A CULTURA DO ÁLCOOL


Por: Rev. Paulo Sergio da Silva 

O Brasil é um país que vive sob uma forte pressão da propaganda ao consumo de bebidas que contém álcool. O álcool é uma droga que altera as funções do sistema nervoso, causa dependência (vício), e que tem sido um dos maiores males da nação, haja visto os seus efeitos. É sobre essa questão que escrevo aqui, questão essa que está ligada diretamente á cultura do país, o que chamo de “CULTURA DO ÁLCOOL”. A propaganda e os costumes do povo, fomentam a presença do álcool nas mais diversas e variadas ocasiões. Essa presença do álcool cria nas pessoas o hábito, elas sempre encontram motivos e justificativas para o uso das bebidas alcoólicas. Considerando que o álcool é uma droga, podemos afirmar que estas pessoas desejam sempre estar sob os seus efeitos. 

Motivos e razões para beber 
As pessoas que tem o hábito de consumir bebidas com álcool, encontram motivos para beber em todas as ocasiões festivas: aniversário, casamento, natal, ano novo, batizado, quando o time de futebol ganha, etc. Em dias normais da semana nos momentos de confraternização com os amigos, nas chamadas “happy hours” (horas alegres, felizes), uma expressão muito sugestiva, haja visto, que essas horas são regadas a cerveja e outras bebidas alcoólicas. Nos finais de semana é a hora da festa com os amigos, das "baladas", bailes, etc. Aí é quando se bebe muito, todos querem ficar "alegres", e sem cerveja, batida, caipirinha, etc., "não tem graça", dizem eles. Pergunto então: por que "não tem graça"? Não tem graça porque não tem álcool, isto é, não tem a sensação e os efeitos que o álcool causa ao sistema nervoso das pessoas. É a FALSA alegria segundo o mundo que produz morte, e não a alegria segundo Cristo que produz vida.

As horas amargas também são momentos oportunos para beber: quando as coisas não vão bem, quando o sujeito está desempregado, quando brigou com a esposa, ou os filhos estão descontentes com seus pais, quando o time de futebou perdeu, etc. Assim, sempre há motivos para se drogar, pois o álcool é uma droga potente e conhecida de todos nós. Observe por exemplo, a quantidade de crimes que são cometidos por pessoas alcoolizadas. Depois veja as tentativas dos governos (parou por quê?), em reduzir o número de mortos em acidentes de trânsito coibindo o uso do álcool. Note que um ou dois copos de cerveja já podem causar mortes, uma vez que inferem na coordenação motora, nos reflexos e na visão (velocidade / espaço) que os motoristas (ou pilotos?) necessitam na condução de seus veículos.

Esse uso contínuo da droga álcool, nas mas diversas ocasiões da vida das pessoas, está cada vez mais sendo aceito como algo "normal". O que é algo "normal", afinal de contas? É tudo aquilo que está dentro dos padrões de vida e comportamento de um determinado grupo de pessoas. Então, obviamente a droga álcool, já faz parte dos padrões de vida e comportamento dessas pessoas. Isso é o que chamo de CULTURA DO ÁLCOOL.





A televisão cumpre fielmente seu papel sempre apresentando artistas segurando seus copos de “whisky” ou cerveja nas festas, no dia a dia, e também quando os personagens estão passando por dificuldades e problemas. É impressionante como as pessoas imitam os personagens da tv, sem questionar se o que eles estão fazendo é certo ou errado, ou até se estão vendendo uma imagem.

Uma "inocente cervejinha"
E assim sutilmente as pessoas "compraram" a idéia de que beber cerveja não tem nada a ver, é como se fosse refrigerante, de tão comum que é... Parece até que para muitos cerveja não é bebida alcoólica, não vicia. É a mulher bonita que sutilmente transmite a imagem do consumo da cerveja = sexualidade. São propagandas apelativas mesmo, e quem tem um pouco de senso crítico já notou que as empresas jogam pesado na disputa dos consumidores, esse é um mercado muito rentável. Mas o lucro dos fabricantes está no prejuízo das vidas e famílias que são destroçadas pelo vício. Tudo começa com uma "inocente cervejinha".

Essa “cultura do álcool” da qual falamos, está presente nas vidas e famílias, e por isso é destruidora de vidas e famílias. Cada vez mais cedo tem aliciado meninos e meninas, jovens em geral, que vêem na bebida algo que lhes dá “status”, presença, charme, além do que “é moda” embriagar-se. Em cada esquina estão os “traficantes” vendendo suas bebidas nos bares, e essa “droga da moda” os deixa “muito loucos”, isto é, bêbados, drogados, como eles próprios dizem: “do jeito que o diabo gosta”, “a ponto de bala”, “no ponto para a balada”, “fritando”, etc. São crianças que cresceram vendo seus pais, tios e avôs bebendo as suas cervejas, e os seus "aperitivos". Seus referenciais do que é certo e direito, sempre beberam e quando não, até os incentivavam a beber. Riam da careta que faziam quando sentiam o gosto amargo do álcool, e riam mais ainda quando os viam ficando tontos após apenas alguns goles... Quantas histórias...

Uma triste visão
Recentemente quando eu e minha família retornávamos da igreja, numa noite de sábado por volta das 23hs, presenciamos um grupo de cinco ou seis adolescentes, com idades em torno dos 14 anos, saindo para a “balada” com uma garrafa de vinho, o qual eles iam consumindo ali mesmo, na rua. Fiquei pensando na ausência dos pais que não impõe limites e regras quanto aos horários de sair e chegar em casa; ora, quem sai de casa às 23hs certamente chegará na madrugada do dia seguinte. E isso sem falar da lei que proíbe a venda de bebidas alcoólicas para menores, mas que muitas vezes não é cumprida.


Estão de parabéns os Conselhos Tutelares que têm tentado impor o toque de recolher para menores, talvez seja uma maneira de conter o avanço do consumo de álcool entre eles. Mas a impressão que tenho, infelizmente, é que essa é mais uma daquelas leis que “não pegam”, porque o problema começa nas famílias. Muitos desses menores têm o mau exemplo dos próprios pais que consomem suas bebidas dentro de casa, pais que não criaram seus filhos com os devidos limites, e quando chegam na adolescência e juventude, não tem forças e autoridade para segurá-los.

Debaixo da pia
Conheço um jovem servo de Deus, que quando ainda era uma criança, com seus 7 ou 8 anos de idade, mais ou menos, sempre via o pai bebendo um copo de vinho e guardando o garrafão debaixo da pia da cozinha. E sempre se dizia: "não meche aqui hein!" Mas um dia, quando os pais estavam fora no trabalho e ele ficou sozinho em casa, lembrou-se de que embaixo da pia tinha um garrafão de vinho. Foi até lá, pegou o garrafão, e abrindo colocou um pouco de vinho em um copo. Guardou cuidadosamente aquele garrafão, e bebeu o vinho. Logo ao sentir-se tonto e sonolento, foi para cama e dormiu o restante do dia. E isso passou a ser uma rotina para aquela pobre criança, que se embriagava sozinho em casa. Não é difícil pensar o que aconteceu quando tornou-se um adolescente. Continuou a beber, mas agora bebia e se drogava igual "gente grande". Quando Cristo fez uma obra na vida daquele jovem, ele converteu-se e abandonou a bebida e as drogas. Mas tudo começou dentro de casa, através do mau exemplo de seu pai.

No fundo do quintal
Um outro caso que me chamou a atenção, mais grave ainda, aconteceu numa família crente, que apesar de tanto sofrer com os casos de alcoolismo pelos quais passara, perseverava em manter aquelas "inocentes" latinhas de cerveja em festas de fim de ano. As tais ficavam sempre em uma caixa de isopor com gelo, mantendo a temperatura, e quem quisesse poderia ir até aquela caixa e pegar a sua "bebidinha" e saborear um churrasco com cerveja. As crianças eram proibidas de tocar ali, mas num momento em que ninguém percebeu, uma dessas crianças da família, com seus 8 a 10 anos de idade, pegou uma lata e rapidamente colocou dentro do shorts e correu para o fundo daquele grande quintal que tinham. Ali, em alguns minutos, ele bebeu todo o conteúdo daquela latinha, rapidamente sentindo-se tonto. Passados alguns minutos repetiu a dose, e a partir daquele dia, já não era tão forte o efeito da bebida, nem o peso na consciência. Logo essa criança começou a fumar escondido também, pois via alguns de seus tios fumando, e aquilo era "bonito" aos seus olhos. Na adolescência vieram as bebidas mais fortes (conhaque, caipirinha, cachaça, vodka, etc.), e veio a maconha também. Em resumo, este jovem crente tornou-se um drogado, viciado em álcool e maconha. Depois de alguns anos Deus em Sua infinita graça e misericórdia, tirou esse jovem dessa situação triste em que se metera, e fez dele um novo homem. Mas onde tudo começou? Dentro de sua própria casa, onde os responsáveis viam a bebida com bons olhos, como se ela fosse algo "inocente".

Álcool é droga
Parece que a sociedade ainda não entendeu que o álcool é uma droga! Uma droga lícita, mas uma droga extremamente perigosa, destruidora, altamente acessível e viciosa. Para muitos o álcool é um trampolim para o uso de outras drogas mais potentes, como maconha, cocaína e crack. A acessibilidade às bebidas alcoólicas, e o efeito “trampolim” que elas produzem, talvez seja o que torna o álcool a droga mais potente e destruidora que existe.


Quanto a nós, crentes, penso que é no mínimo “estranha” a postura que tomamos em relação a esta questão. Parece que também não vemos o quão é destruidora essa cultura massificada da convivência com as bebidas que contém álcool. Destruição essa que assistimos dia após dia, ano após ano, e que tem destruído tantas vidas, tantos lares. Os que condenam com veemência o uso dessas bebidas, são vistos como fanáticos, radicais, etc. Os que bebem “socialmente” são os crentes modernos, de “mente aberta”, dizem que tem auto-controle e que sabem a hora de parar. Infelizmente já foi o tempo em que crente não bebia, hoje em dia existem muitos crentes que bebem, e que consideram isso normal.

Aqui no convívio virtual entre blogueiros, existem aqueles que se dizem crentes, mas não só bebem como divulgam imagens deles mesmos se embriagando, brincando com essa questão tão séria que abala a sociedade como um todo, num verdadeiro efeito dominó. São convertidos? Só Deus sabe, pois um crente verdadeiro, creio eu, não faria coisa desse tipo. É a profanação do nome de Deus, a propaganda do inferno que chegou na igreja.

Existem três problemas cruciais com respeito a bebida alcoólica: o mau testemunho, a dependência, e o excesso. Não há como consumir bebida que contém álcool sem tropeçar em nenhum desses três itens.

Mau testemunho
No mercado, no caixa, na rua, em casa, perante a família, especialmente os filhos, perante os vizinhos, perante os crentes e os não crentes. Esse mau testemunho impedirá a pregação do Evangelho, tornará os crentes usuários da droga álcool, impotentes e comprometidos diante do mundo que jaz no maligno. Imagine a cena, você é membro ou talvez até um líder da sua igreja, um oficial, presbítero, diácono, pastor, ou professor da EBD. A sua igreja está evangelizando e nesse trabalho o Senhor os leva a um lar destruído pelo álcool. O pai dessa família é um alcoólico, e os irmãos, através da pregação do Evangelho, vêem a mão de Deus agir nessa pobre vida, e ele se converte a Cristo. Agora a família está freqüentando a sua igreja e aquele homem luta com todas as suas forças para abandonar o vício. Ele é aconselhado por toda a igreja a firmar-se em Cristo e lutar contra a bebida, e que Cristo o libertará. Esse "irmãozinho" trabalha como garçom numa pizzaria da cidade, e numa bela noite, você está nessa pizzaria com os seus familiares, e todos, inclusive você, estão consumindo vinho e cerveja enquanto comem. Qual seria a reação dessa ovelhinha de Cristo, esse pequenino, ao ver você, o irmão da igreja, bebendo? Você está usando justamente o álcool, que quase o destruiu completamente. Agora troque a cena: você está no supermercado fazendo compras, e entre arroz e feijão, você coloca uma daquelas embalagens plásticas contendo umas 12 latas de cerveja. Andando nos corredores, você é visto pelos funcionários, vizinhos, povo em geral, e ao chegar no caixa, a funcionária que te atende é uma recém convertida, uma aluna da classe de catecúmenos, uma vizinha sua ou vizinha da igreja. O que ela pensa a respeito de seu caráter cristão, ou de seu próprio Deus, da sua Igreja, sua denominação, ao ver que você é um consumidor de álcool? Em casa seus filhos, sobrinhos e netos, estão vendo você consumir aquelas bebidas... Qual será o conceito deles acerca desse assunto, quando se tornarem adolescentes, jovens? O que presenciamos é a ruptura da sociedade, e isso também está acontecendo em muitos lares cristãos, que estão negociando valores inegociáveis, colocando em risco a sua segurança, o  nome e a reputação deles próprios, como também da Igreja a qual pertencem, e até da própria fé cristã. Lendo os textos abaixo dentro dessa visão (tenha coragem, abra a sua Bíblia!) vemos o quanto a Palavra de Deus tem sido desprezada. 

Textos: Pv 20:1; Mt 5:13; Mt 18:6; Mc 9:42; Lc 17:2; Rm 2:24; 12:2; Ef 4:30.

Dependência, vício
Já dizia o antigo ditado que “ninguém começa a beber de garrafa”. A dependência é uma realidade, um copo traz outro copo. A bebida alicia facilmente, é comparada a uma serpente em Provérbios. Pouco a pouco vai se infiltrando na corrente sanguínea, vai acostumando o sistema nervoso com a sensação de leveza, exaltação e agitação. Uma vez preso em seus laços, dificilmente se liberta, somente com muita força de vontade e fé.
Textos: Pv 23:29-35; Gl 5:1; Cl 1:13; Ap 1:15.

Excesso
Em algumas festas de crentes, como natal, ano novo, casamento, aniversário, batizado, etc., são servidas bebidas alcoólicas, e sempre há pessoas que as consomem sem discrição. Quantas e quantas vezes, além do mau testemunho que a bebida em si mesma traz, tais encontros terminam em discussões, brigas, escândalos, etc. Nesse ponto muitos há que dizem que são fortes para a bebida; mas, para estes Deus já deixou um recado em Isaías 5:22 – “ai deles”.
Textos: Gn 9:20-25; 19:31-38; Pv 23:29-35; Ef 5:18.


Conclusão
Que Deus nos ajude a termos o discernimento quanto a este assunto. É possível viver sem bebida alcoólica, álcool é droga, a vida é melhor sem as drogas, PARE DE BEBER. Faça um teste: qual é a sua reação ao ler uma mensagem como esta? Sente-se mal por pensar que "não tem nada a ver"? Você vê a bebida como uma grande amiga, a qual você não quer abandonar devido ao "prazer" que ela lhe proporciona? Já estás cedendo ao poder do álcool? Não se deixe aprisionar, não foi para isso que Cristo veio, mas Ele veio para lhe garantir LIBERDADE! Não permita que o álcool destrua a sua comunhão com Deus, você mesmo e sua família... Creia, Cristo pode te libertar desse mal, e você também poderá dizer: "eu sou livre em Cristo Jesus!" Que Deus te abençoe e te guarde. 

S.D.G.

Clique aqui para saber mais sobre os malefícios, riscos e conseqüências do uso de bebidas alcoólicas.

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