CONSTATANDO A FALTA DE PODER
Por: Rev. Paulo Sergio da Silva
3ª IPB de Barretos / SP
Culto Vespertino 08.08.10
TEXTO BÁSICO
Marcos 9:2-8;14-29
2 Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, Tiago e João e levou-os sós, à parte, a um alto monte. Foi transfigurado diante deles;
3 as suas vestes tornaram-se resplandecentes e sobremodo brancas, como nenhum lavandeiro na terra as poderia alvejar.
4 Apareceu-lhes Elias com Moisés, e estavam falando com Jesus.
5 Então, Pedro, tomando a palavra, disse: Mestre, bom é estarmos aqui e que façamos três tendas: uma será tua, outra, para Moisés, e outra, para Elias.
6 Pois não sabia o que dizer, por estarem eles aterrados.
7 A seguir, veio uma nuvem que os envolveu; e dela uma voz dizia: Este é o meu Filho amado; a ele ouvi.
8 E, de relance, olhando ao redor, a ninguém mais viram com eles, senão Jesus.
14 Quando eles se aproximaram dos discípulos, viram numerosa multidão ao redor e que os escribas discutiam com eles.
15 E logo toda a multidão, ao ver Jesus, tomada de surpresa, correu para ele e o saudava. 16 Então, ele interpelou os escribas: Que é que discutíeis com eles?
17 E um, dentre a multidão, respondeu: Mestre, trouxe-te o meu filho, possesso de um espírito mudo;
18 e este, onde quer que o apanha, lança-o por terra, e ele espuma, rilha os dentes e vai definhando. Roguei a teus discípulos que o expelissem, e eles não puderam.
19 Então, Jesus lhes disse: Ó geração incrédula, até quando estarei convosco? Até quando vos sofrerei? Trazei-mo.
20 E trouxeram-lho; quando ele viu a Jesus, o espírito imediatamente o agitou com violência, e, caindo ele por terra, revolvia-se espumando.
21 Perguntou Jesus ao pai do menino: Há quanto tempo isto lhe sucede? Desde a infância, respondeu;
22 e muitas vezes o tem lançado no fogo e na água, para o matar; mas, se tu podes alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos.
23 Ao que lhe respondeu Jesus: Se podes! Tudo é possível ao que crê.
24 E imediatamente o pai do menino exclamou [com lágrimas]: Eu creio! Ajuda-me na minha falta de fé!
25 Vendo Jesus que a multidão concorria, repreendeu o espírito imundo, dizendo-lhe: Espírito mudo e surdo, eu te ordeno: Sai deste jovem e nunca mais tornes a ele.
26 E ele, clamando e agitando-o muito, saiu, deixando-o como se estivesse morto, a ponto de muitos dizerem: Morreu.
27 Mas Jesus, tomando-o pela mão, o ergueu, e ele se levantou.
28 Quando entrou em casa, os seus discípulos lhe perguntaram em particular: Por que não pudemos nós expulsá-lo?
29 Respondeu-lhes: Esta casta não pode sair senão por meio de oração [e jejum].
INTRODUÇÃO
Hoje é o Dia dos Pais, um dia muito especial para todos nós que somos pais, e de um modo geral, um dia especial também para todos os filhos. Ser pai é uma dádiva, uma bênção. Em nossos dias, ter um pai também é uma grande bênção, haja visto o grandioso número de filhos sem pai nesses dias. Nos dois textos lidos encontramos a figura paterna. No primeiro texto é o Pai Celeste que aparece dizendo “Este é o meu Filho amado...” Um Pai perfeito e um Filho igualmente perfeito. No segundo texto lemos acerca de um outro pai, um pai responsável, amoroso e que cuidava bem de seu filho, mesmo sendo ele um menino atormentado e problemático. Mas um pai imperfeito, que tem dificuldades em crer. Pior ainda é o estado do filho, atormentado pelo diabo estava a beira da morte. Mas Jesus entrou na vida deles, libertou o garoto e o restituiu ao seu pai. Mesmo em sua imperfeição, esse pai alcançou a bênção que tanto buscava.
EXPLICAÇÃO
O segundo Evangelho, Marcos, é mais distinto quanto ao caráter. Rapidez de ação é sua característica principal. Suas narrativas passam rapidamente de um acontecimento para outro. O Evangelho de Marcos tem sido bem chamado por alguns de “o filme do ministério de Jesus”. Vivacidade de detalhes é outra característica notável. Embora Marcos seja o mais breve dos quatro Evangelhos, frequentemente inclui detalhes vividos que não podem ser encontrados nos relatos de Marcos e de Lucas sobre os mesmo acontecimentos. Considerável atenção é dada à aparência e aos gestos de Jesus. (BVN).
ARGUMENTAÇÃO
Como já foi dito, o texto nos relata acerca de do encontro de um pai aflito, e seu filho endemoninhado, com Jesus. Esse encontro foi o que trouxe a transformação e a libertação daquele pobre garoto. Consequentemente o pai também foi abençoado e liberto daquela situação. Foi o poder do Senhor que trouxe o livramento. Assim, o texto, em sua riqueza de detalhes, informações e ensinamentos, nos mostra alguns sinais de quando nos falta o poder necessário para vencermos as diversas barreiras, dificuldades e lutas que a vida nos apresenta. Aprendemos que nos falta poder quando...
1 – SOLICITAMOS A AJUDA DOS HOMENS E NÃO DE DEUS (vs. 18)
Aquele pai procurara nos discípulos de Jesus, e não em Jesus, a libertação que somente Jesus poderia dar. “Roguei a teus discípulos, e eles não puderam”. Certamente, na hora do desespero, ele pediu ajuda àqueles que estavam mais próximos de Jesus, e é isso mesmo que as pessoas fazem. E que bom é quando as pessoas lembram que existe a Igreja, porque a Igreja é a encarregada de levar a mensagem de Cristo (Mc 16:15).
Não que não possamos recorrer aos irmãos, à Igreja, ao pastor, ao Conselho ou à Junta Diaconal. O problema é quando pensamos que os homens tem a solução para os nossos problemas. A solução está em Deus, a Igreja é apenas um instrumento, um canal pelo qual Deus pode abençoar. Portanto, o problema não está em pedir ajuda, mas em não orar, em não buscar a face de Deus, em não se entregar a Ele de todo o seu coração.
A hora da crise e da dor pode ter em si uma grande lição: nos aproximar de Deus. Aprendamos a lição! Confiemos somente em Deus, só Ele pode nos abençoar, só Ele tem a solução para os nossos problemas.
2 – AGIMOS SEM FÉ (vs. 22-24)
Aquele pai era um homem simples e em sua simplicidade disse a Jesus “SE Tu podes...” Muitas vezes oramos com essa mesma disposição de mente e de coração, o “se” é tão pequeno, são só duas letrinhas, mas que podem gerar tanta insegurança e incredulidade. A fé não tem “se”, para quem crê há segurança, tranqüilidade e paz, porque sabemos que podemos confiar nEle.
A resposta de Jesus foi contundente: “Tudo é possível ao que crê”. Como se dissesse: “a questão não é se Eu posso, mas se você crê”. Vivemos hoje um dilema por causa dos segmentos que pregam a teologia da prosperidade e o triunfalismo. De fato, esses movimentos confundem as pessoas, mas não podemos permitir que tais heresias nos afastem da fé bíblica. Cremos um Deus que tudo pode fazer, Ele é o Deus dos impossíveis (Lc 18:27), e nada pode deter a sua mão (Is 43:13). Se for da Sua vontade nada poderá impedi-Lo de agir (Tg 4:15).
Em vista disso tudo aquele pai exclamou chorando: “Eu creio, ajuda-me na minha falta de fé”. Que grandiosa lição temos aqui: muitas vezes a nossa fé é pequena, e precisamos pedir a Deus que nos ajude em nossa falta de fé. Ele tanto foi ajudado pelo Senhor Jesus que libertou seu filho daqueles demônios que o afligiam.
3 – EXISTE PERVERSIDADE (vs. 19)
Nos textos paralelos de Mt 17:17 e Lc 9:41 aparece o termo em grego “diastrepho” que traduzido significa “torcer no coração”, uma forma de descrever a perversidade humana. Certamente todos somos pecadores e é essa nossa pecaminosidade que faz-nos duvidar do poder e do amor de Deus, especialmente quando somos provados pela dor, pelos problemas e dificuldades. A expressão de Jesus é uma dura repreensão, ser chamado de perverso certamente era algo muito duro de escutar, ainda mais em público. Mas Jesus, com toda a Sua autoridade e onisciência os repreendeu. Mas é para o nosso bem que somos repreendidos e exortados pelo Senhor.
A proliferação e o domínio dessa perversidade proveniente do coração (Mt 15:19) é um demonstrativo claro e inequívoco de nossa falta de poder, pois o poder de Deus traz consigo, antes de quaisquer outros sinais, a purificação de nosso próprio coração.
O evangelicalismo moderno está repleto de exemplos de pessoas que se dizem cheios do Espírito e do poder de Deus, mas que no entanto praticam pecados dos mais esdrúxulos. Alguns chegam a cometer crimes como: tráfico de armas, desvio de dinheiro público e das igrejas, abuso, pedofilia, etc. Desses aqui citados já fui testemunha ou tive notícia de fontes seguras! Outros até já foram presos. Isso para não falar dos pecados morais, alguns dos quais já são considerados “normais” pela sociedade e até “toleráveis” por diversas igrejas, como adultério, fornicação. Isso prova que o que havia na vida deles não era de modo algum o poder de Deus, pois o poder que vem de Deus nos liberta da perversidade, nos torna mais puros e santos, separados para Deus.
4 – HÁ FALTA DE ORAÇÃO (vs. 29)
Olhando por esse ângulo, a igreja moderna está muito, mas muito fraca mesmo! Falta-nos o poder que vem de Deus para vencermos os ardis e as armadilhas do inimigo. Como é fácil encher uma Igreja quando há comida e bebida, festa e diversão. Mas quando o assunto é a oração (e o estudo sério das Escrituras) a coisa muda de figura. São poucos os que “tem tempo” para essas coisas. Na verdade muitos têm tempo, mas falta-lhes priorizar a oração, a Bíblia Sagrada e a Igreja, pois é na Igreja que nos reunimos.
Não somos juízes e nem quero tornar-me um “moderno fariseu” que fica julgando, criticando e apontando o dedo. Mas não podemos também nos calar diante da calamidade. Exortamos em amor e com zelo, para que haja alguma mudança, o que não podemos é continuar como estamos: uma Igreja fraca em termos de oração, uma Igreja sem poder.
A Igreja Primitiva não tinha prata e ouro, mas eram cheios do poder de Deus (At 3:6). A Igreja moderna até tem recursos, mas falta-lhe o genuíno poder que vem do Senhor. Não cremos mais em milagres? Não cremos mais na existência do diabo? A tentação não é mais uma realidade? O mundo entrou na Igreja trazendo consigo a podridão e o desânimo? Falta-nos poder! Precisamos desse poder para sermos uma Igreja vencedora, uma Igreja vitoriosa.
JEJUM
No texto citado o Senhor fala também acerca do jejum. O que se dizer acerca disso quando temos dificuldade em praticarmos o básico? Aprendemos que o jejum não é imposto, compulsório (assim como tudo na vida cristã), mas deve ser espontâneo. A Igreja pode ser convocada a jejuar em tempos de crise, como os tempos modernos. Portanto, faremos bem se jejuarmos com uma certa freqüência. Um bom começo é o jejum de 12 horas, de 00:00 hs até as 12:00 hs do dia seguinte. Nesse período deve-se buscar mais a presença de Deus em oração e leitura da Bíblia. Levante meia hora mais cedo nesse dia, antes de sair para o trabalho, ou para a escola, e tenha o seu momento com Deus. No início o nosso corpo vai estranhar a falta do café da manhã, nesse caso não vejo problema em beber-se água a vontade. A santificação é essencial. Cuidado como orgulho espiritual, não jejue para parecer aos homens que você está de jejum (Mt 6:16-18), jejue em secreto com Deus. Lave o rosto, os homens façam a barba, penteie-se, e uma outra recomendação é bochechar água com pasta de dentes por causa do mau hálito proveniente da falta de alimentação. Quando for orar antes do almoço, ore em silêncio e diga ao Senhor o motivo do seu jejum, e entregue o seu jejum nessa oração. Em seguida alimente-se normalmente. Aprendi em minha caminhada que o jejum tem em si um poder tremendo para vencermos lutas espirituais e nos fortalecermos na vida de oração. Em diversas situações de confrontação com pessoas endemoninhadas, como foi no caso do texto citado, também vemos o poder que nos é concedido pelo Pai Celestial quando jejuamos.
CONCLUSÃO
A Igreja moderna passa por um tempo de esfriamento espiritual, conforme está profetizado em Mt 24:12 e 1 Tm 4:1. Falta-nos muito do poder de Deus para realizarmos a obra do Senhor. Essa obra só pode ser realizada de modo eficaz se a fizermos no poder do Senhor.
Vivemos num tempo de tanta incredulidade, pecaminosidade, esfriamento da fé, da comunhão, do amor, e para complicar vemos atualmente um tipo de manifestação de “poder” que não tem base bíblica, tanto por suas expressões, quanto pelo caráter de seus proponentes.
Precisamos do poder de Deus para sermos fiéis a Deus, para vencermos o pecado, as tentações, o mundo e o diabo. Precisamos do poder de Deus para permanecer firmes no caminho, na Igreja, na comunhão dos santos. Precisamos do poder de Deus para sermos Igreja e realizarmos a obra para a qual o Senhor nos designou.
Que possamos buscar esse poder, em Deus somente, com fé, em santificação e em oração e jejum. Esse é o método bíblico, essa é a estratégia de Cristo.
S.D.G.
Material de apoio: A Bíblia Vida Nova.
3ª IPB de Barretos / SP
Culto Vespertino 08.08.10
TEXTO BÁSICO
Marcos 9:2-8;14-29
2 Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, Tiago e João e levou-os sós, à parte, a um alto monte. Foi transfigurado diante deles;
3 as suas vestes tornaram-se resplandecentes e sobremodo brancas, como nenhum lavandeiro na terra as poderia alvejar.
4 Apareceu-lhes Elias com Moisés, e estavam falando com Jesus.
5 Então, Pedro, tomando a palavra, disse: Mestre, bom é estarmos aqui e que façamos três tendas: uma será tua, outra, para Moisés, e outra, para Elias.
6 Pois não sabia o que dizer, por estarem eles aterrados.
7 A seguir, veio uma nuvem que os envolveu; e dela uma voz dizia: Este é o meu Filho amado; a ele ouvi.
8 E, de relance, olhando ao redor, a ninguém mais viram com eles, senão Jesus.
14 Quando eles se aproximaram dos discípulos, viram numerosa multidão ao redor e que os escribas discutiam com eles.
15 E logo toda a multidão, ao ver Jesus, tomada de surpresa, correu para ele e o saudava. 16 Então, ele interpelou os escribas: Que é que discutíeis com eles?
17 E um, dentre a multidão, respondeu: Mestre, trouxe-te o meu filho, possesso de um espírito mudo;
18 e este, onde quer que o apanha, lança-o por terra, e ele espuma, rilha os dentes e vai definhando. Roguei a teus discípulos que o expelissem, e eles não puderam.
19 Então, Jesus lhes disse: Ó geração incrédula, até quando estarei convosco? Até quando vos sofrerei? Trazei-mo.
20 E trouxeram-lho; quando ele viu a Jesus, o espírito imediatamente o agitou com violência, e, caindo ele por terra, revolvia-se espumando.
21 Perguntou Jesus ao pai do menino: Há quanto tempo isto lhe sucede? Desde a infância, respondeu;
22 e muitas vezes o tem lançado no fogo e na água, para o matar; mas, se tu podes alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos.
23 Ao que lhe respondeu Jesus: Se podes! Tudo é possível ao que crê.
24 E imediatamente o pai do menino exclamou [com lágrimas]: Eu creio! Ajuda-me na minha falta de fé!
25 Vendo Jesus que a multidão concorria, repreendeu o espírito imundo, dizendo-lhe: Espírito mudo e surdo, eu te ordeno: Sai deste jovem e nunca mais tornes a ele.
26 E ele, clamando e agitando-o muito, saiu, deixando-o como se estivesse morto, a ponto de muitos dizerem: Morreu.
27 Mas Jesus, tomando-o pela mão, o ergueu, e ele se levantou.
28 Quando entrou em casa, os seus discípulos lhe perguntaram em particular: Por que não pudemos nós expulsá-lo?
29 Respondeu-lhes: Esta casta não pode sair senão por meio de oração [e jejum].
INTRODUÇÃO
Hoje é o Dia dos Pais, um dia muito especial para todos nós que somos pais, e de um modo geral, um dia especial também para todos os filhos. Ser pai é uma dádiva, uma bênção. Em nossos dias, ter um pai também é uma grande bênção, haja visto o grandioso número de filhos sem pai nesses dias. Nos dois textos lidos encontramos a figura paterna. No primeiro texto é o Pai Celeste que aparece dizendo “Este é o meu Filho amado...” Um Pai perfeito e um Filho igualmente perfeito. No segundo texto lemos acerca de um outro pai, um pai responsável, amoroso e que cuidava bem de seu filho, mesmo sendo ele um menino atormentado e problemático. Mas um pai imperfeito, que tem dificuldades em crer. Pior ainda é o estado do filho, atormentado pelo diabo estava a beira da morte. Mas Jesus entrou na vida deles, libertou o garoto e o restituiu ao seu pai. Mesmo em sua imperfeição, esse pai alcançou a bênção que tanto buscava.
EXPLICAÇÃO
O segundo Evangelho, Marcos, é mais distinto quanto ao caráter. Rapidez de ação é sua característica principal. Suas narrativas passam rapidamente de um acontecimento para outro. O Evangelho de Marcos tem sido bem chamado por alguns de “o filme do ministério de Jesus”. Vivacidade de detalhes é outra característica notável. Embora Marcos seja o mais breve dos quatro Evangelhos, frequentemente inclui detalhes vividos que não podem ser encontrados nos relatos de Marcos e de Lucas sobre os mesmo acontecimentos. Considerável atenção é dada à aparência e aos gestos de Jesus. (BVN).
ARGUMENTAÇÃO
Como já foi dito, o texto nos relata acerca de do encontro de um pai aflito, e seu filho endemoninhado, com Jesus. Esse encontro foi o que trouxe a transformação e a libertação daquele pobre garoto. Consequentemente o pai também foi abençoado e liberto daquela situação. Foi o poder do Senhor que trouxe o livramento. Assim, o texto, em sua riqueza de detalhes, informações e ensinamentos, nos mostra alguns sinais de quando nos falta o poder necessário para vencermos as diversas barreiras, dificuldades e lutas que a vida nos apresenta. Aprendemos que nos falta poder quando...
1 – SOLICITAMOS A AJUDA DOS HOMENS E NÃO DE DEUS (vs. 18)
Aquele pai procurara nos discípulos de Jesus, e não em Jesus, a libertação que somente Jesus poderia dar. “Roguei a teus discípulos, e eles não puderam”. Certamente, na hora do desespero, ele pediu ajuda àqueles que estavam mais próximos de Jesus, e é isso mesmo que as pessoas fazem. E que bom é quando as pessoas lembram que existe a Igreja, porque a Igreja é a encarregada de levar a mensagem de Cristo (Mc 16:15).
Não que não possamos recorrer aos irmãos, à Igreja, ao pastor, ao Conselho ou à Junta Diaconal. O problema é quando pensamos que os homens tem a solução para os nossos problemas. A solução está em Deus, a Igreja é apenas um instrumento, um canal pelo qual Deus pode abençoar. Portanto, o problema não está em pedir ajuda, mas em não orar, em não buscar a face de Deus, em não se entregar a Ele de todo o seu coração.
A hora da crise e da dor pode ter em si uma grande lição: nos aproximar de Deus. Aprendamos a lição! Confiemos somente em Deus, só Ele pode nos abençoar, só Ele tem a solução para os nossos problemas.
2 – AGIMOS SEM FÉ (vs. 22-24)
Aquele pai era um homem simples e em sua simplicidade disse a Jesus “SE Tu podes...” Muitas vezes oramos com essa mesma disposição de mente e de coração, o “se” é tão pequeno, são só duas letrinhas, mas que podem gerar tanta insegurança e incredulidade. A fé não tem “se”, para quem crê há segurança, tranqüilidade e paz, porque sabemos que podemos confiar nEle.
A resposta de Jesus foi contundente: “Tudo é possível ao que crê”. Como se dissesse: “a questão não é se Eu posso, mas se você crê”. Vivemos hoje um dilema por causa dos segmentos que pregam a teologia da prosperidade e o triunfalismo. De fato, esses movimentos confundem as pessoas, mas não podemos permitir que tais heresias nos afastem da fé bíblica. Cremos um Deus que tudo pode fazer, Ele é o Deus dos impossíveis (Lc 18:27), e nada pode deter a sua mão (Is 43:13). Se for da Sua vontade nada poderá impedi-Lo de agir (Tg 4:15).
Em vista disso tudo aquele pai exclamou chorando: “Eu creio, ajuda-me na minha falta de fé”. Que grandiosa lição temos aqui: muitas vezes a nossa fé é pequena, e precisamos pedir a Deus que nos ajude em nossa falta de fé. Ele tanto foi ajudado pelo Senhor Jesus que libertou seu filho daqueles demônios que o afligiam.
3 – EXISTE PERVERSIDADE (vs. 19)
Nos textos paralelos de Mt 17:17 e Lc 9:41 aparece o termo em grego “diastrepho” que traduzido significa “torcer no coração”, uma forma de descrever a perversidade humana. Certamente todos somos pecadores e é essa nossa pecaminosidade que faz-nos duvidar do poder e do amor de Deus, especialmente quando somos provados pela dor, pelos problemas e dificuldades. A expressão de Jesus é uma dura repreensão, ser chamado de perverso certamente era algo muito duro de escutar, ainda mais em público. Mas Jesus, com toda a Sua autoridade e onisciência os repreendeu. Mas é para o nosso bem que somos repreendidos e exortados pelo Senhor.
A proliferação e o domínio dessa perversidade proveniente do coração (Mt 15:19) é um demonstrativo claro e inequívoco de nossa falta de poder, pois o poder de Deus traz consigo, antes de quaisquer outros sinais, a purificação de nosso próprio coração.
O evangelicalismo moderno está repleto de exemplos de pessoas que se dizem cheios do Espírito e do poder de Deus, mas que no entanto praticam pecados dos mais esdrúxulos. Alguns chegam a cometer crimes como: tráfico de armas, desvio de dinheiro público e das igrejas, abuso, pedofilia, etc. Desses aqui citados já fui testemunha ou tive notícia de fontes seguras! Outros até já foram presos. Isso para não falar dos pecados morais, alguns dos quais já são considerados “normais” pela sociedade e até “toleráveis” por diversas igrejas, como adultério, fornicação. Isso prova que o que havia na vida deles não era de modo algum o poder de Deus, pois o poder que vem de Deus nos liberta da perversidade, nos torna mais puros e santos, separados para Deus.
4 – HÁ FALTA DE ORAÇÃO (vs. 29)
Olhando por esse ângulo, a igreja moderna está muito, mas muito fraca mesmo! Falta-nos o poder que vem de Deus para vencermos os ardis e as armadilhas do inimigo. Como é fácil encher uma Igreja quando há comida e bebida, festa e diversão. Mas quando o assunto é a oração (e o estudo sério das Escrituras) a coisa muda de figura. São poucos os que “tem tempo” para essas coisas. Na verdade muitos têm tempo, mas falta-lhes priorizar a oração, a Bíblia Sagrada e a Igreja, pois é na Igreja que nos reunimos.
Não somos juízes e nem quero tornar-me um “moderno fariseu” que fica julgando, criticando e apontando o dedo. Mas não podemos também nos calar diante da calamidade. Exortamos em amor e com zelo, para que haja alguma mudança, o que não podemos é continuar como estamos: uma Igreja fraca em termos de oração, uma Igreja sem poder.
A Igreja Primitiva não tinha prata e ouro, mas eram cheios do poder de Deus (At 3:6). A Igreja moderna até tem recursos, mas falta-lhe o genuíno poder que vem do Senhor. Não cremos mais em milagres? Não cremos mais na existência do diabo? A tentação não é mais uma realidade? O mundo entrou na Igreja trazendo consigo a podridão e o desânimo? Falta-nos poder! Precisamos desse poder para sermos uma Igreja vencedora, uma Igreja vitoriosa.
JEJUM
No texto citado o Senhor fala também acerca do jejum. O que se dizer acerca disso quando temos dificuldade em praticarmos o básico? Aprendemos que o jejum não é imposto, compulsório (assim como tudo na vida cristã), mas deve ser espontâneo. A Igreja pode ser convocada a jejuar em tempos de crise, como os tempos modernos. Portanto, faremos bem se jejuarmos com uma certa freqüência. Um bom começo é o jejum de 12 horas, de 00:00 hs até as 12:00 hs do dia seguinte. Nesse período deve-se buscar mais a presença de Deus em oração e leitura da Bíblia. Levante meia hora mais cedo nesse dia, antes de sair para o trabalho, ou para a escola, e tenha o seu momento com Deus. No início o nosso corpo vai estranhar a falta do café da manhã, nesse caso não vejo problema em beber-se água a vontade. A santificação é essencial. Cuidado como orgulho espiritual, não jejue para parecer aos homens que você está de jejum (Mt 6:16-18), jejue em secreto com Deus. Lave o rosto, os homens façam a barba, penteie-se, e uma outra recomendação é bochechar água com pasta de dentes por causa do mau hálito proveniente da falta de alimentação. Quando for orar antes do almoço, ore em silêncio e diga ao Senhor o motivo do seu jejum, e entregue o seu jejum nessa oração. Em seguida alimente-se normalmente. Aprendi em minha caminhada que o jejum tem em si um poder tremendo para vencermos lutas espirituais e nos fortalecermos na vida de oração. Em diversas situações de confrontação com pessoas endemoninhadas, como foi no caso do texto citado, também vemos o poder que nos é concedido pelo Pai Celestial quando jejuamos.
CONCLUSÃO
A Igreja moderna passa por um tempo de esfriamento espiritual, conforme está profetizado em Mt 24:12 e 1 Tm 4:1. Falta-nos muito do poder de Deus para realizarmos a obra do Senhor. Essa obra só pode ser realizada de modo eficaz se a fizermos no poder do Senhor.
Vivemos num tempo de tanta incredulidade, pecaminosidade, esfriamento da fé, da comunhão, do amor, e para complicar vemos atualmente um tipo de manifestação de “poder” que não tem base bíblica, tanto por suas expressões, quanto pelo caráter de seus proponentes.
Precisamos do poder de Deus para sermos fiéis a Deus, para vencermos o pecado, as tentações, o mundo e o diabo. Precisamos do poder de Deus para permanecer firmes no caminho, na Igreja, na comunhão dos santos. Precisamos do poder de Deus para sermos Igreja e realizarmos a obra para a qual o Senhor nos designou.
Que possamos buscar esse poder, em Deus somente, com fé, em santificação e em oração e jejum. Esse é o método bíblico, essa é a estratégia de Cristo.
S.D.G.
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