Reconhecendo nosso inimigo – parte 2

Ezequiel 28:11-19

A Bíblia nos revela quem é o nosso inimigo, sua malignidade e ardis. É estratégico conhecermos o que a Palavra de Deus nos revela sobre ele. Assim o reconheceremos melhor, venceremos seus ataques mais facilmente, e obviamente não nos assemelharemos a ele. O presente texto é de uma riqueza singular, pois nos revela a glória que satanás teve antes de sua expulsão; sua queda e o que o levou a cair; e seu castigo e vergonha.

Ezequiel foi escrito por volta do ano 592 a.C. A primeira parte do presente capítulo (vs.1-10) é uma referência direta e óbvia ao “príncipe de Tiro”, o rei que então ocupava o trono, Itobaal II (Etbaal) cujo orgulho é severamente denunciado. A segunda parte do capítulo (vs.11-19), no entanto, com suas referências sobre-humanas, aparentemente descreve alguém distinto do príncipe humano de Tiro, especificamente satanás. Os privilégios especiais que lhe foram dados anteriormente são descritos nos vs. 12-15, e sua queda e julgamento nos vs. 16-19. Porém, algumas partes desses versos (11-19) também referem-se ao príncipe de Tiro.

Sua glória pregressa – vs. 12b; 13; 14; 15a.
Antes da queda o inimigo recebeu de Deus um certo tipo de glória que o tornara um ser  especial. Como tal, certamente ele teve uma importância e um ministério especial da parte de Deus. É o que vemos nesses versículos.
(12b) “Sinete” da perfeição, isto é, a consumação, o máximo da perfeição dos anjos. Deus é perfeito e a perfeição aqui mencionada é apenas um reflexo daquela, sendo apenas uma menção do brilho que Deus lhe concedera. Além disso, ele era “cheio de sabedoria e formosura” (beleza). Imagine como esse anjo era bonito, com toda glória que Deus lhe concedeu em perfeição, sabedoria e formosura.
(13) A afirmação de que ele estava no Éden confirma a presente interpretação. A descrição aqui contida certamente refere-se às vestimentas que lhe foram dadas, “no dia em que foste criado”. As pedras preciosas e o ouro são matéria, mas este ser é espiritual, portanto o que temos aqui é uma menção da beleza com que ele era revestido.
(14) Ele era um “querubim da guarda”, ou seja, um ser especial com uma missão especial. Além disso, ele fora ungido, isto é, consagrado e capacitado por Deus para essa tão importante missão. Outro dado importante é que ele fora estabelecido pelo próprio Senhor, e nisso ele recebeu de Deus uma honra especial. O lugar onde ele ficava era na presença do próprio Deus, “no santo monte de Deus”, e “no brilho das pedras andava”, ou seja, se movia na própria presença da glória de Deus.
(15) A perfeição é mais uma vez citada aqui como sendo algo que lhe fora doado desde o momento de sua criação. Os caminhos são uma referência àquilo que ele fazia, seu ministério e função.
Aqui temos o dilema da origem do mal: “até o dia em que se achou iniquidade em ti”.


Seu pecado e queda – vs. 15b; 16a; 17a; 18a.
O pecado surgiu em satanás ocasionando sua queda e destruição. O que temos nesses versículos é uma descrição da iniquidade que foi achada nele, conforme o vs.15b.

(16a) A palavra “comércio” aparece aqui e no vs.18. A multiplicação dessa prática trouxe a violência. Não sabemos dimensionar até que ponto essas colocações se aplicam ao príncipe de Tiro (vs.4-5) ou ao diabo. Se, por um lado o texto é direcionado a esse príncipe humano, o espiritual também é negociante, enganador e violento. O que preocupa é como essa característica tem se tornado tão comuns na vida do povo chamado “de Deus”, ou evangélico. Desde músicas cristãs, CDs e livros, até Bíblias. Cantores e pregadores que “vendem seu peixe” a quem der mais. Não deveriam eles viver do básico? Se as músicas e os livros são inspirados pelo Senhor, não deveriam abrir mão do lucro e vender a preço de custo? Por que shows pagos? Não seria muito melhor de graça? Por que não viver moderadamente, com conforto até, mas sem ostentação? Não foi esse o proceder do Rei dos reis? Se essa era e governada pelo maligno, o que vemos no mundo todo é o aumento do comércio de forma cada vez mais desmesurada. Vendem-se não só produtos, vendem-se também pessoas, corpos, vidas... Outros vendem curas, milagres e salvação. Certamente isso não é de Deus, mas um sinal claro do comércio promovido por satanás.

(17a) O orgulho e a soberba trouxeram a ruína desse querubim da guarda. Justamente por causa da formosura (beleza) e do resplendor que Deus lhe concedera, o seu coração elevou-se, corrompendo a sua sabedoria. O alerta de Deus em 1 Tm 3:6 é para que não se incorra no mesmo pecado que destruiu satanás. Deus resiste aos soberbos, contudo aos humildes concede a Sua graça (1 Pedro 5:5b).

(18a) As iniquidades que se multiplicaram, o comércio injusto e a profanação dos santuários marcaram a derrocada e a queda do querubim ungido.

Seu castigo e vergonha – vs. 16b; 17b; 18b; 19.
(16b) Ele foi lançado profanado para fora do “monte de Deus”. Profanado é o que não é sagrado, não consagrado, estranho e contrário à religião cristã (Dicionário Michaelis). A beleza, o brilho e a formosura que ele teve outrora transformou-se em profanação. Nesse versículo ainda há uma parte que não se cumpriu: o Senhor o fará perecer em meio ao brilho das pedras, ou seja, ele ainda será totalmente destruído.

(17b;18b;19) O texto de Ezequiel é profético, ainda não se cumpriu totalmente. Estes versículos tratam do castigo, vergonha e humilhação a que o inimigo será submetido. Na volta do Senhor todo joelho se dobrará e toda língua confessará que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai (Rm 14:11; Fp 2:10). O castigo de satanás, anunciado nesses versículos, só se consumará quando ele for lançado definitivamente no lago de fogo (Ap 20:10).
 
Soli Deo Glória!!!

Material de apoio: ABA – A Bíblia Anotada.

Leia também Reconhecendo nosso inimigo - parte 1

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