“RE-IMAGINING”: O FEMINISMO RADICAL EM PELE DE CORDEIRO

Por: Christopher Lensch

As mulheres pós-modernas se reuniram em Minneapolis com a finalidade de "re-imaginar" a Deus, a igreja e a família. 700 delegadas estiveram presentes na conferência que ocorreu em 2003 e cerca de metade destas em 1998. Eram principalmente lideranças femininas das principais denominações associadas ao Conselho Mundial de Igrejas. A primeira conferência ocorreu sob os auspícios do Conselho Mundial de Igrejas dentro do tema “Uma Década de Solidariedade com as mulheres”.

Estas conferências feministas criadas na esteira das igrejas evangélicas Norte Americanas, produziram um grande abalo, mesmo entre as denominações mais complacentes que deram seu suporte financeiro aos eventos. A principal e mais importante denominação patrocinadora do primeiro e do segundo evento foi a Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos da América (PCUSA) (1), a Igreja Metodista Unida, a Igreja Luterana Evangélica da América e os Episcopais.

Para além do Ecumenismo
Por mais triste que possa ser, o movimento Re-Imagining (Re-imaginando Deus) não é uma adaptação inocente, feminista da mensagem Cristã para os tempos modernos. É, na verdade, um assalto aos fundamentos do Cristianismo de tal maneira a apresentá-lo com o neo-paganismo. Declarações oficiais, estão, o que não é de se surpreender, repletas de blasfêmias e irreverências na medida em que mesclam as mulheres glorificadas em sua própria sexualidade e vã sabedoria na tentativa de criar deusas às suas próprias imagens.

A agenda anti-cristã da conferência “… exalta toda e qualquer religião imaginável ou espiritualidade, exceto o Cristianismo bíblico e ortodoxo, e reconhece o poder de qualquer deidade, exceto o poder de Jesus Cristo” (2).
 

Vamos Re-imaginar
Quando alguém re-imagina Deus, então nada é sagrado, tudo está à disposição sobre a mesa para reconstrução. Verdade, realidade, instituições sociais, modos de comunicação, tudo se submete à análise corrosiva do subjetivismo pós-moderno. A expressão feminista desta reviravolta crítica religiosa foi manifestada nas duas Conferências Re-Imagining God (Re-Imaginando Deus). Aqui apresentamos algumas de suas conclusões sobre religião, Deus, Jesus, sexualidade e família.

Religião
As pressuposições religiosas e filosóficas do movimento Re-Imagining são totalmente pós-modernas. Não há verdade absoluta e nem podemos conhecer a Deus, exceto pela experiência subjetiva. No entendimento do Cristianismo histórico sobre Deus e a revelação, que foram ali sumariamente descartados, o uso da imaginação na religião não encontra qualquer fundamento que possa prover segurança. O teólogo pós-moderno vê o homem tornar-se o mesmo que os pensadores pós-modernos seculares. Uma das conferencistas afirmou que: O evangelho do Re-Imagining é palatável às nossas pressuposições da ‘Nova Era’. Não há, por exemplo, pecado, vergonha, culpa, ou mesmo necessidade de salvação, não há qualquer chamado à santidade, não há necessidade a qualquer obediência, e nem mesmo uma vocação ao serviço” (3)

Deus
A idéia de Deus haverá de ser mais manejável e moldável se Ele estiver despersonalizado. As feministas do Re-Imagining não somente reimaginam a Deus – elas O desconstroem, O destroem, O levam abaixo, O demolem! No lugar de Deus elas o substituem pelo monismo da Nova Era.

Monismo
O Monismo na verdade não é novo. Ele é encontrado nas filosofias pagãs juntamente com elementos das religiões orientais. Para as sacerdotisas de Minneapolis, seu deus é uma energia divina universal que permeia o mundo material, incluindo a humanidade divina. Parte do culto delas envolveu o curvar-se uma perante a outra para reconhecer a divindade mútua, tanto quanto o cantar regular do “Ó grande espírito, terra, vento e mar, tu estás dentro de nós e ao nosso derredor.” Em 1998 na versão da Conferência Re-Imagining, este espírito gnóstico foi mostrado nos programas impressos com declarações tais como: “ Eu encontrei Deus em mim mesma, e eu a amei. Eu a amei de maneira apaixonada e feroz.” Para a exclusão de Jesus e Deus o Pai (dois termos que soam tremendamente patriarcais), as orações eram então feitas a “nossa criadora, sophia.” Sophia, evidentemente, é a palavra grega para sabedoria, e representa não somente a feminilização da deusa delas, mas revela a deusa como flúida, uma sabedoria intangível, dentro das pessoas e no próprio cosmos. O culto de si mesmo estava envolto em orações feitas à "sophia" intuitiva.

Jesus
Na primeira conferência, Delores Williams, do Seminário Teológico Union da

cidade de Nova York (da PCUSA), produziu uma reação tempestuosa quando ela declarou: “Eu sei que eu não preciso de qualquer teoria de expiação. Eu entendo que Jesus veio à vida e nos mostrou algo sobre a vida ... Eu não penso que precisamos de pessoas penduradas em cruzes, sangue pingando e derramando, e coisas nojentas como estas” (4). Na conferência de 1998, o ataque sobre a identidade de Jesus continuou: “Afinal, é necessário rompermos com a religião dos que nos escravizaram”, vociferou outra oradora, Carter Heyward. Sua resposta foi para que re-imaginemos Jesus Cristo. Heyward disse que foi um equívoco enfatizar “a singularidade da presença de Deus em Jesus”; “Não é a identidade de Jesus com Deus, como se Jesus de alguma forma pensasse a respeito de si mesmo como divino... Jesus realmente não era divino ... Jesus era humano como nós, e também como nós Ele tinha uma infusão em Deus, com o espírito sagrado, e neste sentido ele era divino, e Ele tinha uma certa suspeita desta sua divindade.” (5) Heyward afirmou o ponto de vista de que toda a vida é simplesmente uma emanação da realidade divina, significando que todas as pessoas e coisas são essencialmente divinas e ninguém pode pretender ser única, nem mesmo Jesus. “Enquanto ninguém, nem mesmo Jesus, é divino por Si ou em Si mesmo, ou si mesma, todo mundo, tal como Jesus, é capaz de ser deus, e usar isto (deus) como um verbo... É isto que somos e faremos ... Ser deus, e é exatamente esta que é a história de Jesus e nada mais.”

Sexualidade
Na conferência de 1993 as delegadas aplaudiram 100 de suas participantes que subiram ao palco para celebrar a suas identidades sexuais como lésbicas, bi-sexuais, ou transexuais. A líder da CLOUT, Melanie Morrison afirmou naquela convenção: “Nós estamos completamente cônscias que o mundo não é um lugar seguro para mulheres lésbicas, e muito menos a igreja é este lugar seguro.” CLOUT é a sigla em inglês para “Christian Lesbians Out Together” (Lésbicas Cristãs Unidas).

Família
Parte da agenda sexual das feministas radicais na igreja é romper com a família tradicional. Isto porque as famílias tradicionais têm seus papéis como pai e mãe, marido e esposa. Mary Hunt é uma lésbica Católica Romana e co-fundadora da WATER, a “Women’s Alliance for Theology, Ethics, and Ritual.” – (Aliança das
Mulheres pela Teologia, Ética e Ritual). Ela propôs na conferência Re-Imagining que a "amizade de amor livre" fosse substituída como uma metáfora no lugar da família. Ele explicou o que quis dizer com isto: “... imagine relações sexuais entre amigos como a norma, jovens aprendendo a fazer amigos ao invés de namorar. Imagine a valorização da interação genital sexual em termos de como a amizade se aprofundaria e o prazer mútuo aumentaria. O prazer é nosso direito de nascença do qual temos sido roubados em nossa religiosidade patriarcal. Chegou o momento de clamarmos por um novo tipo de amizade... Um relacionamento humano responsável é um direito humano. Eu vislumbro amigos, não famílias, nadando em prazeres que merecemos porque nossos corpos são santos e nossa sexualidade é parte das riquezas que a criação nos oferece.” (6)

Delores Williams do Union Theological Seminary, (Seminário Teológico União da PCUSA), notória por sua rejeição da expiação de Cristo na conferência de 1993, disse ainda mais em 1998, tal como foi publicado: “As mulheres precisam criar comunidades onde as pessoas possam ser livres… Um contexto do sagrado onde nenhuma sexualidade seja impura. No coração e na alma das deidades todos nós somos amados, e não importa com quem vamos para a cama.” (7)

Teologia Feminista
A teologia feminista do movimento Re-Imagining sublinha a experiência e o

recontar das histórias da vida, especialmente histórias de abuso, repressão, e agressão. Afirma-se que as histórias feministas contadas são, na verdade, uma grande contribuição para a igreja. As histórias pessoais desafiam a teologia tradicional, com isto encorajando o abandono de absolutos morais e ao mesmo tempo incentivando a igreja a tornar a sua mensagem mais relacional. Este será, segundo ela, o único caminho para a “purificação e plenitude”.

Neste ambiente espera-se encontrar qualidades femininas, como o cuidado maternal, na teologia feminista. No entanto, o que mais se vê, tal como ocorre na Africanização do Cristianismo, a adaptação da mensagem e formas de fé das tradições religiosas locais, da mesma forma neste movimento a feminilização do Cristianismo é encontrada. A bastardização da Santa Ceia é particularmente ofensiva, tanto numa como em outra conferência que tinha como objetivo focalizar a mensagem Re-Imagining ocorreu a santa ceia servida com “leite e mel”. Ouça as palavras litúrgicas que foram proferidas em 1998 no momento da “santa ceia”: “Este é o corpo de Deus para a purificação e limpeza da amargura do coração humano...” declarou Reverenda (Sally) Hill enquanto as mulheres passavam leite e mel misturados aos participantes. “Nós estamos vendo o poder sendo levantado da terra...” Juntas estamos fazendo nascer e dando à luz à Comunidade Re-Imagining que se estende a todos os cantos de nosso mundo!” (8)

Vozes discordantes
Nem todas as mulheres das principais denominações concordam com as radicais. Diane L. Knippers, presidente do “Institute on Religion and Democracy” (Instituto sobre Religião e Democracia), era uma das observadoras na conferência em 1998. Ela lamentou dizendo que: “Há uma tentativa de diminuir Re-Imagining como um tipo de show sem importância. Mas o movimento permanece tremendamente influente nas principais denominações como a vanguarda da teologia feminista, e como a tendência mais proeminente nos campus dos seminários hoje. A maioria das palestrantes do Reavivamento Re-Imagining são professoras nos nossos seminários ou trabalham para agências da igreja e suas idéias continuam sendo divulgadas” (9). Outra observadora na conferência de 1998, Sylvia Dooling de “Voices of Orthodox Women” (Vozes das Mulheres Ortodoxas) da PCUSA (Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos da América), concorda.

Ela conclui que Re-Imagining não é um movimento periférico; pelo contrário, é um movimento que cresce significativamente nas principais denominações. Re-Imagining abandonou a rica herança do Cristianismo bíblico por um relativismo e hedonismo pós-moderno. O resumo que ela faz é penetrante: “O evangelho do Re-Imagining não apresenta e não contém qualquer boa nova a ninguém, nele não há esperança. Sua mensagem é que tudo foi tão contaminado pelo sistema patriarcal que todas nós mulheres não devemos fazer outra coisa senão nos revoltarmos – e nos engajarmos numa revolução. Vá pelo mundo afora e desmantele todos os limites da fé histórica; agite as águas; espalhe a história da vitimização e da opressão. Diga a todos o quanto você foi abusada, afirme a todos o tamanho de seu ódio, e o quão solitária você se encontra. Esta é a verdade que a libertará. Conheça o seu corpo e o use de todas as formas que você decidir usá-lo – porque não há esta coisa de moralidade, não existem preceitos para uma vida santa. A filosofia dos Epicureus aqui abunda – “Coma, beba e faça sexo” (10).

Conclusão
O movimento Re-Imagining não terá seu fim enquanto as principais denominações Norte-Americanas (especialmente a Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos da América – PCUSA) bancarem estas conferências e promoverem seus proponentes dentro de suas agências denominacionais. Um comitê para o “Futuro do Movimento Re-Imagining” se encontrou em “Twin Cities” e anunciou a celebração do 10º aniversário da conferência que ocorreu em Junho de 2003, muitas das mesmas preletoras radicais foram convidadas (11). Re-imaginar é como desejar o produto de sua imaginação num quadro negro. Re-imaginar a Deus e o Cristianismo é pintar a si mesmo como o centro neste quadro. Enquanto os verdadeiros crentes se enchem de justa indignação pelas pinturas blasfemas do movimento Re-Imagining, o próprio Deus nem sequer se move. De fato Ele manifesta a sua indignação por cada uma destas afrontas, trazendo a estes Seu justo juízo, nestes termos: “Por que se enfurecem os gentios e os povos imaginam coisas vãs? Os reis da terra se levantam, e os príncipes conspiram contra o Senhor e contra o seu Ungido (Cristo), dizendo: Rompamos os seus laços e sacudamos de nós as suas algemas. Ri-se aqueEle que habita nos Céus; o Senhor zomba deles.” (12)

Enquanto isto, os crentes devem “disciplinar com mansidão os que se opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade, mas também o retorno à sensatez, livrando-se eles dos laços do diabo, tendo sido feitos cativos por ele para cumprirem a sua vontade” (13). Devemos estar confiantes, sabendo que “… as armas de nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas, e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo” (14).

Notas:
1 A PCUSA contribuiu com mais de US$ 66 mil dólares para a conferência de 1993 e impôs uma taxa per capita para quem se inscreveu para a conferência de 1998.
2 Editorial por Harold S. Martin, “Paganismos na Conferência Re-Imangining em Minneapolis (1993), na revista Brethren Revival Fellowship Witness 29:3 (May/June 1994).
3 Ibid.
4 Citado no Jornal Presbyterian Layman (Jan/Feb 1994) 10.
5 http://www.layman.org/layman/news/reimagining-revival.htm.
6 Citado no Jornal Presbyterian Layman (Jan/Feb 1994) 10-11.
7http://www.banneroftruth.co.uk/articles/1998/reimagining_revival.htm.
8 Ibid.
9 http://www.banneroftruth.co.uk/articles/1998/reimagining_revival.htm.
10 Ibid.
11 O website de Re-Imagninig é www.reimagining.org.
12 Salmo 2:1-4.
13 2 Tim 2:25-26.
14 2 Cor 10:4-5. 


Fonte: Resistência Protestante 
Leia também O Declínio da PCUSA.

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