O EXERCÍCIO PIEDOSO DA PATERNIDADE - PARTE 1
Por: Rev. Paulo Sergio da Silva
IPB de Vila Gerti, S.C.Sul / SP
Culto de Louvor 05.05.13 - pontos 1 e 2
TEXTO BÁSICO - MARCOS 9:14-29
INTRODUÇÃO
A crise da família tem origem em sua falta de estrutura. Famílias sem fundamento e sem estrutura geram filhos problemáticos. O triste quadro de um país rico e belo como o Brasil tem sido manchado pelo consumo incontrolável do álcool, aumento de dependentes químicos, tráfico de drogas, violência, etc. Muitos dos que têm autoridade e deveriam ser os defensores da verdade, moral e bons costumes, estão comprometidos e sem moral ou respeito. E as famílias?
Nos lares não é diferente... São pais que reclamam que seus filhos dão trabalho, mas muitos deles mesmos não dão bom exemplo dentro de casa. Sutilmente a mentira, o engano, a corrupção, o mundanismo invade os lares, destrói famílias, separa casais, tira os jovens e adolescentes da Igreja, trazem permissividade, sexualidade precoce, o pecado, maus costumes. Tudo isso ocorre por falta de estrutura cristã.
Se estamos em um mundo falido e em processo avançado de auto-destruição, deveríamos no mínimo nos precaver e viver dentro dos princípios do Evangelho. Mas é grande o número de crentes nominais, que dentro da Igreja encantam-se com a doutrina e a teologia, com os hinos e louvores, mas em casa NÃO LIGAM para o pecado. Seja na forma de palavrões e cenas de sexo em filmes e novelas, que são ENGOLIDOS sem restrições até diante de crianças, seja na forma de músicas que fazem apologia ao álcool, às farras e orgias, etc. Além disso, há aqueles pais que eles mesmos praticam tais males em suas casas. Que tipo de geração há de se esperar daqui a 10 ou 20 anos? Que futuro você está arquitetando para seus filhos? Que tipo de família e Igreja seremos daqui a algumas décadas?
EXPLICAÇÃO
A Bíblia nos mostra um pai anônimo, alguém de quem Deus não quis revelar o nome, procedência, família, etc., visto que Deus é o autor da Bíblia. Esse pai muito nos ensina através de sua atitude amorosa e responsável diante de um quadro muito triste e desesperador pelo qual seu filho passava. E quando um filho (a) está em crise, a família toda passa por essa crise JUNTOS.
Todos temos problemas, mas essa família vivia um problema muito difícil de resolver, humanamente falando sem solução. Como num filme de horror, imaginamos esse menino terrivelmente possuído por satanás, apavorando não somente a seu pai, mas a todos ali, deixando até os discípulos sem ação (vs.17-18,22a). Só havia um meio, uma pessoa que poderia resolver aquela situação dramática: O SENHOR JESUS CRISTO!
ARGUMENTAÇÃO
Como enfrentamos as crises nos nossos lares? E como reagimos diante dos problemas que nossos filhos enfrentam? O modo como agirmos definirá que tipo de pais nós somos. As atitudes desse homem diante de sua crise nos ensinam como agir diante das crises familiares. Que atitudes são essas?
1 – LEVAR OS FILHOS A CRISTO
“Mestre, trouxe-Te meu filho...” (vs.17b)
Leve seus problemas a Jesus. Aquele pai, em seu desespero fez a coisa mais certa: procurou ao Senhor Jesus. É isso que devemos fazer: falar com o Senhor Jesus ao invés de ficar murmurando contra tudo e todos. Como Jesus não estava presente naquele momento porque Ele tinha subido ao monte para orar com Pedro Tiago e João (vs.2). Os discípulos tentaram resolver o problema, mas não conseguiram expulsar o demônio que estava no menino (18b) porque não estavam preparados devidamente para aquela batalha espiritual (29). Devemos sempre levar nossos filhos a Cristo, e isso se cumpre em dois aspectos: ORAÇÃO e VIDA ECLESIÁSTICA.
1.1 - ORAÇÃO
A oração é o meio pelo qual entramos na presença de Deus. Diante de Seu trono santo nossas orações são ouvidas e atendidas de acordo com Sua vontade. Orar é falar com Deus, é falar com Jesus, é pedia ajuda do alto. Aquele pai falou com Jesus acerca de seu filho, apresentando seu filho a Deus ele estava buscando a Sua ajuda.
Aqui aprendemos duas lições muito importantes.
1.1.1 – A realidade da batalha espiritual
Precisamos nos conscientizar que muitos problemas pelos quais passamos podem ser armadilhas e ataques do inimigo. Existe uma guerra terrível acontecendo a cada momento, e ninguém está totalmente imune aos ataques do inimigo. Ele é astuto e age de diversas maneiras tentando nos afastar do Senhor e da Igreja. A Igreja é o Corpo de Cristo, e é na Igreja que o Senhor derrama as Suas bênçãos e vida para sempre (Sl 133:3b). O método para vencermos os ataques do diabo é através de uma vida de observância da Palavra de Deus, santificação, oração, e se necessário for, com períodos intercalados de jejum.
Não podemos dar lugar (brechas) para o diabo, a ordem e a promessa de Deus é para resistirmos firmes na fé, e o diabo fugirá de nós (Tg 4:7). Infelizmente o que vemos é o total despreparo de dezenas de crentes. Muito cuidado!
“Nem deis lugar ao diabo.” Efésios 4:27.
“Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.” Tiago 4:7.
1.1.2 – Cristo é a solução!
Busquemos a solução correta. Muitas vezes pessoas estão passando por problemas terríveis e procuram todo tipo de ajuda, menos Jesus. Vão ao médico, mas não ao Médico dos médicos. Vão ao advogado, mas não ao Advogado dos advogados. Ao juiz, mas não ao Juiz dos juízes. Aos psicólogos, mas não ao Psicólogo dos psicólogos. Aos mestres, mas não ao Mestre dos mestres. E assim procuram soluções sem buscar em primeiro lugar e sempre, a ajuda de Deus. Fazem todo tipo de tratamentos, consultas, terapias, etc.; mas não oram, não buscam a Deus. Parece que não crêem que Ele possa resolver alguma coisa. Alguns até partem para o “vamos ver”, as “vias de fato”, brigam, discutem, “vão para o braço”, partem para a ignorância. Outros se envolvem com coisas ilícitas, desonestas, corrompem-se e ainda tem a “cara de pau” de orar pedindo que o Senhor abençoe. Como Deus vai abençoar se estivermos agindo contrariamente à Sua vontade? Certamente Deus é misericordioso, mas não tente a Deus porque Ele é justo, e é fogo consumidor! (Dt 6:16; Lc 4:12; Hb 12:29).
Tantas tentativas e estratégias... Mas nada disso resolve nossos problemas. São paliativos diante da realidade dos problemas que nos assolam. Assim como os discípulos, tais estratégias e tentativas não mudam nada. Precisamos de Jesus! Ele É a solução real para quaisquer problemas que possamos enfrentar, seja no casamento, na família em geral, na vida profissional e financeira, jurídica, o que for!
Infelizmente, para muitos, hoje em dia, parece que Jesus é só uma teoria, alguém que não tem ingerência alguma sobre os problemas de suas vidas. Porque se fosse diferente certamente eles haveriam de busca-Lo, assim como fez aquele pai. E o Senhor deixa que eles sigam o curso de suas vidas. “...aos que me honram, honrarei, porém os que me desprezam serão desmerecidos.” 1 Samuel 2:30b.
A vontade de Deus é que O busquemos.
“Buscai o SENHOR e o Seu poder, buscai perpetuamente a Sua presença.” 1 Cr 16:11; Sl 105:4.
“Buscai o SENHOR enquanto se pode achar, invocai-O enquanto está perto.” Isaías 55:6
“Pois assim diz o SENHOR à casa de Israel: Buscai-Me e vivei.” Amós 5:4.
“Buscar-Me-eis e Me achareis quando Me buscardes de todo o vosso coração.” Jr 29:13.
Levar os problemas a Jesus e o Seu poder é uma atitude de fé e obediência. Faça isso em oração, não despreze a mão amorosa do Senhor, busque-O perpetuamente, creia nEle, invoque-O enquanto Ele está perto, Ele é a fonte de vida, leve os problemas aos pés do Senhor. Mas busque-O de TODO o seu coração!
1.2 - VIDA ECLESIÁSTICA
Levar os filhos à Igreja é levar os filhos a Cristo. Jesus disse: “Deixar vir a Mim os pequeninos, não os impeçais...” A Igreja é o Corpo de Cristo, deixar de levar os filhos à Casa de Deus constitui um erro grave. Há pais que levam seus filhos de vez em quando aos trabalhos da Igreja. Qual é a importância que temos dado a essa questão? Em um tempo onde há tantas atividades a serem realizadas, certamente teremos que abrir mão de algo, cedo ou tarde, para não faltarmos da Escola Bíblica Dominical, ou do Culto de Louvor, ou das reuniões de departamentos, cultos evangelísticos, etc. É aí que as coisas os opiniões divergem, pois há famílias que comparecem apenas uma vez por semana na Igreja. Se vão aos domingos de manhã, já não comparecem à noite, ou vice-versa; e há aqueles que aparecem na Igreja uma ou duas vezes ao mês...
Cada um sabe de suas dificuldades, mas aos pais cabe a tarefa de levar seus filhos a Cristo, e não impedi-los ou atrapalhar a obra que o Senhor quer fazer em seus corações.
Algumas situações que alguns pais justificam para não irem à Casa de Deus:
• Excesso de trabalho – estou muito cansado, prefiro ir ao shopping;
• Filhos pequenos – eles dão muito trabalho, não aguento segurar criança;
• Fase das decisões – meus filhos não querem ir à Igreja, não posso forçar;
• Crise no casamento – não vou à Igreja, estamos em crise...
Parece piada, mas tudo isso é argumentação que vários pais usam para não ir à Igreja, e consequentemente seus filhos também não vão. Ficam em casa vendo TV, ou vão passear. Enquanto isso o povo de Deus está reunido, orando por eles. Infelizmente muitos filhos não vão à Igreja por culpa de seus pais que não se preocupam, que talvez sejam fracos na fé, ou até não sejam verdadeiramente convertidos a Cristo.
Incrivelmente, há muitos filhos cujos pais não são crentes e que não perdem nenhum trabalho.
2 – CUIDADO, ZELO
“Perguntou Jesus ao pai do menino: Há quanto tempo isso sucede? Desde a infância, respondeu.” (Vs.21).
Esse era um pai que cuidava de seu filho. A pergunta de Jesus foi didática, pois Ele sabe todas as coisas. Ele sabia que o menino tinha esse problema desde a infância, o que nos faz imaginar que se tratava de um jovem, ou adolescente. Vemos aqui um pai que sofreu, mas não desistiu. Eu fico imaginando o sofrimento desse pai vendo seu filhinho sofrer sem poder resolver o problema. Os anos se passavam, seu filho foi crescendo, sempre com aquelas manifestações, mas seu pai não o abandonou, não desistiu dele. Essa é a grande lição que aprendemos com esse personagem bíblico.
E é exatamente assim que Deus age conosco, Ele nunca desiste de nós apesar de nossos pecados, apesar de nossas fraquezas. Ele enviou o Seu Filho Unigênito para nos salvar. Ele cuida de nós, não nos deixa faltar nada! Até mesmo quando estamos fracos ou descaídos, Ele nos levanta. Se estivermos desanimados, Ele é a nossa força. Se feridos Ele nos cura; quando famintos Ele é nosso pão; quando no deserto Ele é a nossa sombra e a nossa água. Deus sempre cuida de nós!
Não importa o que você está passando, SUPORTE AS ADVERSIDADES O TEMPO QUE FOR NECESSÁRIO! Jamais se esqueça que Deus, nosso pai Celestial, jamais falhou conosco, e sempre cuida de nós. Quantos pais e mães abandonaram seus filhos e seus lares assim que surgiram os problemas. Quantos estão presentes em casa, mas os abandonaram emocionalmente e espiritualmente. Cuidemos com carinho de nossos filhos. E cuidemos também de nossos irmãos, sobrinhos, primos, netos... Pais, tios, avós... Pratiquemos também na Igreja esse cuidado mútuo. De graça recebestes, de graça dai (Mt 10:8b).
Cuidar não é só afagar, mas é também exortar, chamar a atenção, aconselhar, avisar do perigo, disciplinar, afastar das más companhias, orientar, observar, resistir, persistir. Mas é também chorar junto se for preciso, ser amigos sempre. Cuidar, em última análise, é AMAR!
3 – PERSEVERANÇA COM HUMILDADE
“Ajuda-me na minha falta de fé.” (Vs.24b).
Nosso personagem agora falou algo que demonstrou a sua falta de maturidade e conhecimento (vs.22b), e foi exortado pelo Senhor. Certamente por desconhecer a pessoa de Jesus, Quem Ele É, por simplicidade falta de fé mesmo.
De certo modo Ele questionou o poder e a autoridade de Jesus, algo tão comum no nosso contexto. Na maioria das vezes isso é algo muito particular, pois passamos por inúmeras crises e lutas interiores, na grande maioria das vezes essas crises são tão pessoais, que não manifestamos isso a ninguém. Assim como Asafe questionou a bondade e a justiça de Deus no Salmo 73, esse homem também questionou Jesus.
“...se Tu podes alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos.” Marcos 9:22b.
A repreensão de Jesus faz-nos pensar que a razão de não termos diversos problemas solucionados está em nossa falta de fé.
“Ao que lhe respondeu Jesus: Se podes! Tudo é possível ao que crê.” Marcos 9:23.
Deve ter sido duro para aquele pai ser exortado publicamente, e ainda vendo seu filhinho sofrer daquele jeito. Muitas vezes, quando Deus nos repreende, nos desanimamos por causa do nosso orgulho, arrogância, e auto piedade. Muitos desistem quando são repreendidos pelo Senhor. Basta vir alguma provação e já pensam em desistir. Se forem exortados verbalmente então, nem se fala... Mas na vida daquele homem foi diferente... Ele nos deu um maravilhoso exemplo de humildade e perseverança ao dizer, EM LÁGRIMAS, a Jesus:
“Eu creio! Ajuda-me na minha falta de fé!” Marcos 9:24b.
Era exatamente isso que ele tinha que fazer, e não ir embora dali revoltado com o Senhor; se ele assim fizesse, o maior prejudicado seria seu filho. Mas é isso que muitos pais fazem quando deixam a humildade e seguem o caminho do orgulho espiritual; é isso que muitos fazem quando são exortados pelo Senhor, sem se importar naquele momento com as inevitáveis conseqüências que o pecado traz.
Aquele pai reconheceu o seu pecado, não discutiu com o Senhor, não tentou se retratar ou se justificar, mas se humilhou. Ele poderia dizer: “Senhor, se eu não tivesse fé não estaria aqui, se eu não cresse não estaria cuidando do meu filhinho...” Não! Ele simplesmente disse: “Eu creio! Ajuda-me na minha falta de fé!”. Que humildade, que lição de perseverança! A humildade gera perseverança.
"Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança." Tiago 1:1-2.
Não sejamos orgulhosos (as), não sejamos arrogantes, não sejamos inconseqüentes... Vale muito mais a pena sermos humildes do que nos rebelarmos. Sejamos submissos, creiamos e supliquemos a bênção do Senhor em nossas vidas, em nossa Igreja, e em nossos lares. Façamos a coisa certa.
CONCLUSÃO
Existem vários modelos de paternidade, o mais comum é o do “PAI PRÓDIGO”. Todos nós conhecemos a “Parábola do Filho Pródigo”, mas com certeza já vimos esse modelo de lar em que os pródigos são os pais. São eles que não cuidam de seus filhos, não lhes dão a atenção devida, não lhes dão bom testemunho, como se diz na linguagem popular “não estão nem aí”. Alguns abandonam fisicamente seus filhos, outros estão presentes, mas são ausentes em casa. Diferentemente, este pai agiu de um modo coerente com a sua paternidade, desempenhando corretamente o papel de um pai temente a Deus.
Todos temos problemas, mas aquele pai tinha um problema insolúvel a olhos humanos. No entanto ele não fugiu, não abandonou, não recuou, mas encarou seus problemas, assumiu sua paternidade, assumiu seu compromisso e lutou, e por isso ele venceu. Devemos lutar sempre, vencer às vezes, mas desistir nunca!
Ao invés de reclamar, murmurar, vamos dar graças a Deus que sempre está conosco, mesmo em meio às provações e dificuldades. E tais situações são instrumentos dEle para nos aperfeiçoar e nos aproximar cada dia mais dele.
A falta de fé nos persegue a todos. Não sejamos orgulhosos, todos temos as nossas fragilidades. Ninguém deve dizer que possui uma grande fé, pois um dos sinais que comprovam que de fato temos fé, é a humildade que emana do Senhor. Quem tem fé imita ao Senhor em tudo que faz. Sejamos humildes, deixemos de lado nosso orgulho. “Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que Ele, em tempo oportuno, vos exalte.” 1 Pedro 5:6.
“Humilhai-vos na presença do Senhor, e Ele vos exaltará.” Tiago 4:10.
Jesus é a solução para nossos problemas. Ele mesmo nos concede a direção e os meios para encontrarmos a Sua resposta, mas não deixemos nunca de buscar a Ele em primeiro lugar. Os demais recursos podem até ser bênção nas mãos dEle, mas a bênção dEle é essencial, primordial, indispensável. Busquemos ao Senhor!
Os discípulos não estavam preparados para aquela situação. Muitas vezes nos sentimos assim: fracos, desanimados, oprimidos... Falta-nos mais de Cristo, falta-nos mais de Seu poder. É necessário buscar a Deus em oração, e se for necessário até em jejum, é bíblico! Jesus jejuava com freqüência, Ele nos deu o Seu exemplo!
Pratiquemos a vida de oração e jejum.
Confira também O EXERCÍCIO PIEDOSO DA PATERNIDADE - PARTE 2.
SOLI DEO GLORIA!!!
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