INTRODUÇÃO GERAL AO NOVO TESTAMENTO (3)
Contexto Religioso Pagão
É necessária, antes de adentrar ao estudo do Novo Testamento, adquirir-se uma visão geral do mundo religioso dos dias em que o Salvador entrou em cena e para o qual a igreja foi enviada a proclamar sua mensagem. Como se pode ver na citação de Tenney, nota-se uma grande semelhança com os nossos dias de hoje. A mensagem do Salvador como revelado no Novo Testamento é como respirar ar fresco depois de ser estar asfixiado pela intensa poluição produzida por este mundo depravado.
“A igreja Cristã nasceu dentro um mundo cheio de religiões que apesar das muitas diferenças entre elas, possuíam uma característica comum – o esforço para alcançar um deus, um deus que permanecia essencialmente inacessível. À parte do Judaísmo, que ensinava que Deus tinha voluntariamente Se revelado aos patriarcas, a Moisés, e aos profetas, não havia religião que falasse com certeza da revelação divina nem de qualquer conceito verdadeiro de pecado e salvação. Os padrões éticos correntes eram superficiais, não obstante o ideal e visão possuída por alguns filósofos, e quando eles discursavam sobre o mau e bem, eles não apresentavam nenhuma solução ou mesmo possibilidades de que um remédio pudesse ser encontrado. Até mesmo no Judaísmo a verdade tinha estado obscurecida pela formação de uma crosta de tradições ou negligenciavam... O paganismo e todas as religiões à parte do conhecimento e fé da Palavra de Deus sempre produziu uma paródia e uma perversão da revelação original de Deus ao homem. Isto retém muitos elementos básicos da verdade, mas eles são distorcidos na pratica. Soberania Divina torna-se fatalismo: graça torna-se indulgência; justiça torna-se conformidade com graças arbitrárias: adoração torna-se ritual vazio: oração torna-se pedidos egoístas: os acontecimentos sobrenaturais tornam-se superstição. A luz de Deus é obscurecida por lenda imaginária e por falsidade sincera. A conseqüente confusão de crenças e de valores desnorteava as pessoas que vagueavam por um labirinto de incertezas. Para alguns, a conveniência era a filosofia de vida predominante; como não há nenhuma certeza final, também não há princípios permanentes, cada um vivera ao sabor da vantagem do momento. Prevalecia o ceticismo, os velhos deuses tinham perdido sua força e nenhum novo deus tinha aparecido. Cultos particulares e/ou familiares predominavam, utilizado superficialmente pêlos ricos, mas deixava o pobre em seu desespero. As pessoas tinham perdido completamente o prazer e o objetivo que torna a vida humana algo que vale a pena ser vivida.[1]
Contexto Religioso Judaico
Como bem destacou Tenney a religião monoteísta judaica [2] resplandecia em meio às tensas trevas do paganismo romano. O numero de prosélitos, estrangeiros que adotavam a religião judaica, se multiplicava grandemente e o apostolo Paulo vai saber como ninguém se aproveitar desta situação em seu trabalho missionário.
Longe de ser uma religião compacta, no judaísmo encontramos a velha tendência humana do sectarismo. Porém, consegue manter uma espinha dorsal, uma vez que todas as suas facções mantêm um compromisso com a Lei. Assim, as diferenças entre os grupos iam do liberalismo ao racionalismo, e do misticismo ao oportunismo político.[qualquer semelhança com o evangelismo brasileiro atual não é mera semelhança].
Abaixo mencionamos alguns destes grupos religiosos judaicos e suas
características:
Os Saduceus
Menos numerosos que os fariseus; este grupo era intimamente ligado ao Templo e ao Sacerdote. Alguns fazem uma associação com o Sumo Sacerdote “Zadoque” ainda nos dias de Davi (2 Sm 8.17; 15.24) e Salomão (1 Rs 1,34,35; 1 Cr 12.28). O profeta Ezequiel atesta sua linhagem sacerdotal (Ez 40,46; 43,19; 44,10-15). Assim o grupo era visto como o partido dos Sumos Sacerdotes e das famílias aristocráticas, entretanto, nem todos os sacerdotes eram saduceus.
Exerciam poder político; apoiavam os governantes hasmoneanos (Herodes). Através do Sinédrio exerciam o poder político e assimilaram a cultura helenista e por esta razão contavam com a simpatia das autoridades romanas. Por outro lado, enfrentavam feroz e violenta oposição dos fariseus e zelotes.
Eram mais conservadores e optavam por uma interpretação literal da Torah (lei de Moisés) e rejeitavam a lei oral ou tradição;
Enfatizavam a importância fundamental do Templo e todo o sistema sacrificial, pois era sua base política e fonte econômica (os mercadores do Templo pagam taxas aos sacerdotes).
Negavam a existência de anjos, espírito e a ressurreição (At. 23.6-10) e desconsideravam a interferência de Deus nas atividades humanas (nossos deístas atuais).
Associam-se ao fariseus e zelotes em oposição a Jesus e depois à Igreja unicamente por que anteviam um prejuízo econômico e político. Os apóstolos foram ameaçados de morte e posteriormente Estevão foi apedrejado por ordem do Sinédrio cuja maioria era saduceus.
Desapareceram do cenário após a destruição do Templo em 70 d.C.
Os Fariseus
É possível que o nome seja derivado da expressão hebraica que significa “ser separado”, no caso, das práticas e conceitos pagãos.
Surgiram durante o período do segundo Templo (516-570 a.C.), provavelmente adquiriu maior prestigio ou visibilidade após a rebelião dos Macabeus (165-160 a.C.).
Era a maior seita e a de maior influência nos dias de Jesus e no período dos Atos dos Apóstolos; mantinham um conflito permanente com os Sacerdotes (apoiados pelos Saduceus) e conseguiram tirar várias cerimônias do Templo e começaram a realizá-las nos lares.
Aceitavam o cânon completo do Antigo Testamento e o interpretava de forma alegórica; davam muita importância à lei oral ou tradição que defendiam como sendo parte da revelação de Deus a Moisés.
Ensinavam que Deus fez o ser humano com a tendência tanto para o bem como para o mal e ele deveria fazer sua própria escolha; mas Deus ajudava o povo a fazer o bem; acreditavam em anjos e outros espíritos, na imortalidade da alma e na ressurreição.
Apesar de duramente criticados por Jesus, por seus excessos e hipocrisia (Mt 23.5,23ss; Lc 18.1ss), o apostolo Paulo defende sua herança como fariseu (At 22) e há muitos pontos de convergência entre as convicções teológicas dos fariseus e as doutrinas da igreja primitiva.
Os judeus ortodoxos ainda preservam muito das idéias e doutrinas dos fariseus.
Os Essênios
Tem suas origens ainda nos dias dos Macabeus (aprox. século II -70 d.C.).
Fraternidade ascética - semelhante ao monasticismo; alguns viviam em Qumran, onde foram encontrados os rolos do mar Morto. Cerca de quatro mil deles estavam espalhados pelas regiões da Judéia.
Eram mais radicais do que os fariseus; ascetas abstinham-se do casamento; observavam rigorosamente as leis sobre os banhos cerimônias e orações diárias; defendiam a propriedade em comum (conceito assimilado pelos primeiros cristãos); cultivavam uma visão profundamente apocalíptica e se consideram os remanescentes da mensagem e promessas proféticas; opunham-se totalmente ao culto do Templo por entenderem que estava totalmente corrompido;
Cada um se sustentava a si próprio e valorizavam o trabalho manual. Muitos desejam ligar João Batista a este grupo. Não há indícios atualmente deles.
Os Zelotes
Alguns remotam sua origem aos macabeus, mas a maioria prefere uma data próxima do ano 37 a.C. e desapareceram por motivos obvio após a destruição do Templo em 70 d.C.
Receberam este nome por sua oposição sistemática a todo e qualquer vestígio do domínio romano na Palestina; recusavam-se a pagar impostos (provavelmente os adversários de Jesus queriam ligá-lo aos zelotes quando o provocaram com a questão do tributo) e aterrorizavam os dominadores romanos; odiavam os saduceus.
Eram fanáticos e levavam às últimas conseqüências suas concepções teológicas (certamente derrubariam, se houvesse as duas Torres dos romanos). Um dos doze chamados por Jesus, Simão, é associado a este grupo (Lc 6,15; At 1,13). Por razões óbvias desapareceram após a destruição de Jerusalém em 70 d.C.
Além destes grupos religiosos, havia também outros grupos e instituições que compõe o quadro religioso judaico no período do Novo Testamento:
Os Herodianos
Evidentemente que surgem com a efetivação da dinastia Herodiana na Palestina. Não eram um grupo religioso. Apoiavam integralmente a dinastia Herodiana; assimilaram totalmente a cultura helenista; aceitavam passivamente o domínio romano; provavelmente eram ricos e tinham grande influência política. (Estariam muito à vontade no seio evangélico brasileiro).
Também apoiaram a oposição contra Jesus (Mt 22.16; Mc 3.6; 12,13).
Tinham um sub grupo mais belicoso chamado de “Sicários” que significa “homens da adaga”, pois apunhalavam pelas costas aqueles que consideravam amigos de Roma. Estiveram envolvidos diretamente na revolta que culminou com a destruição de Jerusalém pelos exércitos romanos. São mencionados uma única vez em Atos 21,38 e classificados como “terroristas”. (Não há nada novo debaixo do sol).
Os Escribas
Por causa da grande dispersão dos judeus criou-se a necessidade de se ter muitos exemplares da lei, já que cada congregação necessitava de uma cópia da lei. Os escribas eram estes copistas profissionais e tornaram-se peritos no estudo do texto sacro. Estavam em igualdade com os sacerdotes nos assuntos religiosos.
O Sinédrio
Do hebraico "Sanhedrim" (Assembléia). Era o supremo concílio dos judeus. Os judeus da diáspora o chamavam "Guerusia ou ainda Sinédrio". Equivalia ao Senado dos gregos e romanos. Decidia acerca da matéria legal e religiosa. Era presidido pelo Sumo Sacerdote em função. Alguns querem retrocedô-lo aos dias de Moisés ou Esdras, mas com certeza é fruto dos dias dos Hasmoneus (Macabeus - segundo século a.C.), terminando sua história em 66 d.C. Tinha mais ou menos poder dependendo do Governante de plantão. O número de membros era de 70 , comumente escolhido entre os eruditos e representantes das várias facções religosas.
As Sinagogas
Palavra grega que significa "convocação ou assembléia". Era lugar onde se celebra culto religioso. É provável que tenha se iniciado no período do cativeiro babiblônico, como substitutivo do Templo, ou talvez como imediata necessidade para os exilados se reencontrarem. Introduzida por Esdras na Palestina, logo se difundiu por todo Israel. Desde o século I da era cristã há noticias da existência de sinagogas nos lugares onde havia judeus fora da Palestina. Os homens da congregação, em numero indeterminado, se reuniam a cada sábado para adoração e no segundo e quinto dia da semana para ouvir a leitura das Escrituras. Qualquer pessoa podia entrar numa sinagoga e a qualquer tempo, o que atraiu um numero crescente de prosélitos, principálmente fora de Israel.Nos dias de Jesus era muito popular e tornou-se o ponto de referência para o trabalho missionário de Paulo.
NOTAS E BIBLIOGRAFIA
[1] TENNEY, Merrill C. Tempos do Novo Testamento, Eerdmans. Rapids Grande, 1965, pp. 107-108. Temos em português uma excelente obra de MERRIL C. TERRILL, O Novo Testamento – Sua Origem e Analise, Vida Nova, São Paulo, 1972. Nesta obra ele aborda detalhadamente estes aspectos aqui resumidamente citados.
[2] GUNDRY, Robert H.. Panorama do Novo Testamento. Vida Nova: São Paulo, 1981, p.111.
[3] HOUSE, H. Wayne. O Novo Testamento em Quadros, ed. Vida, 2ª edição, 2000.
PACKER, J. I. O Mundo do Novo Testamento, ed Vida, 1988, p. 80 ss.
RUSSEL, David S. Entre o Antigo e o Novo Testamento, ed. Abba, 2005, pp.49-55.
Extraído do excelente blog Reflexão Bíblica do Rev. Ivan Pereira Guedes.
É necessária, antes de adentrar ao estudo do Novo Testamento, adquirir-se uma visão geral do mundo religioso dos dias em que o Salvador entrou em cena e para o qual a igreja foi enviada a proclamar sua mensagem. Como se pode ver na citação de Tenney, nota-se uma grande semelhança com os nossos dias de hoje. A mensagem do Salvador como revelado no Novo Testamento é como respirar ar fresco depois de ser estar asfixiado pela intensa poluição produzida por este mundo depravado.
“A igreja Cristã nasceu dentro um mundo cheio de religiões que apesar das muitas diferenças entre elas, possuíam uma característica comum – o esforço para alcançar um deus, um deus que permanecia essencialmente inacessível. À parte do Judaísmo, que ensinava que Deus tinha voluntariamente Se revelado aos patriarcas, a Moisés, e aos profetas, não havia religião que falasse com certeza da revelação divina nem de qualquer conceito verdadeiro de pecado e salvação. Os padrões éticos correntes eram superficiais, não obstante o ideal e visão possuída por alguns filósofos, e quando eles discursavam sobre o mau e bem, eles não apresentavam nenhuma solução ou mesmo possibilidades de que um remédio pudesse ser encontrado. Até mesmo no Judaísmo a verdade tinha estado obscurecida pela formação de uma crosta de tradições ou negligenciavam... O paganismo e todas as religiões à parte do conhecimento e fé da Palavra de Deus sempre produziu uma paródia e uma perversão da revelação original de Deus ao homem. Isto retém muitos elementos básicos da verdade, mas eles são distorcidos na pratica. Soberania Divina torna-se fatalismo: graça torna-se indulgência; justiça torna-se conformidade com graças arbitrárias: adoração torna-se ritual vazio: oração torna-se pedidos egoístas: os acontecimentos sobrenaturais tornam-se superstição. A luz de Deus é obscurecida por lenda imaginária e por falsidade sincera. A conseqüente confusão de crenças e de valores desnorteava as pessoas que vagueavam por um labirinto de incertezas. Para alguns, a conveniência era a filosofia de vida predominante; como não há nenhuma certeza final, também não há princípios permanentes, cada um vivera ao sabor da vantagem do momento. Prevalecia o ceticismo, os velhos deuses tinham perdido sua força e nenhum novo deus tinha aparecido. Cultos particulares e/ou familiares predominavam, utilizado superficialmente pêlos ricos, mas deixava o pobre em seu desespero. As pessoas tinham perdido completamente o prazer e o objetivo que torna a vida humana algo que vale a pena ser vivida.[1]
Contexto Religioso Judaico
Como bem destacou Tenney a religião monoteísta judaica [2] resplandecia em meio às tensas trevas do paganismo romano. O numero de prosélitos, estrangeiros que adotavam a religião judaica, se multiplicava grandemente e o apostolo Paulo vai saber como ninguém se aproveitar desta situação em seu trabalho missionário.
Longe de ser uma religião compacta, no judaísmo encontramos a velha tendência humana do sectarismo. Porém, consegue manter uma espinha dorsal, uma vez que todas as suas facções mantêm um compromisso com a Lei. Assim, as diferenças entre os grupos iam do liberalismo ao racionalismo, e do misticismo ao oportunismo político.[qualquer semelhança com o evangelismo brasileiro atual não é mera semelhança].
Abaixo mencionamos alguns destes grupos religiosos judaicos e suas
características:
Os Saduceus
Menos numerosos que os fariseus; este grupo era intimamente ligado ao Templo e ao Sacerdote. Alguns fazem uma associação com o Sumo Sacerdote “Zadoque” ainda nos dias de Davi (2 Sm 8.17; 15.24) e Salomão (1 Rs 1,34,35; 1 Cr 12.28). O profeta Ezequiel atesta sua linhagem sacerdotal (Ez 40,46; 43,19; 44,10-15). Assim o grupo era visto como o partido dos Sumos Sacerdotes e das famílias aristocráticas, entretanto, nem todos os sacerdotes eram saduceus.
Exerciam poder político; apoiavam os governantes hasmoneanos (Herodes). Através do Sinédrio exerciam o poder político e assimilaram a cultura helenista e por esta razão contavam com a simpatia das autoridades romanas. Por outro lado, enfrentavam feroz e violenta oposição dos fariseus e zelotes.
Eram mais conservadores e optavam por uma interpretação literal da Torah (lei de Moisés) e rejeitavam a lei oral ou tradição;
Enfatizavam a importância fundamental do Templo e todo o sistema sacrificial, pois era sua base política e fonte econômica (os mercadores do Templo pagam taxas aos sacerdotes).
Negavam a existência de anjos, espírito e a ressurreição (At. 23.6-10) e desconsideravam a interferência de Deus nas atividades humanas (nossos deístas atuais).
Associam-se ao fariseus e zelotes em oposição a Jesus e depois à Igreja unicamente por que anteviam um prejuízo econômico e político. Os apóstolos foram ameaçados de morte e posteriormente Estevão foi apedrejado por ordem do Sinédrio cuja maioria era saduceus.
Desapareceram do cenário após a destruição do Templo em 70 d.C.
Os Fariseus
É possível que o nome seja derivado da expressão hebraica que significa “ser separado”, no caso, das práticas e conceitos pagãos.
Surgiram durante o período do segundo Templo (516-570 a.C.), provavelmente adquiriu maior prestigio ou visibilidade após a rebelião dos Macabeus (165-160 a.C.).
Era a maior seita e a de maior influência nos dias de Jesus e no período dos Atos dos Apóstolos; mantinham um conflito permanente com os Sacerdotes (apoiados pelos Saduceus) e conseguiram tirar várias cerimônias do Templo e começaram a realizá-las nos lares.
Aceitavam o cânon completo do Antigo Testamento e o interpretava de forma alegórica; davam muita importância à lei oral ou tradição que defendiam como sendo parte da revelação de Deus a Moisés.
Ensinavam que Deus fez o ser humano com a tendência tanto para o bem como para o mal e ele deveria fazer sua própria escolha; mas Deus ajudava o povo a fazer o bem; acreditavam em anjos e outros espíritos, na imortalidade da alma e na ressurreição.
Apesar de duramente criticados por Jesus, por seus excessos e hipocrisia (Mt 23.5,23ss; Lc 18.1ss), o apostolo Paulo defende sua herança como fariseu (At 22) e há muitos pontos de convergência entre as convicções teológicas dos fariseus e as doutrinas da igreja primitiva.
Os judeus ortodoxos ainda preservam muito das idéias e doutrinas dos fariseus.
Os Essênios
Tem suas origens ainda nos dias dos Macabeus (aprox. século II -70 d.C.).
Fraternidade ascética - semelhante ao monasticismo; alguns viviam em Qumran, onde foram encontrados os rolos do mar Morto. Cerca de quatro mil deles estavam espalhados pelas regiões da Judéia.
Eram mais radicais do que os fariseus; ascetas abstinham-se do casamento; observavam rigorosamente as leis sobre os banhos cerimônias e orações diárias; defendiam a propriedade em comum (conceito assimilado pelos primeiros cristãos); cultivavam uma visão profundamente apocalíptica e se consideram os remanescentes da mensagem e promessas proféticas; opunham-se totalmente ao culto do Templo por entenderem que estava totalmente corrompido;
Cada um se sustentava a si próprio e valorizavam o trabalho manual. Muitos desejam ligar João Batista a este grupo. Não há indícios atualmente deles.
Os Zelotes
Alguns remotam sua origem aos macabeus, mas a maioria prefere uma data próxima do ano 37 a.C. e desapareceram por motivos obvio após a destruição do Templo em 70 d.C.
Receberam este nome por sua oposição sistemática a todo e qualquer vestígio do domínio romano na Palestina; recusavam-se a pagar impostos (provavelmente os adversários de Jesus queriam ligá-lo aos zelotes quando o provocaram com a questão do tributo) e aterrorizavam os dominadores romanos; odiavam os saduceus.
Eram fanáticos e levavam às últimas conseqüências suas concepções teológicas (certamente derrubariam, se houvesse as duas Torres dos romanos). Um dos doze chamados por Jesus, Simão, é associado a este grupo (Lc 6,15; At 1,13). Por razões óbvias desapareceram após a destruição de Jerusalém em 70 d.C.
Além destes grupos religiosos, havia também outros grupos e instituições que compõe o quadro religioso judaico no período do Novo Testamento:
Os Herodianos
Evidentemente que surgem com a efetivação da dinastia Herodiana na Palestina. Não eram um grupo religioso. Apoiavam integralmente a dinastia Herodiana; assimilaram totalmente a cultura helenista; aceitavam passivamente o domínio romano; provavelmente eram ricos e tinham grande influência política. (Estariam muito à vontade no seio evangélico brasileiro).
Também apoiaram a oposição contra Jesus (Mt 22.16; Mc 3.6; 12,13).
Tinham um sub grupo mais belicoso chamado de “Sicários” que significa “homens da adaga”, pois apunhalavam pelas costas aqueles que consideravam amigos de Roma. Estiveram envolvidos diretamente na revolta que culminou com a destruição de Jerusalém pelos exércitos romanos. São mencionados uma única vez em Atos 21,38 e classificados como “terroristas”. (Não há nada novo debaixo do sol).
Os Escribas
Por causa da grande dispersão dos judeus criou-se a necessidade de se ter muitos exemplares da lei, já que cada congregação necessitava de uma cópia da lei. Os escribas eram estes copistas profissionais e tornaram-se peritos no estudo do texto sacro. Estavam em igualdade com os sacerdotes nos assuntos religiosos.
O Sinédrio
Do hebraico "Sanhedrim" (Assembléia). Era o supremo concílio dos judeus. Os judeus da diáspora o chamavam "Guerusia ou ainda Sinédrio". Equivalia ao Senado dos gregos e romanos. Decidia acerca da matéria legal e religiosa. Era presidido pelo Sumo Sacerdote em função. Alguns querem retrocedô-lo aos dias de Moisés ou Esdras, mas com certeza é fruto dos dias dos Hasmoneus (Macabeus - segundo século a.C.), terminando sua história em 66 d.C. Tinha mais ou menos poder dependendo do Governante de plantão. O número de membros era de 70 , comumente escolhido entre os eruditos e representantes das várias facções religosas.
As Sinagogas
Palavra grega que significa "convocação ou assembléia". Era lugar onde se celebra culto religioso. É provável que tenha se iniciado no período do cativeiro babiblônico, como substitutivo do Templo, ou talvez como imediata necessidade para os exilados se reencontrarem. Introduzida por Esdras na Palestina, logo se difundiu por todo Israel. Desde o século I da era cristã há noticias da existência de sinagogas nos lugares onde havia judeus fora da Palestina. Os homens da congregação, em numero indeterminado, se reuniam a cada sábado para adoração e no segundo e quinto dia da semana para ouvir a leitura das Escrituras. Qualquer pessoa podia entrar numa sinagoga e a qualquer tempo, o que atraiu um numero crescente de prosélitos, principálmente fora de Israel.Nos dias de Jesus era muito popular e tornou-se o ponto de referência para o trabalho missionário de Paulo.
NOTAS E BIBLIOGRAFIA
[1] TENNEY, Merrill C. Tempos do Novo Testamento, Eerdmans. Rapids Grande, 1965, pp. 107-108. Temos em português uma excelente obra de MERRIL C. TERRILL, O Novo Testamento – Sua Origem e Analise, Vida Nova, São Paulo, 1972. Nesta obra ele aborda detalhadamente estes aspectos aqui resumidamente citados.
[2] GUNDRY, Robert H.. Panorama do Novo Testamento. Vida Nova: São Paulo, 1981, p.111.
[3] HOUSE, H. Wayne. O Novo Testamento em Quadros, ed. Vida, 2ª edição, 2000.
PACKER, J. I. O Mundo do Novo Testamento, ed Vida, 1988, p. 80 ss.
RUSSEL, David S. Entre o Antigo e o Novo Testamento, ed. Abba, 2005, pp.49-55.
Extraído do excelente blog Reflexão Bíblica do Rev. Ivan Pereira Guedes.
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