LOUCURAS EVANGÉLICAS - RENÉ TERRA NOVA, O PAPA GOSPEL
A WEB cristã se escandalizou
com o último delírio de Renê Terra Nova. Cercado de pompa e circunstância o já “apóstolo
da visão celular” foi proclamado “patriarca” por vários líderes – ligados ao
Ministério Internacional da Restauração – dando conta que, segundo eles, a sua
“unção” é a mesma dada por Deus a Abraão, o que pode ser conferido em seu
próprio site (1).
Esta unção foi inicialmente
referendada em um “ato profético” realizado no final de 2009 por Morris
Cerrullo (2). Desde então, Terra Nova deixou de assinar “apóstolo” e passou a
se auto proclamar “PAIpóstolo” e, agora, “patriarca”. Seria ele um “papa
gospel”.
UMA RADIOGRAFIA DO MOVIMENTO
CELULAR BRASILEIRO
Refutamos as doutrinas
espúrias e as técnicas de captação de membros do modelo do MIR (Ministério
Internacional da Restauração) e defendemos que, por trás das práticas de
idolatria geográfica e das mudanças na hierarquia eclesiástica, não há tão
somente vaidade ou ignorância bíblica, mas a montagem de um arcabouço de
gestão.
Tal estrutura, em conjunto
com o dogma da “infalibilidade patriarcal”, estabelecido recentemente por Terra
Nova, e as campanhas de HONRA e FIDELIDADE ao “pai da visão”, garantem o
controle financeiro e político sobre a dispersa, mas imensa estrutura da nação
celular nacional.
O movimento G12 tem sido
acusado de práticas absolutamente anti-bíblicas, em especial em função dos
ventos de doutrina e modismos criados a partir de meras ilustrações
vetero-testamentárias retiradas de seu contexto.
Contudo, antes de
prosseguir, gostaríamos de fazer dois parênteses:
(1) Percebam que não generalizamos
a crítica ao modelo ou às pessoas envolvidas, mas às práticas perniciosas
vistas em alguns movimentos neste formato.
(2) Que fique claro que o
foco da nossa crítica à estrutura celular não é em função da existência de
grupos pequenos. Ao contrário, reconhecemos a importância de uma congregação
baseada em grupos pequenos.
Entretanto, entendemos que
os grupos pequenos são apenas satélites, não se pode transferir para as células
a condução do discipulado e as bases doutrinárias da congregação. A nós,
preocupa ver pessoas despreparadas assumindo um papel de liderança espiritual e
doutrinária que caberia somente a um líder preparado, pastor aprovado e
avaliado por presbíteros, como ocorre em uma congregação tradicional onde é
dado o tempo necessário à formação de um líder de pessoas.
Diferentemente de um grupo
pequeno de uma congregação tradicional, cujos objetivos são aumentar a comunhão
dos membros, fortalecer os irmãos na fé, acompanhar neófitos e encorajar o
estudo da Palavra; a estrutura celular assume papéis que caberiam às lideranças
preparadas e o fazem no intuito primeiro de crescimento, não de fundamentação.
Sem a devida formação, ficam
as células e seus líderes sujeitos a todo vento de doutrina, não são tendas
fundadas na rocha, mas grupos frágeis emocionalmente dependentes de
experiências sensoriais vividas em congressos e encontros periódicos, onde a sã
doutrina passa longe. Ou seja, são cegos guiando outros cegos.
Muitas igrejas saudáveis, ao
aderirem ao tal “movimento”, acabaram divididas, comprovando que as células
produzidas tornaram-se potencialmente cancerígenas.
No Brasil, não são poucas as
ocorrências de claro sincretismo com práticas ocultistas, numerologia,
candomblé e outras práticas disfarçadas sob uma “nomenclatura” pretensamente
bíblica, mas que não encontra respaldo na Palavra e provoca um verdadeiro
abismo entre suas práticas bizarras e a sã doutrina.
Dados a realizar atos
proféticos em profusão, destes que demarcam território com urina, atiram
pétalas de rosas ungidas de helicóptero, ou realizam performances teatrais que
lembram aquelas vistas em filmes de Hollywood simulando cortes de reis da
antiguidade, os “G12zistas” são reconhecidos rapidamente pelo seu linguajar
peculiar.
Seus encontros são famosos
pelo uso de diversas práticas e jogos psicológicos envolvendo exposição
humilhante dos novos participantes a técnicas de lavagem cerebral visando
desestabilizá-los e torná-los susceptíveis ao processo de adesão ao grupo, tudo
realizado em isolamento, horários maçantes e clima de constante pressão
emocional.
Há muito material tratando
destes aspectos de alguns movimentos de visão celular e de suas heresias. Nosso
objetivo neste artigo é tratar de certos aspectos organizacionais do movimento
no Brasil e defender a tese de que certas práticas, incluindo as recentes
mudanças na hierarquia eclesiástica evangélica não têm base doutrinária, mas são
atos apenas de vaidade, como o supracitado caso do “patriarca, e fomentam a
implantação de instrumentos de gestão financeira e política dentro desses
movimentos.
ENCONTROS E PENAS NOS
COCARES
Quem já assistiu filmes de faroeste,
sabe que quanto mais penas tem o índio no cocar, mais ele manda na tribo. Com
uma estrutura que cria células (e caciques de células) em alta velocidade,
botar ordem nesta tribo não é fácil. Mais do que isto, ao contrário dos grandes
líderes de denominações com estrutura tradicional, o cacique manda-chuva da
visão celular não conta com a mesma facilidade de arrecadação financeira e,
função da distância das bases, fica mais sujeito ao sabor das disputas
políticas e dos motins dos pequenos caciques.
Com tantos índios de cocar e
muito dinheiro circulando – veja que a arrecadação é alta, a doutrina é
fundamentada na teologia da prosperidade e não há os custos tradicionais com
obras, luz, aluguel, obreiros, etc. das congregações tradicionais – a gestão
política e financeira é para eles, um caminhar no fio de navalha!
Congresso disto, encontro
daquilo, caravana “sabe-lá-pra-onde”, esta é forma dos escalões superiores
cobrarem das células a sua receita. Crescendo ao ritmo daqueles esquemas de
pirâmides, cada encontro local, da região, da cidade, estado, nacional,
internacional, vai ficando cada vez mais “tremendo” e enchendo os cocares (e bolsos)
dos caciques com mais penas.
NINGUÉM QUER SER SERVO! TORPE
GANÂNCIA!
Bem disse Pedro, que embora sendo
apóstolo, contentava-se em ser chamado presbítero: “Por ganância farão de vós negócio, com palavras fingidas. Para eles o
juízo lavrado há longo tempo não tarda, e a sua destruição não dorme” 2
Pedro 2:3.
Uma coisa é certa: o juízo
de Deus vai descer no lombo desses “pseudo-qualquer-coisa”. Observe a
megalomania da declaração de uma das "autoridades" que refenderam o
patriarcado de Terra Nova. A “nação de Israel”, representada por Malcolm
Hedding, Diretor da ICEJ, reconheceu o Apóstolo Renê como um grande aliado da
Terra Santa:
“É uma grande alegria
reconhecer que você recebeu das mãos de Deus as nações da Terra e as tem
conduzido a Sião. Deus o enviará ainda mais longe, e você saberá que ele o
chamou para ser Patriarca”, enfatizou.
Que bom seria se os pastôres
que se colocam sob sua "cobertura" atentassem para as palavras de
Pedro, e percebessem a encrenca na qual estão se metendo. Se ainda há alguns
sinceros, entre os milhares de ávidos por títulos e lucros, é a eles que o
apóstolo Pedro (apóstolo de verdade!) endereça sua advertência:
“Apascentai o rebanho de Deus que está entre vós,
tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente, não por torpe ganância,
mas de boa vontade; não como dominadores dos que vos foram confiados, mas
servindo de exemplo ao rebanho.” 1
Pedro 5:2-3.
Logo o leitor começa a
perceber que a criação e distribuição de honrarias e títulos hierárquicos são
estratégias necessárias à manutenção da ordem nesta nação. A FIDELIDADE é um
dogma! E como a palavra HONRA é repetida nos discursos de Renê Terra Nova. Ser
“legítimo” é ser aprovado pelo cacique e, a este, se deve fidelidade. A “honra”
é dada ao fiel e ao pai da visão. O que ninguém consegue explicar é a razão
pela qual o auto-aclamado patriarca se esquece de dar honra ao verdadeiro
idealizador do modelo “gedozista”, o colombiano Cesar Castellanos, de quem,
após aprender o pulo do gato, veio a separar-se em Março de 2005. O princípio
protestante de que TODA HONRA e TODA a Glória devam ser atribuídas
exclusivamente a Cristo, não faz parte do discurso de Terra Nova:
“Filhos, os nossos Congressos
estão crescendo na maturidade e adesão de novas lideranças. Estamos vivendo
momentos singulares, pois a visão chegou em um nível de consolidação que está
atraindo os novos Filhos e os Filhos Legítimos estão mais sedimentados no
propósito que antes. Vamos consolidar com saúde os novatos, mantendo o testemunho
da Honra ao nosso Líder. (...) Quero deixar claro aos Fiéis discípulos, Filhos
Legítimos, possuidores do DNA da Honra que são de uma linhagem inegociável, que
meu coração está pleno de alegria, pois tenho visto a Mão do Poderoso Deus nos
dirigindo para coisas maiores. Tenho conhecido uma demanda de fidelidade em
discípulos que jamais esperava que Deus fosse nos agraciar com tamanha medida.”
A fim de assegurar para si o
controle da nação e evitar a rebeldia de líderes regionais, o que já ocorreu
diversas vezes, os líderes tomaram para si a aprovação dos líderes locais e
Terra Nova tratou de, reiteradamente, conceder novos títulos aos líderes
regionais, organizando macro e micro áreas de influência, o que o levou a
conceder no ano passado o título de apóstolo aos líderes regionais, dando um “upgrade”
no topo da hierarquia evangélica nacional, criando para si, a principio, o
título de PAIpóstolo (o pai dos apóstolos) e, não lhe parecendo bastante,
arvora para si agora o título ainda mais eloqüente: Patriarca, tal qual Abraão.
A INFABILIDADE DO PATRIARCA
De que vale um título de
patriarca sem todo o poder que este pode oferecer? O patriarca da igreja
católica, o papa, conta com o dogma da infalibilidade que afirma ser o mesmo,
em comunhão com o Sagrado Magistério, quando delibera e define solenemente algo
em matéria de fé ou moral, “ex cathedra”, estar sempre correto. Pois não é que
o senhor Renê Terra Nova defende para si um poder ainda maior, veja o que disse
em seu site:
“Na Palavra principal desta
manhã, o apóstolo Renê Terra Nova falou sobre a responsabilidade que o líder da
Visão Celular tem em preservar a identidade do Grande Eu Sou. Lembrou que o
nome de uma pessoa é o bom tesouro que deve ser preservado. Para isso, no
entanto, o líder deve em primeiro lugar conhecer a identidade do Grande Eu Sou,
que fará toda diferença na sua vida, deixando de lado a exaltação pessoal. ‘Nunca
um líder deve questionar a identidade do Grande Eu Sou. Todos os que fizeram
isso, acabaram provando a morte física e espiritual, com o exemplo de Faraó, no
Egito’.
Em segundo lugar, lembrou o apóstolo
Renê Terra Nova, o líder deve preservar a identidade do seu líder. Ele nunca
deve questionar a identidade de seu mentor, a identidade de sua liderança. No
dia em que João
Batista fez isso, perdeu a cabeça. Ele que havia preparado o
caminho de Jesus, que era primo de Jesus, mas que perdeu o legado da identidade
de Jesus, quando entrou na rota da suspeita da identidade de seu líder. ‘Herodes
questionou a identidade de Jesus e foi comido por bichos. João Batista
questionou a identidade de seu líder Jesus e por isso perdeu a cabeça. Todo
aquele que duvida da identidade do líder perde a legitimidade e o legado da
liderança de Jesus’, disse o Apóstolo.”
Que bela “exejegue”! Alguém
já ouviu tamanho absurdo relativo ao profeta João Batista? O que o levou a
perder a cabeça foi sua fidelidade para com o exercício de sua chamada, não
negociando com a verdade (Mc 6:17-28).
IDOLATRIA GEOGRÁFICA
Encarrapitado no extremo
norte do país, Terra Nova sabe que são limitadas as oportunidades de seu
rebanho disperso visitar seu luxuoso templo em Manaus, a geografia não ajuda.
Apesar disto, realiza ali alguns encontros cercados de meandros faraônicos e
usa de forte pressão sobre os seus líderes regionais para trazer membros para
as “fanfarras gospel”.
Mas são as viagens
proféticas as grandes receitas do grande líder, que reciclou diversas festas do
judaísmo vetero-testamentário e, mesmo do atual, de maneira a encher a
“embaixada da visão” em Israel, para alegria dos vendedores de badulaques da
baixa Jerusalém.
Comemorar Purim, Festa dos
Tabernáculos, ano-novo judaico, Chanucá, etc, pode até parecer doutrina
judaizante da parte deste senhor, e é. Mas o propósito maior é reunir o seu
rebanho disperso para ouvir de “sua boca ungida de patriarca”, a última visão
dada por “deus” ao “iluminado” e garantir uma receita forte nas comissões das
caravanas e nas ofertas alçadas em suas “profetadas” memoráveis. Quem participou
destes encontros sabe que é melhor fazer o free-shop na ida, pois na volta não
vai sobrar nem para o táxi.
EI, VOCÊ AÍ! ME DÁ UMA
OFERTA AÍ!
Será que o untado patriarca
jamais leu Gálatas? Nunca lhe disseram que a Jerusalém atual é escrava juntamente
com seus filhos, e que a Jerusalém que é de cima, da qual somos filhos, é
livre? (Gl 4:25-26). Se ele não sabe disso, não serve para liderar. Se sabe,
mas prefere manter o povo na ignorância, servindo-se da mesma, ele não presta
nem pra ser cristão.
Percebam que estes encontros
são necessidades vitais na gestão do negócio, contudo se não há o contexto
mágico / espiritual da idolatria geográfica é muito mais difícil forçar uma
adesão em massa. Sendo
assim, práticas de “tomada de território para Jesus” e atos proféticos
dependentes da energia dos locais “santos” são fundamentais para o alimento infantil
dos membros deste grupo (1 Co 13:11).
São viagens a Israel,
Jordânia, Egito, e até Coréia. E a cada ano, uma visão nova dada pelo
patriarca. E tome sacolinha subindo com ofertas da base para o topo da pirâmide
da nação em ritmo acelerado!
O ACARAJÉ DE JESUS
A última tacada estratégica
de Terra Nova foi estabelecer no Brasil um centro de peregrinação, mais viável
econômica e logisticamente função de uma nação continental. Para tanto, era
necessário criar uma falácia espiritual capaz de sustentar o engodo profético.
Neste intuito, há três anos
Terra Nova colocou 800 “profeteiros” em escunas e redescobriu o Brasil em Porto Seguro , tomando
posse espiritual no país para a visão celular. Uma bela conversa fiada que cria
a atmosfera espiritual perfeita para a “Sião” brasileira, que não por acaso, é
um destino: (1) central, (2) com super estrutura hoteleira – normalmente pouco
ocupada na época do evento de Renê; e (3) conta com a milha aérea mais barata
do país, função da profusão de vôos charter. Resumo da “ópera gospel”: ali a
“visão” criou uma espécie de “Parintins gospel”, que a cada ano vem crescendo
em gigantismo e bizarrice.
Porto “Sião” Seguro, um evento
feito na medida para atender a todo bolso da visão celular e garantir uma
arrecadação milionária aos líderes, veja trecho da carta de Terra Nova sobre o
assunto:
“O que nos fortalecerá para
esse êxito é a FIDELIDADE dos nossos Líderes, que são nossos representantes e
que deverão, no ofício do chamado, fazer as convocações regionais ou ministrar
nos Congressos acerca de Sião e da nossa aliança. Isso honrará o BRASIL como
nação que visita e impacta Israel dentro do território, como equipes e não como
isolados, pois a força de uma conquista é a UNIDADE. Bem, também estamos
esperando as inscrições para Porto Seguro, pois sabemos que neste ano de 2010
haverá uma explosão de fiéis que estarão dentro do nosso território profético,
selando o melhor momento da História da Nação, a consolidação da conquista da terra.
Não posso imaginar a hora deste momento histórico, pois foi gerado com muita
guerra e Deus estará nos honrando de forma sobrenatural. É CHEGADO O REINO DE
DEUS NA NOSSA NAÇÃO.”
Temos, portanto, as comissões
de passagens, hospedagem, vendas de quinquilharias e os ingressos das festas
que são caríssimos. Mas não fica aí. Há sempre uma unção nova a ser vendida aos
participantes. E pensar que o próprio Senhor Jesus, ainda antes de sua
derradeira ida a Jerusalém (quando se encontrou com a mulher samaritana no poço
de Jacó), decretou o fim das peregrinações a templos e “locais sagrados”
objetivando cumprir obrigações religiosas ou para “estar” com Deus (Jo 4:21-24).
Não temos nada contra
viagens de cunho cultural a Israel e outros destinos que foram cenário de
acontecimentos relatados nas Escrituras Sagradas. É mesmo especial poder
visitar os locais onde fatos tão marcantes ocorreram. Contudo, não é esta a
prática da “visão” do MIR, mas os atos proféticos, a idolatria geográfica, a
insanidade que costura o véu que Jesus rasgou e ressuscita os sacerdotes do
templo e seus vendilhões, até mesmo onde nunca existiram, como nas paradisíacas
praias da Bahia.
Dono de uma unção tão
especial que o faz representante do “Eterno” na terra e o tem permitido
conversar até com o próprio demônio (3), como o próprio afirma em matéria
listada a seguir, Renê Terra Nova se consolida como o líder inquestionável de
um movimento que, a cada dia, se separa mais e mais do cristianismo enquanto
realiza um dos maiores estragos já feitos na Igreja brasileira. Um homem que
hoje assina sua cartas aos “filhos” assim:
“PAItriarca, 24 horas
gerando a visão e avivamento no espírito. Shalom!”
Podem esperar. A coisa não
fica por ai! Enquanto houverem cegos espirituais, Terra Nova e os falsos
profetas, seus pares, vão deitar e rolar!
"Acautelai-vos,
porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas,
interiormente, são lobos devoradores." Mateus 7:15.
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