O Breve Catecismo - Obras da Providência
Pergunta 11: “Quais são as obras da providência de Deus?”
Resposta: “As obras da providência de Deus são a Sua maneira muito santa (Sl 145:17), sábia (Sl 104:24) e poderosa de preservar (Hb 1:3) e governar todas as Suas criaturas, e todas as ações delas”(Mt 10:29-30; Sl 103:19; Jó 38-41).
CRIAÇÃO BOA E BENIGNA
“Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom”. No campo estritamente biofísico não há malignidade. Os seres que vivem de vegetais (folhas, sementes e fibras lenhosas); os que vivem de outros seres vivos; os que se alimentam de seres mortos e de matéria orgânica decomposta ou em processo de decomposição não o fazem movidos por impulsos malévolos, mas simplesmente por necessidade de manutenção e preservação individual e da espécie. Tanto as plantas como os animais carnívoros, os macros e os microorgânicos, são bons por natureza; não matam por ódio, por vingança, por inveja. Não são criminosos passionais, delinquentes periculosos ou belicosos conscientes, mas agem conforme a lei natural da sobrevivência e segundo a ordem da criação. Uns são dotados de físico e de armas adequados à caça; outros são equipados com mecanismos de fuga, de camuflagem, de defesa e de contra ataque como, por exemplo, espinhos, urticárias, venenos, colonialismo, carapaças, chifres, percepção aguda de perigos, vigilância, velocidade na fuga. Para cada instrumento natural de ataque há, do outro lado, o correspondente mecanismo de defesa. Isso dificulta a caça e, em consequência, preserva o equilíbrio ecológico no ambiente não alterado pelo homem. Além do mais, Deus organizou a flora e a fauna de tal maneira que os maiores consumidores reproduzem-se menos que os menores e mais consumidos. Então, na cadeia alimentar vegetal e animal, as imensas árvores, os grandes quadrúpedes e os poderosos predadores reproduzem-se menos que as gramíneas, as forragens, os arbustos, as raízes, os bulbos, os tubérculos, os pequenos mamíferos, os répteis, as aves e os insetos. O mesmo acontece na biofísica aquática. Desta maneira, e na ordem natural, o provimento alimentar se mantém para todos os seres vivos. A sequóia e o jequitibá exigem quantidades enormes de nutrientes, mas a reprodução é muito menor que o da vegetação rasteira, responsável pela camada orgânica, o humos do solo.
Os elefantes, grandes consumidores de vegetais, e os leões, poderosos carnívoros, são fracos em poder reprodutor. Deus, pelo prato geral da natureza, alimenta as árvores frondosas e os lírios do campo; sustenta os gigantes paquidermes e os enormes felinos tanto quanto nutre os colibris, os pardais e os ínfimos insetos. Deus fez todos os seres, mantém-nos e deles cuida com extremado zelo e incomparável eficácia. Na ordem natural não há crueldade, perversão, brutalidade, ganância desenfreada; há preservação e perpetuação das espécies pelo recurso da alimentação, da defesa, da fuga, do disfarce, da reprodução e da adaptação ao meio ambiente. Tudo que Deus criou é muito bom, bem dirigido e corretamente preservado. Por exemplo: o impulso gregário e associativo do búfalo, responsável pela preservação da colônia, assim como as táticas de caça dos leões, capazes de isolar um deles e capturá-lo, são instintos dotados pelo Criador, que permitem a existência do felino e a permanência da manada desses bois selvagens. A obra da criação é maravilhosa, providencialmente alimentada e preservada, quando em seu estado natural, sem a interferência do homem.
MORTE, PROVIDÊNCIA NATURAL
Todos os organismos vivos, vegetais e animais, precisam morrer para:
- Serem reincorporados à terra de onde procederam e para a qual se destinam.
- Manterem a camada fértil do solo, rica em microrganismos, indispensável à sobrevivência de todos os seres vivos atuais, emergentes e por emergirem.
- Darem lugar aos novos seres em sucessivas gerações cada vez mais adaptadas às circunstâncias ambientais, mais resistentes, portanto, aos novos desafios.
O nascimento e a morte dos seres são providenciais para a manutenção do equilíbrio ecológico entre as espécies vivas. A putrefação e a decomposição dos mortos não são, no fundo, coisas nojentas ou execráveis, mas a preparação do cardápio para os vegetais, e estes, fontes alimentícias, pelo sistema de “self service”, para todos os animais superiores e inferiores.
(Comentários do Pr. Onézio Figueiredo).
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