A Igreja é Una


“A fim de que todos sejam um; e como És Tu, ó Pai, em Mim e Eu em Ti, também sejam eles em Nós; para que o mundo creia que Tu Me enviaste.” João 17:21.

Por: R. C. Sproul

No capítulo dezessete do Evangelho de João, Jesus oferece a oração mais extensa registrada para nós no Novo Testamento. É uma oração de intercessão na qual Ele orou por Seus discípulos e por todos aqueles que haveriam de crer por meio do testemunho de Seus discípulos. Essa oração é chamada de a Oração Sacerdotal de Jesus. Um dos temas centrais dessa oração é o pedido de Cristo ao Pai para que Seu povo possa ser um. Era uma oração pela unidade cristã. Contudo, aqui estamos nós, no século vinte e um, e a igreja provavelmente se encontra mais fragmentada que em qualquer outro período da história da Igreja. Temos visto uma crise com a pergunta: “O que é a Igreja, afinal de contas?”

Historicamente, por meio do Concílio de Niceia da Igreja Primitiva, a Igreja foi definida por quatro palavras-chave, a saber: 1) una, 2) santa, 3) católica, e 4) apostólica. Conforme estudarmos a natureza da Igreja, desejo detalhar essas quatro categorias descritivas, visto que elas definem a natureza da Igreja.

Em primeiro lugar, a Igreja é una. Sério? Se pesquisarmos o cenário da cristandade dos dias de hoje, a última palavra que poderemos usar para descrevê-la será una, ou unificada.

Como podemos compreender e responder à oração de Cristo pela unidade da Igreja e à declaração da Igreja Primitiva de que a Igreja é una? Tem havido diferentes abordagens para este tema ao longo da história. No século vinte ocorreu o que tem sido chamado de “o movimento ecumênico”. Foi uma tentativa, por meio do Conselho Mundial de Igrejas e outras organizações, de se mover em direção à formação ou reforma de grupos denominacionais dissidentes em um único e centralizado corpo eclesiástico.

O objetivo maior do movimento ecumênico era a restauração da unidade da Igreja visível. Uma das coisas que vimos como resultado deste impulso em direção à unidade foi um número crescente de fusões entre denominações anteriormente divididas. Infelizmente, o que geralmente ocorre quando duas Igrejas ou denominações fazem uma fusão é que determinadas pessoas não concordam com essa junção e acabam abandonando a recém-formada organização para fundar uma nova que se alinhe com seus valores. Então, em seus esforços para diminuir o número de Igrejas por meio da unificação, estes movimentos simplesmente criam ainda mais Igrejas.

Além disso, outro problema surgiu. Foi o problema do pluralismo. Pluralismo é uma filosofia que permite a uma ampla diversidade de pontos de vista e doutrinas coexistirem dentro de um único corpo. Como surgiram tantas disputas doutrinárias dentro de algumas Igrejas, eles tentaram manter a paz e a unidade ao mesmo tempo em que acomodavam as diferentes visões dentro da Igreja. Foi uma tentativa de acomodar pontos de vista conflitantes.

Conforme a Igreja se torna mais pluralista, o número de pontos de vista contraditórios tolerados aumenta. Por sua vez, a unidade estrutural e organizacional se torna a principal preocupação. As pessoas lutam para manter a unidade da Igreja visível a todo custo. No entanto, sempre há um preço a ser pago por isso, e, historicamente, o preço tem sido a pureza confessional das Igrejas.

Quando o movimento protestante começou nos séculos dezesseis e dezessete, foram criadas as confissões. Elas eram declarações do credo que estabeleciam as doutrinas subscritas e confessadas por aquelas Igrejas em particular. Em sua maior parte, estes documentos confessionais resumiam os princípios centrais do que significa ser um cristão – coisas como a crença na Trindade, Cristo como uma pessoa com duas naturezas, e a ressurreição dos corpos. Por séculos, o protestantismo foi definido pelo conjunto de doutrinas confessado por cada organização. Mas em nossos dias, parte do impacto do movimento ecumênico tem sido a relativização dessas antigas confissões. Além disso, em algumas Igrejas tenta-se alargar a base confessional nas linhas do pluralismo a fim de atingir a unidade da Igreja visível.

Se você faz parte de uma Igreja, por que você deve permanecer ali? Já por algum tempo, tenho percebido que as pessoas têm a tendência de trocar de denominação. A tendência é de ir para onde elas gostam do pastor, da pregação, da música ou de qualquer programa em particular. Muitas vezes, as pessoas se sentem confortáveis mudando de denominação em denominação ou de Igreja local em Igreja local. Infelizmente, raramente encontramos pessoas que prestam atenção no que a Igreja acredita. Todavia, quando a Igreja foi chamada à unidade no Novo Testamento, precisamos lembrar que o apóstolo Paulo falava de unidade nestes termos: um Senhor, uma fé e um batismo (Efésios 4:4-6). 

Esta unidade, primeiramente, não é algo meramente superficial em termos de ser uma organização unificada ou uma metodologia unificada, mas antes de tudo e mais importante, é uma confissão de fé unificada na pessoa e na obra de Cristo. Em segundo lugar, deve-se concordar com o conteúdo daquela confissão. Infelizmente, a unidade da Igreja tem sido quebrada precisamente onde se esperaria encontrar unidade, a saber, unidade no Evangelho Apostólico.

Fonte: livro “O que é a igreja?” de R. C. Sproul (Questões Cruciais 16. No prelo pela Fiel).
Extraído de Ministério Fiel.

Pastoral boletim IPNA 07/01/18
Igreja Presbiteriana Nova Aliança
Rua Álvares Fagundes, 102, Americanópolis, São Paulo.

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