CRISTO E A TOLERÂNCIA RELIGIOSA
Por: Heitor Alves
Um conceito bastante difundido através dos púlpitos é o de que Cristo foi tolerante para com os Seus contemporâneos. Não podemos concordar com este pensamento, visto ser ele um conceito falso e antibíblico. O fato de Cristo ter tido paciência com os pecadores, com os Seus próprios algozes, não significa tolerância para com o pecado.
Afirmamos categoricamente que Cristo, à luz da Bíblia, não foi tolerante com relação ao pecado. O que vemos hoje em dia é uma mensagem de tolerância religiosa com relação àquilo que Cristo mais combateu enquanto esteve na Terra. Os que pregam a tolerância estão procurando um meio de se acomodar às circunstâncias, ou estão procurando, em linguagem psicológica, compensação à falta de coragem para agir em relação aos problemas da Igreja. Como resultado disso, pregam a tolerância e deixam as coisas como estão.
Isso soa como um abandono dos deveres e da responsabilidade. Os adeptos da tolerância religiosa fogem da responsabilidade de punir o pecador, afirmando que o próprio Deus é Quem irá discipliná-lo. Vemos nas Sagradas Escrituras que Cristo foi sempre enérgico e intransigente para com o pecado. Cristo também não foi tolerante com as heresias do Seu tempo. Os pecados e as heresias sempre foram os alvos da intolerância de Cristo.
Admitir a tolerância em Cristo para com o pecado e para com as heresias, é negar a Sua perfeição. Isso faz de Cristo um Ser imperfeito, pois, quem tolera o erro se torna cúmplice do mesmo. Cristo sempre age de acordo com o caráter Divino, e Ele não é contraditório.
Desde o começo da história Deus foi intransigente quanto ao pecado. Quando nossos primeiros pais pecaram, transgredindo o preceito Divino lá no Éden, Deus não os poupou. Eles receberam imediatamente a sanção Divina: foram expulsos. Isso mostra que Deus promulgou a Lei para ser cumprida e não para ficar apenas no papel. A Sua justiça Divina exige a punição do transgressor.
Vemos, mais uma vez, a intransigência Divina contra o pecado ao enviar o dilúvio sobre a Terra para a destruição total dos desobedientes. Vemos isso também na Sua relação com o povo de Israel, com Davi e, como não poderíamos esquecer, com Jonas.
Afirmar que Cristo foi tolerante é desconhecer a Bíblia e, principalmente, os Evangelhos. O Mestre foi enérgico no Seu tratamento com o apóstolo Pedro, censurando-o (Mt 16:21-23). No caso da purificação do templo, que todos nós conhecemos, Cristo parece que não foi muito calmo e paciencioso (Mt 21:12-13; Mc 11:15-17). Cristo expulsou todos os comerciantes que vendiam suas mercadorias no templo. Derrubou suas mesas e as cadeiras. Será que para os pregadores da tolerância, Cristo seria um ranzinza, ou um impiedoso? Pregar a tolerância e tomar Cristo como exemplo é uma verdadeira disparidade e uma fuga da realidade.
O tratamento de Cristo para com os fariseus contradiz os senhores “mensageiros” da tolerância. Em Mateus 23 vemos Jesus censurando energicamente os escribas e fariseus. Jesus os chama de hipócritas, guias cegos, insensatos, serpentes e raças de víboras. Me digam onde está a tolerância de Cristo neste capítulo?
Em mais uma ocasião, em João 8:44, onde Jesus confrontou os fariseus, Ele usou expressões bastante fortes:
"Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira."
Mas nem tudo é intolerância. Há um tipo de tolerância que encontramos em Cristo. Isso está relacionada com a paciência de Cristo para com o pecador sem compartilhar, no entanto, com os seus pecados. Cristo, quando estava agonizando na Cruz, não odiou seus algozes, mas orou: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Jo 23:34). Paciência com pecador não implica em tolerância para com o seu pecado.
Ao contrário do ensinamento de Cristo, algumas Igrejas Evangélicas de hoje estão tolerando demais o pecado. Há Igrejas estão tolerando as imoralidades praticadas dentro das próprias Igrejas. Recentemente (novembro/2009), dois “pastores”, Marcos Gladstone e Fábio Inácio, fundaram uma “igreja evangélica”, a "igreja contemporânea", no Rio de Janeiro há três anos e que já conta com 500 membros. Antes, em 2007, o “pastor” Gladstone já havia celebrado um casamento gay entre um ex-pastor da Igreja Universal, Eduardo Silva, e Paullo Oliveira, filho de um dos mais conhecidos pastores da Assembléia de Deus de Madureira, no Rio. Já na Europa, a Igreja Luterana da Suécia tem a primeira bispa declaradamente lésbica, ordenada recentemente, em novembro de 2009. Citei estes exemplos porque são os mais recentes e dos mais condenáveis aos olhos de Deus (Rm 1:18-32).
A tolerância, à luz da Bíblia, consiste em não sermos precipitados no exercício da disciplina, e darmos oportunidade ao pecador, para que se arrependa. Mas esta oportunidade deve vir acompanhada de uma advertência enérgica contra o seu pecado. É preciso que ele sinta a sua culpa e para isso, é preciso ser chamado à advertência. Mas não é isso que acontece em muitas Igrejas Evangélicas de hoje. Há muita tolerância a determinados indivíduos que são bastante simpáticos, e muita intolerância aos que não são agradáveis. São bonzinhos demais para com alguns, e pesados demais para com outros. É um pecado avassalador tolerar as heresias e as imoralidades dentro da Igreja. A paciência de muitos se transformou em relaxamento. Não existe liberdade, mas libertinagem. Será que a própria existência do modernismo teológico já não é uma conseqüência dessa tolerância? Dizer que um determinado indivíduo é bom, quando é sabido por todos que ele é mau, é incentivar o pecado e abrir as portas para a sua proliferação.
Cristo ensinou a perdoar. Todos nós devemos ter o espírito de perdão. Mas isso não significa tolerar o erro. Tolerando o erro, a Igreja se enfraquece. Não podemos permitir pregações desse calibre em nossos púlpitos. Precisamos ter a natureza intransigente e sermos fechados em relação a qualquer atitude que enfraqueça nossa posição doutrinária tradicional. Precisamos exigir dos nossos seminários e ministros que hajam com mais qualidade e com pensamento de combater as heresias e as imoralidade que, insistentemente, entram nas Igrejas.
Você sabe como reconhecer um herege? Existe uma dica, entre várias, que faz abrir nossos olhos (e ouvidos) para reconhecê-los e quem dá esta dica é James I. Packer:
“Os hereges não chamam as pessoas para se arrependerem de seus pecados. Tudo que você precisa para ser um herege é: acomodar o pecado, tolerar o pecado, abençoar o pecado, sancionar o pecado, desculpar o pecado, não se opor ao pecado. A primeira palavra do Evangelho é: 'arrependam-se'.”
O pecado é muito grave. Tão grave que matou o nosso Senhor Jesus Cristo. Quem não reconhece a gravidade do seu pecado, ou de qualquer pessoa, mostra a sua irrelevância na morte de Cristo. É como se Ele tivesse morrido por algo pequeno demais.
Ensinar a não punição do erro é ir contra a justiça divina e fazer de Jesus um acariciador do pecado. Portanto, o conceito de que Cristo foi tolerante é falso e antibíblico.
Eleitos de Deus.
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