A Sementeira e a Colheita



“E isto afirmo: aquele que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia com fartura com abundância também ceifará. Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria. Deus pode fazer-vos abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, superabundeis em toda boa obra.” 2 Coríntios 9:6-8.

Qual é a nossa real postura quando o assunto é a vida material? Certamente esse é um assunto difícil, se olharmos do ponto de vista da individualidade das pessoas, ou seja, é algo que meche com a vida das famílias, renda financeira, economias, sonhos, trabalho, etc. Mas é assunto bíblico, espiritual, e portanto totalmente relevante a ser tratado. Não vamos fugir do tema. 

Os erros cometidos pelos movimentos da teologia da prosperidade, tão difundidos em nosso tempo, tem afetado a postura de muitos crentes que não foram doutrinados corretamente, não se deixaram doutrinar, e por isso não possuem convicções plenas. Vejamos alguns dos desvios mais comuns, causados pelas falsas doutrinas acerca do assunto:

• Alguns tem se deixado seduzir pelas falsas doutrinas propaladas por esses falsos profetas. Há crentes de Igrejas tradicionais que por não estarem muito firmes na doutrina bíblica se envolveram com seitas indo a seus cultos periodicamente, ou via TV, rádio e internet, chegando até a enviar ofertas a tais movimentos.
• Há os que administram seus dízimos, enviando a missionários, Igrejas de origem, irmãos queridos, entidades filantrópicas, missões paraecleciásticas, ONGs, Médicos Sem Fronteiras, Criança Esperança, Teletons, e até entidades espíritas, como a LBV, por etc.
• Por causa dos escândalos tão difundidos, outros se retraíram pensando que é errado dar dinheiro em suas próprias Igrejas. Simplesmente não dão dízimos nem ofertas, ou dão muito precariamente, sem compromisso ou zelo, e não se sentem culpados por isso.

Há outros fatores além das falsas doutrinas pregadas em nossos dias com tamanha veemência: desemprego, crise econômica, dificuldades familiares, etc. Mas todos esses fatores encontram força no desequilíbrio doutrinário e indisciplina pessoal e familiar. Como já mencionamos, essa é uma área nevrálgica, pois toca em finanças, bens materiais, etc. Daí a necessidade de conhecermos o que a Bíblia diz sobre o tema e firmarmos nossas convicções somente na Palavra de Deus.

Explicação

Esse texto não trata especificamente dos dízimos, mas de ofertas. Qual a diferença? O dízimo é oriundo da Lei, pertence a Deus, e portanto quem não dá o dízimo rouba a Deus (Ml 3:8-10). Mas as ofertas são voluntárias, ou seja, elas são doadas espontaneamente, voluntariamente em seu valor, mesmo que sejam uma obrigação espiritual que nos foi dada na forma de honra, privilégio e oportunidade de cultuar a Deus com nossos bens.

Apesar do aspecto de voluntariedade presente na entrega, ou devolução, dos dízimos, o seu valor é fixo em 10%, o que não ocorre com as ofertas. No Antigo Testamento haviam leis cerimoniais voltadas para ofertas. Naquele contexto haviam pelo menos cinco tipos de ofertas: sacrifício e holocausto, oferta de manjares, oferta pacíficas, oferta pelo pecado, oferta pela culpa. No contexto do Novo Testamento não há mais essas leis cerimonias do povo judeu, porém as ofertas são descritas no Novo Testamento, ou seja, Deus não as aboliu, e é esse o tema dessa mensagem, enfatizando 2 Coríntios 9:6-8.

1 – Proporcionalidade (vs.6)
“E isto afirmo: aquele que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia com fartura com abundância também ceifará” 2 Coríntios 9:6.

Esse princípio é notório no versículo 6, na verdade é tão claro que não há como fugir dessa realidade por ser a Palavra de Deus. Como entender então o que está aqui exposto?

Não se trata de teologia da prosperidade, mas um meio que Deus escolheu para nos abençoar e demonstrar a Sua graça e justiça. A teologia da prosperidade diz que o crente tem que ficar rico, e se não ficar rico é porque é infiel, ou não tem fé, ou está debaixo de alguma maldição. Mas o que a Bíblia diz quando o assunto é ABUNDÂNCIA? O que significa a expressão “[...]o que semeia com fartura com abundância também ceifará”? Primeiramente é necessário desconstruir certos paradigmas.

O que é abundância na Bíblia? 
• Não é quantidade, mas qualidade (Provérbios 15:16-17; 17:1)
• A maior riqueza que alguém pode ter é a presença de Deus em sua vida (Salmos 23:4)
• Mas Deus pode permitir o enriquecimento (Deuteronômio 8:11-18; Salmos 62:10b)
• O materialismo é uma armadilha que prende e nunca satisfaz (1 Timóteo 6:10)
• Deus quer que enriqueçamos em obras de justiça (2 Coríntios 6:10-11)
• A maior riqueza que alguém pode ter é a sua salvação. Não adianta nada abundar materialmente e ir para o inferno (Marcos 8:36-37)
• Somos aconselhados pelo Senhor a acumular riquezas no Céu (Mateus 6:19-20). Esse é o maior investimento, o mais rentável empreendimento humano.

Então se olharmos para o tema desse texto à luz das Escrituras, e não isoladamente, podemos entender que ele não pode ser usado exclusivamente para se pensar em bens materiais, mas muito mais em riquezas espirituais. NO ENTANTO, o argumento da espiritualidade não pode ser utilizado para justificar a preguiça, leniência, acomodação e infidelidade. A Palavra de Deus nos dá equilíbrio, dinâmica e incentivo a lutarmos por dias melhores para nós, nossos filhos, e a todos que o Senhor nos permitir ajudar de alguma maneira, inclusive Sua obra missionária.

2 – Mordomia: como ofertar (vs.7)
“Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria.” 2 Coríntios 9:7.

Entendamos que oferta não é a mesma coisa que dízimo. “Contribuição” não é dízimo, dízimo é obrigação, pertence a Deus. As ofertas são voluntárias e espontâneas em gratidão a Deus. Nesse versículo Deus nos ensina como devemos ofertar.

A. Com propósito - “Cada um contribua segundo tiver proposto no coração [...]” (7a)
• Essa expressão dá a ideia de voto, que é uma promessa feita a Deus (Ec 5:4-5).
• Porém não ofertamos só através de voto, mas voluntariamente também (Ex 35:29).
• Em nossa Pública Profissão de Fé fizemos o voto de mantermos a obra de Deus com nossos dízimos e ofertas. Isso é um propósito feito de coração a Deus.

B. Não com tristeza ou por mera obrigação, forçosamente
“[...] não com tristeza ou por necessidade [...]” (7b)
O amor não pode ser forçado, ofertar é um ato de amor a Deus.

C. Com alegria e amor, espontânea e voluntariamente 
“[...] porque Deus ama a quem dá com alegria.” (7c)
A nossa alegria provém do entendimento de que ofertar a Deus é um privilégio, uma grande honra que nos é dada.

3 – Fidelidade: Deus suprirá nossas necessidades (vs.8)
“Deus pode fazer-vos abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, superabundeis em toda boa obra.” 2 Coríntios 9:8.

• Deus é fiel e supre todas as nossas necessidades, “não andeis ansiosos” (Fp 4:6-7; Mt 6:31ss).
• Deus pode nos fazer abundar EM TUDO, inclusive na parte material.
• O suprimento descrito aqui não é somente material, mas EM TUDO, inclusive espiritual.
• Nossas obras também são feitas em oferta de amor ao Senhor.

Conclusão

• Deus não aboliu o dízimo, dízimo é Lei, não é nosso, pertence ao Senhor.
• É necessário entender o princípio da proporcionalidade (vs.6), que não é teologia da prosperidade, mas o que está escrito, é para nossa edificação que está escrito.
• Avaliemos sempre qual é a nossa postura quando entregamos nossos dízimos e ofertas.
• Deus não precisa de nosso dinheiro, Ele é o Dono de tudo. 
• Ofertar é um ato de consagração. Ofertemos ao Senhor toda a nossa vida e bens, família, tempo, trabalho, mente, coração, corpo, culto, louvor, santidade, etc.
• Esse princípio da mordomia deve ser visto como um privilégio dado por Deus a nós, e não como uma simples obrigação, apesar de que é uma obrigação.
• Temos lutar para crescer, mas vigiemos para não cairmos nos parâmetros da teologia da prosperidade, pois ao vermos um irmão bem sucedido financeiramente, imediatamente pensamos que ele é “muito abençoado”. Isso até já virou um chavão, mas só Deus sabe se ele de fato é uma bênção ou não, e se o dinheiro que ele possui é abençoado mesmo ou não. Há inúmeros casos de irmãos que saíram de um estado de pobreza e ascenderam financeiramente, porém abandonaram o seu Primeiro Amor, Jesus Cristo. Há tantos outros irmãos que não cresceram financeiramente, porém jamais deixaram o Senhor por nada desse mundo, vindo até a desprezar as riquezas materiais, dedicando-se totalmente ao Senhor. Então nessa questão é necessário muito cuidado para não cairmos em más interpretações e falsos julgamentos. O pouco com Deus é muito, o muito sem Deus é nada.
• Aprendamos a viver bem em toda e qualquer situação (Filipenses 4:11ss).

Pr. Paulo Sergio Visotcky da Silva
Soli Deo Gloria!!!

IPNA Culto Vespertino 27/08/17
Igreja Presbiteriana Nova Aliança
Rua Álvares Fagundes, 102, Americanópolis, São Paulo.

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