DOCUMENTOS DA HISTÓRIA DA IPB - A MORTE DE UM PRESIDENTE
Por: Rev. Alderi Souza de Matos
No dia 14 de abril de 1865, pouco após o fim da Guerra Civil Americana, o presidente Abraham Lincoln foi alvejado mortalmente por um simpatizante da Confederação. Quando a notícia chegou ao Rio de Janeiro, os residentes americanos pediram ao Rev. Simonton que pregasse um sermão apropriado para a ocasião, o que ocorreu no dia 21 de maio do mesmo ano. Esse valioso documento ilustra o tipo de sentimentos que os missionários experimentavam durante o seu trabalho nos campos estrangeiros e as suas atitudes em relação ao país de origem. Seguem abaixo alguns excertos do início e do final desse texto inédito em português:
“'Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações. Portanto não temeremos ainda que a terra se transtorne, e os montes se abalem no seio dos mares; ainda que as águas tumultuem e espumejem, e na sua fúria os montes se estremeçam.' (Sl. 46.1-3).
Quando o coração é tocado no íntimo por qualquer emoção poderosa, seja de alegria ou de tristeza, suas verdadeiras simpatias e afetos são revelados. Todos os laços artificiais e amizades vazias são ignorados, e somente são reconhecidos os vínculos da natureza e da verdadeira afinidade. É em tais momentos que um homem aprende a conhecer a si mesmo e a seus verdadeiros amigos... Se a tristeza ou alegria tiver um caráter nacional, então será sentida a forte atração daquele vínculo singular que une em uma nacionalidade milhões de indivíduos de diferentes personalidades e gostos – um laço tão real entre homens que amam o seu país quanto a afeição paternal ou filial.
Meus concidadãos, parece-me que esta é a verdadeira interpretação de nosso encontro de hoje. O sentimento ou instinto de nacionalidade está tocado no seu mais profundo e devemos dar expressão a emoções comuns a todos nós... Alguns dias atrás cada um de nós ficou surpreendido e chocado com o rumor de que o presidente Lincoln estava morto, tendo caído pela mão de um assassino... Qual é o significado? Quais são as lições que Deus quer nos ensinar por meio dessa grande calamidade?
Meus concidadãos, parece-me que esta é a verdadeira interpretação de nosso encontro de hoje. O sentimento ou instinto de nacionalidade está tocado no seu mais profundo e devemos dar expressão a emoções comuns a todos nós... Alguns dias atrás cada um de nós ficou surpreendido e chocado com o rumor de que o presidente Lincoln estava morto, tendo caído pela mão de um assassino... Qual é o significado? Quais são as lições que Deus quer nos ensinar por meio dessa grande calamidade?
Como indivíduos, o nosso dever é claro. Embora em terra estrangeira e devendo obediência a suas leis, nossa lealdade ainda é devida à terra do nosso nascimento. Enquanto dessa distância observamos com intenso interesse o curso das questões nacionais, podemos nos identificar com os nossos concidadãos na pátria, sustentando no exterior sua honra e interesses, inclinando-nos com eles diante de Deus em ferventes súplicas por uma bênção para nosso país, nossos governantes e nossas instituições, e lamentando com eles a morte prematura do Supremo Magistrado, que, em ocasiões que testaram as almas dos homens, foi fiel à confiança nele depositada pelo povo e, como ele mesmo indubitavelmente cria, pelo Deus das nações. Ao despedir-se dos seus munícipes e vizinhos em Springfield, para assumir as responsabilidades do seu cargo, ele lhes pediu que orassem por ele, para que pudesse receber graça e força do alto para cumprir o seu dever. Em todos os momentos, em público e em particular, ele reconheceu a mão de Deus em nossas questões e buscou a sua direção. Sua última mensagem pública expressa a mesma fé. Ninguém que não esteja cheio de invencível preconceito irá suspeitar de insinceridade ou hipocrisia no presidente Lincoln. E agora que ele foi para o seu repouso e recompensa, invoquemos a mesma proteção e direção para aqueles que assumem as suas grandes responsabilidades. Sejamos fortes na fé sublime desse salmo inspirado. Tenhamos a convicção de que Deus é o nosso refúgio e fortaleza. Aquietemo-nos debaixo das ações da Sua providência, cujo mistério desafia a nossa interpretação, e aprendamos que Deus é o Senhor, e todos os Seus atos, bons e justos."
Extraído de: O Brasil Presbiteriano on-line http://www.ipb.org.br/versao_pdf/bp_dezembro2008.pdf
O Rev. Alderi Souza de Matos é pastor presbiteriano e historiador oficial da IPB.
E-mail: asdm@mackenzie.com.br
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