é extremamente difícil vencer o diabo, o mundo e a carne sem ainda enfrentar conflitos internos no próprio arraial. Mas pior do que discutir é tolerar falsas doutrinas sem protesto e sem contestação. A Reforma Protestante só foi vitoriosa porque houve discussões. Se fosse correta a opinião de certas pessoas que amam a paz acima de tudo, nunca teríamos tido a Reforma. Por amor à paz deveríamos adorar Maria e nos curvar diante de imagens e relíquias até o dia de hoje. O apóstolo Paulo foi a personalidade mais agitadora em todo o livro de Atos, e por isso foi espancado com varas, apedrejado e deixado como morto, acorrentado e lançado na prisão, arrastado diante das autoridades, e só por pouco escapou de uma tentativa de assassinato. Suas convicções eram tão decididas que os judeus incrédulos de Tessalônica se queixaram: 'Estes que têm transtornado o mundo chegaram também aqui' (At 17:6). Deus tenha misericórdia dos pastôres cujo alvo principal é o crescimento das suas organizações e a manutenção da paz e da harmonia. Eles até poderão fugir das polêmicas, mas não escaparão do tribunal de Cristo".
Colaboração do amabilíssimo Rev. David Cestavo, Pastor da IPB Central de Lavras / MG.
GOSTARIA DE DIZER QUE...
Algumas Igrejas Evangélicas têm tomado posicionamentos de verdadeira insanidade espiritual. Em algumas situações parece até que virou macumba, dada a similaridade de certas manifestações.
Exemplo disso é atribuir todo mal ao diabo, e a "doutrina da batalha espiritual" , segundo a qual cada região do país e do mundo seria governada por determinado tipo de demônio, e que devemos fazer uma série de orações e rituais, para assim o inimigo seja destituído de seu poder. Nesse caso, Deus parece não ser soberano. Outra coisa que chama a atenção é o fato dessa doutrina ser praticada há décadas e não há nenhuma mudança que se possa atribuir a tal doutrina. Em uma determinada cidade, chegaram a urinar nas imediações da cidade, onde "profeticamente", foi demarcado o território pertencente a Cristo. Que absurdo!
Uma das grandes diferenças entre os neo-pentecostais e os reformados, é que nós seguimos a Bíblia e só a Bíblia (Sola Scriptura, era um dos lemas dos reformadores). Já os neo-pentecostais acreditam que Deus lhes revela princípios e estratégias profeticamente, como fez com Moisés, Isaías, Jeremias e todos os demais profetas da Bíblia. É como se a Bíblia não fosse suficiente, e para eles de fato não é. Por isso que eles acreditam e dão tanto valor à esse tipo de insanindade.
Êxtase emocional, supostas visões, revelações, etc., é muito comum no evangelicalismo brasileiro. Semelhantemente ao espiritismo, é grande o número de crentes que viajam horas e horas em busca de um profeta, uma palavra ou revelação. Alguns até acreditam que as pessoas podem ficar "possuídas" pelo Espírito Santo, entrando um tipo de transe, e agindo como se fossem o animais. E pasmem: em algumas "igrejas" já existe a manifestação da unção da galinha, da águia e até do cachorro. E segundo dizem eles, é tudo revelado e dirigido pelo Espírito Santo. Na verdade estamos diante das doutrinas de demônios que o Senhor nos alertou em 1 Tm 4:1.
Quando há histeria coletiva, tentam fazer essa bagunça se parecer com a alegria que vem de Deus. Não confunda confusão com a alegria do Espírito Santo. A alegria do Senhor é repleta de boas obras (1 Pe 2:12) e moderação (Fp 4:5). O culto racional é o culto que agrada a Deus (Rm 12:1).
SOLI DEO GLORIA!!!
Pr. Roberto o seu comentário não está aparecendo aqui por erro do blogger. Por favor escreva novamente para que eu possa tentar publicá-lo. Abraços, Deus te abençoe!.
ResponderExcluirCaro Rev. Paulo César.
ResponderExcluirA Paz do Senhor!
O artigo postado é uma realidade!
Os cristãos dos tempos modernos estão tão acostumados com "pão e circo", quais crianças que se impressionam com o lanche fast food com embalagem colorida. que não suportam mais o alimento sólido.
Que Deus tenha misericórdia de nós!
Um grande abraço!
Pr. Carlos Roberto
Tempos difíceis meu irmão, hard days. E a tendência é piorar, igrejas tornando-se seitas, a Bíblia cada vez mais esquecida e confundida, muitos e muitos lobos disfarçados de pastôres enriquecendo, engordando-se, arrancando até as unhas das ovelhas. Nossa imagem está denegrida perante a sociedade, mas graças a Deus que é fiel e nos guarda e livra do mal. E louvado seja Deus também porque as pessoas sabem discernir entre os verdadeiros e os falso pastores. Abraços irmão, e muito obrigado pelos comentário.
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