UM CHAMADO AO SERVIÇO CRISTÃO

Por: Rev. Paulo Sergio da Silva
IPB de Vila Gerti – S.C.Sul / SP
Culto Vespertino 14.10.12


TEXTO BÁSICO – MATEUS 25:14-30

INTRODUÇÃO
O que você tem feito para Deus? Essa pergunta pode ser constrangedora, mas é necessária. Somos tão abençoados por Deus, mas na grande maioria das Igrejas é um pequeno grupo que participa mais eficazmente, ora e se dispõe a ajudar. O ócio é uma armadilha poderosa que prende muitos incautos. Todos temos limitações, é verdade, mas precisamos nos sintonizar com o assunto dentro de uma perspectiva bíblica, onde o Senhor nos declara firmemente que iremos prestar contas um dia. E essa prestação de contas não é apenas no campo das ideias e convicções, mas abrange nossa vida eclesiástica como um todo, inclusive nas obras que temos a realizar aqui.

EXPLICAÇÃO
A palavra “talento” tem três significados na Bíblia.

O primeiro refere-se a uma medida de peso que variava entre 26 e 36 quilos, e era usada para pesar metais preciosos, provavelmente prata (ABA).

O segundo significado refere-se à mais alta unidade monetária da moeda corrente, e era equivalente a seis mil denários, ou dracmas. O denário romano era o salário de um dia para o trabalhador, e era equivalente à dracma grega.

Mas a palavra “talento”, em português, significa um dom natural, ou habilidade, e é derivada dessa parábola. (BEG).

Na parábola há o sentido de uma fé e capacidade que Deus concede aos crentes, quem implicam em uma compreensão do amor de Deus, revelado em Cristo, e suas consequentes implicações. São oportunidades espirituais que nos levam à vida eterna mediante o conhecimento de Deus, se bem aproveitadas. A parábola não descreve um julgamento dos homens baseado sobre o uso de capacidades em geral, pois o Caminho da salvação é bem diferente. Mas é um julgamento semelhante àquele pronunciamento contra a pessoa quem vem se apresenta à festa eterna sem se vestir da justificação (Mt 22:12-14). (BVN).

ARGUMENTAÇÃO
A conhecida “Parábola dos Talentos” nos traz diversas lições relacionadas ao serviço cristão. Precisamos quebrar algumas ideias erradas acerca desse tão importante tema. Mas, antes de prosseguirmos vamos entender que há uma relação estabelecida entre a parábola e a Igreja.

O Senhor é representado por esse homem que vai ausentar-se do país e que chamou seus servos e lhes confiou seus bens (vs.14). O Senhor Jesus ausentou-se fisicamente desse mundo, mas prometeu e em breve voltará.

Nós somos servos de Deus, aqui representados pelos servos do vs.14.
O ajuste de contas (vs.19) é um símbolo do Dia do Juízo Final, onde o Senhor nos pedirá contas de tudo que fizemos aqui na Terra.

1 – TODOS RECEBERAM TALENTOS (vs.14-15)
Na parábola todos foram chamados (vs.14) e receberam talentos (vs.15ss).  E cada um recebeu seus talentos segundo a sua capacidade.

Já vimos um dos diversos significados para a palavra “talento” tem o significado prata (vs.15). Mas na aplicação falaremos a respeito das bênçãos, habilidades e capacitações que recebemos de Deus para a realização de Sua obra na face da Terra.

Na Igreja também, todos receberam talentos da parte de Deus. Ninguém pode dizer que não tem obra nenhuma a realizar, ou que não tem nenhum talento. Se você é filho de Deus, você recebeu dEle. O Senhor dá incumbências e responsabilidades que elevam os simples escravos (servos) à posição de mordomos, administradores de Seus bens, que devem em tudo empenhar-se para o benefício de seu dono.

“SEGUNDO A SUA PRÓPRIA CAPACIDADE”
Todos os que receberam a salvação do Senhor tem uma missão a cumprir, seja ela qual for. Todos temos em comum o dever de orar, ler e estudar a Bíblia, frequentar os cultos, estudos, reuniões e trabalhos da Igreja, dizimar e ofertar com alegria e gratidão. Nos talentos tudo isso está incluído, mas vai mais além do que esses deveres que para nós são verdadeiros oásis em meio a um deserto.

Deus conhece a capacidade de cada um de nós. Ele não nos dá um fardo que não possamos carregar, pois Foi Ele mesmo Quem nos criou, e quando nos dá incumbências já sabe do que somos ou não capazes de fazer. Você pode!

“Mas um só e o mesmo Espírito realiza todas estas coisas, distribuindo-as, como Lhe apraz, a cada um, individualmente.” 1 Coríntios 12:11.

Descubra as ferramentas, obrigações e deveres que o Senhor lhe concedeu, se disponha, e faça o que o Senhor te mandou fazer.

MEUS TALENTOS – COMO SABER QUAIS SÃO?
Esse é um grande dilema dos crentes sinceros, que desejam servir ao Senhor, mas ainda não descobriam em qual área devem atuar na Igreja. Existem alguns passos que nos conduzirão a esse encontro.

1.1 – ORAÇÃO. Ore! Pedi e dar-se-vos-á, diz o Senhor. Ninguém que pede a Deus um a oportunidade para servi-Lo fica sem resposta. Ore e Deus falará com você.

1.2 – NATURALIDADE. Observe-se! Já vimos que “talentos” também são habilidades naturais. Faça o que você gosta de fazer, aí pode estar a sua tarefa.

1.3 – NECESSIDADES. Veja o que a obra necessita e se disponha. Não somos um bando de crianças mimadas que fazem só o que gostam. Estamos aqui para servir o Senhor onde Ele nos mandar. Tem coisas que nem precisa Deus mandar, basta olharmos e vemos que está precisando disso ou daquilo.

1.4 – DISPONIBILIDADE. Seja disponível no serviço do Mestre. Fale como Isaías: “Eis-me aqui, envia-me a mim”, e Deus usará você. E quando alguém te chamar para fazer algo para Deus, não coloque obstáculos, mas disponha-se! Deus capacita!

1.5 – PRIVILÉGIO. Como você encara a obra de Deus? É algo prazeroso, desejável, ou lhe causa repulsa, desânimo? É natural do ser humano se dispor para fazer o que gosta, curte, ama! Se a obra de Deus lhe parece repugnante, é porque você ainda não aprendeu a amar o Deus da obra. Peça a Ele que lhe conceda essa condição, que lhe capacite, e você fará a Sua obra com grande prazer, ciente da honra que lhe é concedida! Valorize a obra de Deus.

1.6 – SANTIDADE. Santifique-se a Deus! Seja um vaso útil ao Seu possuidor. Priorize a vontade de Deus em sua via e sua missão resplandecerá diante de ti. O pecado causa confusão. Nas trevas não enxergamos direito. Precisamos buscar a Luz, andando e vivendo na Luz de Deus veremos com clareza.

2 – ATITUDES DETERMINAM RESULTADOS (vs.16-18)

As atitudes de cada um determinaram seus resultados: os dois primeiros saíram imediatamente e foram trabalhar e conseguiram angariar outros tantos talentos para apresentarem ao seu Senhor; mas o terceiro enterrou seu talento. Essa era a coisa certa a fazer: trabalhar com o que haviam recebido, para que quando o Senhor voltasse eles tivessem o que lhe apresentar.

Mas o que recebera um talento fez a pior coisa: agindo na surdina, às ocultas, escondeu e enterrou aquele talento de prata que recebera. Ele sequer pensou em entregar os talentos aos banqueiros, para que aqueles valores fossem aplicados, e quanto o Senhor voltasse ele tivesse os juros para lhe entregar (vs.27). A sua atitude demonstra que não houve vontade de servir, mas falta de visão do que era mais importante a ser feito. Ele foi preguiçoso, acomodado, tímido, covarde e medroso.

ENTENDENDO OS RESULTADOS
Somos voltados aos resultados e isso é normal, pois se não tivermos metas a serem buscadas, acabamos fazendo as coisas de qualquer jeito. Exemplo: Deus faz a obra nos corações, mas quem ganha almas é sábio (Pv 11:30b). Você já pensou nisso?

Outra importante constatação é que de um modo ou de outro os resultados sempre virão. Os que se esmeraram obtiveram um resultado favorável. O terceiro obteve um resultado desastroso, trágico, porém um resultado. Então, qual é o resultado que você está procurando? Estamos em busca de qual resultado?

NOSSAS METAS EM COMUM
Os resultados são muito importantes, apesar de não serem o fator determinante na nossa salvação, uma vez que a nossa salvação não é por obras, conforme Efésios 2:8. Lembremos, porém que o versículo 9 de Efésios 2 nos diz que fomos feitos para as boas obras. A realização da obra de Deus é o que caracteriza os filhos de Deus amadurecidos. Os frutos virão sob a bênção de Deus. Ele é Quem salva, toca os corações, converte, transforma, edifica, cura, liberta e restaura. Isso centraliza o nosso foco acerca das nossas metas em comum: a realização da obra de Deus.

Quais são as nossas metas na realização da obra de Deus?

2.1 – ESFORÇO. Notemos que os dois primeiros receberam muito mais responsabilidades que o terceiro, e se esforçaram. Ele que recebeu apenas 1 talento, não se esforçou. O servo mau enterrou seu único talento em sinal de desânimo, preguiça, medo e negligência. A sua ausência de esforço o destruiu. O esforço é uma de nossas metas. Podemos estar cansados e tristes, mas jamais desanimados.

“Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós. Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não desanimados; perseguidos, porém não desamparados; abatidos, porém não destruídos; levando sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também a Sua vida se manifeste em nosso corpo.” 2 Coríntios 4:7-10.

2.2 – EXCELÊNCIA. O amor a Deus, que é o primeiro e grande mandamento, nos leva sempre o melhor para Ele, e em nome dEle. Não se faz a obra de Deus de qualquer maneira, é preciso que haja oração, planejamento (Lucas 14:28-30).

Alguns tentam se justificar dizendo que “para Deus está bom”. Ora, quem disse que para Deus pode ser o pior, o medíocre, de qualquer jeito? Mas infelizmente é o que se nota em muitos contextos. Para Deus tem que ser feito o melhor, sempre! A nossa maior prioridade está voltada para à realização do trabalho. A nossa busca por excelência e qualidade não se resume a alguns momentos passados na Igreja.

Deus deu o Seu melhor: JESUS (João 5:23b; 36b; 8:42b; 10:36).
Através da Igreja Primitiva, o Senhor deu o Seu melhor para missões: PAULO e BARNABÉ (Atos 13:2).

2.3 – CONSAGRAÇÃO. Essa também é uma de nossas metas, pois sem ela não agradaremos o nosso Deus, por mais que nos esforcemos estaremos sempre enterrando o objetivo maios para o qual fomos chamados por Deus: brilhar a Sua luz diante dos homens que estão nas trevas. Sem santidade tudo que fizermos estará contaminado, maculado pelo pecado. Se nos consagrando ainda somos, não poucas vezes, flagrados em nosso pecado, que trágico é quando alguém prossegue na realização da tarefa santa sem santidade.

2.4 – A GLÓRIA DE DEUS. De antemão devemos nos precaver contra o orgulho, a arrogância e a soberba. Estes pecados são inerentes ao ser humano, mas se não vigiarmos podemos ser facilmente enganados e cair nesses erros. A glória não é nossa, é de Deus! E Ele não a reparte com ninguém! (Isaías 42:8). Se houver reconhecimento, ou não; se houver tapinha nas costas ou não; se o nosso nome for citado, ou não; nada disso nos importa, mas o que importa é a glória de Deus. Se recebermos elogios devemos lançá-los aos pés do Senhor, entregando a Ele toda glória. “GLÓRIA A DEUS, AMÉM?”

Jesus repreendeu os fariseus que faziam obras para serem elogiados (Mateus 6:1-2); e João Batista queria que Cristo crescesse nele e que ele diminuísse (João 3:30).

3 – A PRESTAÇÃO DE CONTAS (vs.19ss)

Os três servos prestaram contas. Os dois primeiros receberam a mesma recompensa por seu trabalho. O terceiro foi condenado não porque não apresentou resultados, mas porque não trabalhou, antes preferiu enterrar seu talento.

Assim como todos recebemos talentos, todos também prestaremos contas a Deus. Esse é o sinal que nos distingue: bondade e fidelidade, mesmo que seja no pouco.
A atitude do terceiro servo é reprovável e caracteriza um NÃO SERVO de Deus.

Os dois primeiros servos receberam a recompensa: ser colocado sobre o muito; receber o gozo do Senhor, isto é, desfrutar da alegria, satisfação e prazer em Deus, entrar na glória celestial (Mt 25:21,23). Nós também receberemos o nosso galardão.

O terceiro servo foi classificado como “mau, negligente” e “inútil”, e a recompensa que ele recebeu foi o castigo nas “trevas, onde há choro e ranger de dentes” (Mt 25:28-30), que representa o inferno.

Todos os que temem ao Senhor preparam-se para esse dia!
Que prazer será ouvir essas palavras maravilhosas de Deus: “Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu Senhor.”

Que terrível será para os ímpios enfrentarem o inferno, e ouvirem essas palavras de Deus: “E o servo inútil, lançai-o para fora, nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes.” Mateus 25:30.

Semelhantemente o Senhor também nos avisa no Evangelho de João:
"Todo ramo que, estando em mim, não der fruto, ele o corta; e todo o que dá fruto limpa, para que produza mais fruto ainda. Se alguém não permanecer em Mim, será lançado fora, à semelhança do ramo, e secará; e o apanham, lançam no fogo e o queimam." João 15:2a,6.
 

CONCLUSÃO
Assim como nós, esses servos tinham um Senhor em comum. Porém eles não eram iguais entre si; nota-se uma diferença fundamental em suas capacidades, nos talentos recebidos, na atitude que tiveram diante da responsabilidade, e nas consequências de suas ações que se manifestou no grande dia da prestação de contas.

Antes desse dia tudo parecia normal. Se bem que enquanto os dois primeiros servos trabalhavam, o terceiro estava tranquilo, descansando, ocioso. Até que o Senhor voltou e chamou cada um em Sua presença. Quando formos convocados para prestar contas a Deus, o que teremos em nossas mãos? Se esse dia fosse hoje, o que você tem preparado HOJE para apresentar a Deus?

O resultado de uma vida cristã abençoada não é a quantidade que se produz, mas a atitude que está por trás de cada ação. Frutos não são resultados, necessariamente, mas a realização da obra de Deus, seguindo os métodos de Deus, de acordo com a vontade de Deus, e para a glória de Deus.

O que determina o sucesso não é a nossa capacidade, mas a atitude que temos, como agimos, o que fazemos com aquilo que recebemos de Deus. Lembre sempre que Deus colocou o Seu tesouro em vasos de barro, que somos nós. Somos imperfeitos, podemos não ter tudo que queremos, nem ser como gostaríamos de ser, mas ainda assim, Deus nos presenteou com o Espírito Santo que nos capacita.

O que determina uma vida derrotada não é a ausência de capacidade, mas a preguiça, medo, covardia, e falta de interesse em servir ao Senhor Deus.

Quais são os seus talentos? Identifique-os!

Material de apoio:
ABA – A Bíblia Anotada
BEG – Bíblia de Estudo de Genebra
PEQ – Pequena Enciclopédia Bíblica.


SOLI DEO GLORIA!!!


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