A Igreja Perseverante (1) - Como Viviam


“E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações.”

Atos 2:42.

Mensagem gravada no YouTube e Spotify

O que são projetos? São planos que nós fazemos para nossa vida, nossa jornada, nossa família. Geralmente temos projetos na vida profissional e acadêmica. Muitas vezes nossos projetos não dão certo, não acontecem como desejávamos. Isso porque “o coração do homem pode fazer planos, mas a resposta certa dos lábios vem do Senhor" (PV 16:1).


Mas vamos meditar hoje acerca de um projeto infalível, perfeito, que não passará, um projeto eterno, um projeto de Deus: a igreja. Sim a igreja é um projeto de Deus, e um projeto vitalício que não vai falhar. Os homens podem falhar, mas o projeto de Deus não falhará jamais porque Deus é perfeito e zeloso para com a Sua obra. Cabe a nós portanto servos de Deus, procurarmos nos adequar cada dia mais ao projeto de Deus. Esse projeto está narrado e estipulado na Bíblia, no livro de Atos dos Apóstolos.


Especificamente no início de Atos, após derramamento do Espírito Santo no Pentecoste, nós vemos uma igreja sem vícios ou doenças, exatamente o projeto de Deus para aquele início. Havia um problemas e dificuldades, obviamente, mas Deus era com eles e o modo como Deus os ensinou a serem igreja fez com que eles se espalhassem por todo o mundo. A perseverança nesses princípios é que fez com que a Igreja Primitiva não morresse, mas prevalecesse sobre TODAS as dificuldades, e não eram poucas e nem simples de resolver. 


Vejamos então amados quais são esses princípios normativos da vida da igreja conforme Deus ordenou para nós. O que a Igreja Primitiva praticava e que nós temos que praticar também para que possamos cumprir o ministério para o qual Deus chamou cada um de nós neste lugar.


Esses são os quatro fundamentos da Igreja Primitiva.



1- Doutrina dos Apóstolos 


Doutrina é ensino. Então não é qualquer doutrina, é a dos Apóstolos. Quem são os Apóstolos?? São os doze que Cristo chamou: 


“Apóstolo significa “enviado”. Os apóstolos foram 12 discípulos que acompanharam Jesus e tinham intimidade com Ele, recebendo um treinamento especial para anunciar o Evangelho e fundar a Sua Igreja. Os 12 apóstolos foram: Simão (Pedro), André, Tiago (filho de Zebedeu), João, Filipe, Bartolomeu, Tomé, Mateus, Tiago (filho de Alfeu), Tadeu (Judas), Simão (o Zelote) e Judas Iscariotes.” (Site Respostas, Pr. Marcelo Teixeira Mallet).


Judas traiu Jesus e depois que ele morreu o Senhor levantou o apóstolo Paulo em seu lugar.


“João Calvino tinha uma visão elevada e fundamental dos apóstolos dentro de sua teologia. Para ele, os apóstolos desempenharam um papel único e insubstituível na fundação da Igreja Cristã e na transmissão da verdade do Evangelho. Aqui estão alguns pontos chave sobre o que Calvino falou sobre os apóstolos:

1. Fundamento da Igreja: Calvino via os apóstolos como o fundamento sobre o qual a Igreja foi construída, juntamente com os profetas do Antigo Testamento. Eles foram os instrumentos escolhidos por Cristo para revelar a doutrina cristã e estabelecer a ordem da Igreja. Ele frequentemente se referia a Efésios 2:20, que afirma que a Igreja é "edificada sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, sendo o próprio Cristo Jesus a pedra angular".

2. Autoridade Divina: Calvino enfatizava que os apóstolos falavam com autoridade divina, pois foram inspirados pelo Espírito Santo. Seus ensinamentos, conforme registrados no Novo Testamento, são considerados Palavra de Deus e possuem a mesma autoridade que o Antigo Testamento. Para Calvino, a Escritura era a autoridade final, e os escritos apostólicos eram parte essencial dessa Escritura.

3. Testemunhas Oculares: Ele ressaltava que os apóstolos foram testemunhas oculares da vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Essa experiência direta conferia uma credibilidade especial ao seu testemunho e aos seus ensinamentos sobre Cristo.

4. Ofício Extraordinário: Calvino distinguia o ofício apostólico de outros ministérios na Igreja. Ele acreditava que o apostolado era um ofício extraordinário e temporário, necessário para a fundação da Igreja. Uma vez que a doutrina do Evangelho foi plenamente revelada e a Igreja estabelecida, a necessidade desse ofício específico cessou. Os ministérios posteriores, como pastores e mestres, deveriam se basear e continuar o ensinamento apostólico.

5. Transmissores do Evangelho: Os apóstolos foram os principais transmissores do Evangelho ao mundo. Sua pregação e seus escritos levaram a mensagem da salvação a diferentes povos e culturas. Calvino via a continuidade da Igreja através da fiel pregação e ensino da doutrina apostólica.

6. Exemplo de Fé e Dedicação: Calvino também apresentava os apóstolos como modelos de fé, coragem e dedicação ao serviço de Cristo. Suas vidas, marcadas por perseguições e sofrimentos, eram um exemplo para todos os crentes.

Em resumo, para João Calvino, os apóstolos eram figuras centrais e autoritativas na história da salvação e na fundação da Igreja. Seus ensinamentos, preservados nas Escrituras, constituem a base da fé cristã e continuam a guiar a Igreja através dos séculos. Ele os via como instrumentos divinamente inspirados para revelar a verdade de Deus e estabelecer a ordem para a vida da Igreja.” (Gemini).


2- Comunhão 


Isso está ligado intrinsecamente ao ato de congregar-se, o ajuntamento do povo de Deus, conforme nos relata o Salmos 133:


“1 Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos! 2 É como o óleo precioso sobre a cabeça, o qual desce para a barba, a barba de Arão, e desce para a gola de suas vestes. 3 É como o orvalho do Hermom, que desce sobre os montes de Sião. Ali, ordena o Senhor a sua bênção e a vida para sempre.”


Estar em comunhão não é algo aleatório ou que caiba a nós decidir sobre sua importância, é uma necessidade espiritual, uma obrigação dos fiéis, porque é ali na comunhão é que o Senhor ordena Sua benção sobre nós, sem a qual nós naufragariamos da fé.


Exceto se por motivo justo, a ausência da comunhão é vedada aos crentes, conforme o Senhor ordena em Hebreus 10:


“25 Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima.”


Mas não se trata de igrejismo ou ativismo religioso, na comunhão é que somos moldados pelo Espírito Santo vivendo juntos no amor de Cristo, em santidade e oração. Para estar em comunhão é preciso a constante prática do perdão em amor, conforme Jesus nos ensinou em João 13:


“34 Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como Eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. 35 Nisto conhecerão todos que sois Meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros.”



3- Partir do pão 


Essa parte tem duas interpretações claras. A primeira delas tem muito a ver com com o item anterior, comunhão que é a participação na Santa Ceia do Senhor. Perseverar no partir do pão é não deixar de participar desse Sacramento ordenado por Deus, obedecendo ao Senhor Jesus que disse em João 6: 


“53 Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tendes vida em vós mesmos. 54 Quem comer a minha carne e beber o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. 55 Pois a minha carne é verdadeira comida, e o meu sangue é verdadeira bebida. 56 Quem comer a minha carne e beber o meu sangue permanece em mim, e eu, nele. 57 Assim como o Pai, que vive, me enviou, e igualmente eu vivo pelo Pai, também quem de mim se alimenta por mim viverá. 58 Este é o pão que desceu do céu, em nada semelhante àquele que os vossos pais comeram e, contudo, morreram; quem comer este pão viverá eternamente.”


Mas não se trata de comer um pedacinho de pão e tomar um cálice de suco de uva, tomar parte da mesa do Senhor, a Santa Ceia, requer o cumprimento de elementos bíblicos sem os quais a mesma passa a trazer sobre a pessoa um peso de culpa. Observe que o apóstolo Paulo diz em primeiro aos Coríntios 11 onde destacarei apenas alguns versículos:


“27 Por isso, aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor, indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor. 28 Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e, assim, coma do pão, e beba do cálice; 29 pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si. 30 Eis a razão por que há entre vós muitos fracos e doentes e não poucos que dormem.”


Infelizmente há muita confusão e distorções a respeito desse assunto por exemplo: 

  • pessoas que não tomam a Santa Ceia e acham que está tudo bem, 

  • pessoas que tomam a Santa Ceia em igrejas onde são desconhecidos e vivem uma vida torta, 

  • pessoas que compram a Santa Ceia pela internet de algum aproveitador que se diz apóstolo e toma sozinho em casa.


Mas o cristão verdadeiro participa da mesa do Senhor com diligência, temor e fé.


A segunda forma de se interpretar esse ato de “partir do pão”, e que não é totalmente errática, porém entendo que não seja o principal sentido do texto, trata da ajuda mútua da igreja aos necessitados. Essa questão é melhor trabalhada no capítulo 6 de Atos vs. 1-7 que trata da instituição dos diáconos. É preciso que haja zelo para com aqueles que estão aparecendo tribulações, do contrário não se pode dizer que há real comunhão cristã.



4- Orações 


A Igreja primitiva era uma igreja de oração encontramos diversos relatos da igreja orando e clamando a Deus.


  • Atos 2 na descida do Espírito Santo.

  • Em Atos 3:1 Pedro e João subiam ao templo à hora da oração.

  • Atos 16:16 Lucas e Paulo encontravam-se em um "lugar de oração".

  • Atos 12:5 a oração retratada como um meio de resposta à prisão de Pedro.

  • Atos 28:7-9 a oração e a cura de um homem na Ilha de Malta. 


Esses são apenas alguns exemplos, há muitos outros que mostram que a oração era vista não como algo cerimonial, ritualístico ou simbólico apenas, mas como um meio de se aproximar de Deus e entrar na presença dEle de fato espiritualmente.


Oração não é mágica, oração é comunhão com Deus, intimidade com o Pai eterno. Jesus é o nosso intercessor, por isso nós sempre oramos em nome de Jesus como Ele próprio ordenou em João 14:


“13 E tudo quanto pedirdes em meu nome, isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho. 14 Se me pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei. 15 Se me amais, guardareis os meus mandamentos.”


É na oração que somos fortalecidos, é na oração que somos restaurados, é na oração que somos transformados.


Mas oração também não é emocionalismo. Existem aproveitadores que manipulam as pessoas através disso, e não podemos nos deixar enganar por falsos profetas. Podemos sim nos emocionar, claro, somos humanos e Deus criou as emoções. Mas não podemos ser governados por emoções, meninos agem assim, adultos na fé não. Crentes amadurecidos vivem por fé na Palavra de Deus e não por emoções. Mas volto a dizer: podemos nos emocionar na oração, e como é bom sermos quebrantado diante do Pai. Essa emoção é boa, não é uma noção superficial e nem fruto de manipulação, mas é algo gerado pelo Espírito Santo de Deus em nós quando oramos. O quebrantamento produzido literalmente por Deus transforma a nossa vida e muda o nosso pensamento nos adequando à Palavra de Deus.



Conclusão - Perseveravam 


O diferencial da Igreja primitiva era a sua persistência na fé, eles perseveravam em tudo que foi falado aqui. Ou seja, eles não eram pessoas de ânimo dobre, duplo, que se desanimavam e mudavam de opinião e de pensamento de acordo com as circunstâncias. Mas eram pessoas focadas em Deus, crentes verdadeiros que tinham como meta não desistir, não desanimar jamais dessas bençãos espirituais: 

  • a doutrina dos Apóstolos 

  • a comunhão 

  • o partir do pão e 

  • as orações.


Sejamos assim também, pois esse é o projeto de Deus para nós, essa é a nossa luta e o nosso desafio espiritual. 


Que Deus nos abençoe, amém!



SDG - Soli Deo Gloria!!!


11/05/25 IPIVC

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