Deus, o Justo Juiz


“Defende-me, Senhor, dos que me acusam; luta contra os que lutam comigo.” Salmos 35:1.

O Salmo 35 é um tanto diferente dos outros Salmos, esse é um Salmo imprecatório, que nos faz pensar na ética de nossas orações. “Imprecatório” vem de “imprecação”, que significa desejo expresso de que algo de mau aconteça a um ser ou a uma coisa. Isso significa que devemos desejar o mau a nossos inimigos? Não, não é isso. O que na verdade esse Salmo está dizendo é que devemos moldar a nossa ira procurando colocá-la diante de Deus. Não podemos fazer justiça com as próprias mãos, mas devemos esperar nEle, deixando diante dEle as nossas angústias em forma de oração. 

Não é uma questão de troco, Davi não estava interessado em fazer justiça com as próprias mãos, até mesmo porque a vingança pessoal era condenada desde o Pentateuco (Lv 19.18), mas ele estava deixando para Deus o juízo - Dt 32:35; Pv 25:21-22; Rm 12:9, 20-21. Isso não exclui o amor que é um mandamento. O que posso fazer por alguém deve ser cumprindo o mandamento de amar, mesmo que seja o meu inimigo o objeto desse amor. Cristo nos exortou a praticar o amor, não sentir amor. O gesto de amar é mandamento e não sentimento, essa confusão precisa ser entendida: é lícito expressarmos nossa ira diante de Deus, por causa de uma injustiça sofrida e ainda continuarmos a praticar amor para com os nossos inimigos que nos assolam com mentiras, injúrias e perseguições. Isso mesmo, se o meu inimigo tiver fome, vou dar-lhe comida, se tiver sede lhe darei água, se sentir frio lhe fornecerei um agasalho. 

Rogar a Deus que julgue nossos inimigos não é uma questão apenas dos salmistas, ou apenas do Antigo Testamento, esses são ensinamentos também do Novo Testamento, observe Jesus em Mt 23:14, 29-36; e as vítimas da perseguição que estão nos Céus, em Ap 6:9-11.

No Salmo 35 verificamos essa oração: Davi estava ciente de que era inocente, ele disse: "Julga-me, Senhor, Deus meu, segundo a Tua justiça" (vs.24). Mas cuidado, não faça uma oração como a de Davi quando na verdade você estiver em pecado, sofrendo consequências porque você pecou e causou os traumas conquistando inimigos. Quando isso ocorre, você pode estar agindo como hipócrita e Deus sabe que você é culpado. Quando nossa causa é justa, está ligada à vontade de Deus, podemos pedir ao Senhor livramento. Um exemplo: se nós pastores fossemos obrigados a fazer algo contra a vontade de Deus, acuados por um grupo de pessoas que querem que as igrejas evangélicas realizem o casamento de pessoas do mesmo sexo, ou mesmo que obrigatoriamente nos forçassem a apoiar o aborto, como seria a nossa oração? Creio que seria parecida com o Salmo 35. Quando oramos assim estamos pedindo que o bem triunfe, e estamos interessados na glória de Deus. 

Por isso, espere em Deus. Quando for criticado ou rejeitado injustamente, diga à sua alma: "O Senhor é a minha salvação" (vs.3), e mesmo que o problema demore e persista, continue a confiar (vs.17), e não faça, nem tente fazer justiça com suas próprias mãos, ou se vingar. Deixe o julgamento dos inimigos para Deus, o Justo Juiz. 

Por: Donizete Ladeia, IPB de São Bernardo do Campo - https://ipsbc.org.br.

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