DISCIPULADO DE PAIS


Por: Pr. Sergio Leoto
IPB de Vila Gerti – S.C.Sul / SP
Reunião com os pais em 06.10.12


"Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele." Pv 22:6.

Uma das maiores reclamações dos líderes de Ministérios de Juventude (Adolescentes e Jovens), é o fato de que a motivação para uma vida cristã séria e verdadeira, que é promovida por eles no fim de semana, muitas vezes não tem a continuidade por parte dos pais, quando seus filhos estão em casa, durante os outros dias da semana.

- “Assim fica difícil! Usamos de muitas estratégias para ensinar à juventude, princípios como: a importância de não mentir, de respeitar os outros, de serem honestos, de não usar da violência, de não serem injustos, a serem fiéis, perdoadores etc. Só que eles chegam em casa, e veem seus pais, que se dizem cristãos, praticando a mentira, o desrespeito, a desonestidade, a violência, a injustiça, a infidelidade, a falta do perdão...”, diz um destes líderes.

Estas atitudes são compreensíveis, quando os pais ainda não tem uma conversão a Jesus. Mas o que surpreende é que há uma grande parte destes pais problemáticos, que são contados como “crentes antigos”.

Como enfrentar este problema?

Deixar a resolução desta situação apenas nas mãos dos líderes de Juventude, beira à irresponsabilidade. Sim, pois este é um assunto que transcende a responsabilidade do Ministério desta faixa etária, envolvendo também os adultos.

Assim sendo, a decisão da estratégia para a saída deste problema, tem obrigatóriamente que passar pelo pastor titular da comunidade. Mesmo porque, quem é membro de uma igreja sabe muito bem, que existem certos projetos que “só vão para frente” se o pastor apoiar e levar adiante. Evidentemente as igrejas maiores e mais estruturadas, tem um Ministério de Famílias que poderia fazer parte da solução; mas em comunidades menores, o pastor é quem deverá ser acionado.

A grande razão porque o pastor titular deve ser envolvido, se deve ao fato destes pais necessitarem passar por um verdadeiro DISCIPULADO, que envolverá inicialmente princípios de “cristianismo verdadeiro”, além de fornecer também “informações básicas” sobre criação de filhos e o discipulado destes, pelos seus próprios pais. Uma boa sugestão para minimizar o problema levantado, é cada igreja promover algo parecido com uma ESCOLA DE PAIS (que você pode dar outros nomes como: “Fórum” ou “Discipulado” de Pais).

O educador e psiquiatra Içami Tiba, autor de vários livros na área de criação dos filhos, afirma:

- “O maior problema dos pais de hoje é que eles não têm o conhecimento necessário para educar os filhos. Por isso, meu conselho é: estudem. Têm matérias sobre educação nos jornais, livros. Aos educadores, digo que tem que se atualizar sempre, pois teorias existem muitas, sendo algumas até obsoletas. Ou a pessoa se atualiza ou vai continuar funcionando como profissional do passado com jovens do presente”.

Que tipo de informação seria dada nesta ESCOLA DE PAIS?

São dezenas os assuntos vitais à relação familiar, mas vamos esboçar apenas alguns, que seriam os mais básicos para um início de instrução:

1. A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA

A família é um grupo de pessoas unidas por laços de parentesco (sanguíneo) ou por pessoas admitidas por laços de adoção. Cada família é uma “pequena parte” de um todo maior, chamado Sociedade. A família recebe e desenvolve seres humanos, preparando-os com valores básicos, para que eles possam conviver sadiamente com outras pessoas, em qualquer setor da sociedade.

As crianças chegam ao mundo, totalmente dependentes de seus pais. O pai e a mãe é que dão os “moldes” (modelo) aos seus filhos: visão de mundo, esperanças ou desesperanças, coragem, respeito, honra, fidelidade, não ser mentiroso, honestidade, etc. A maneira como os pais se tratam, ou como tratam aos outros, está sendo observada pelos filhos e servirá de espelho para o relacionamentos destes, para com seus outros irmãos e amigos.

Tudo o que foi aprendido e vivenciado na família desde a infância, produzirá reflexos para toda a vida. Sejam bons ou maus reflexos.

2. DEUS E CONVIVÊNCIA FAMÍLIAR

O Senhor se propõe desde o Genesis a conviver e se comunicar com o ser humano. Da mesma forma, Deus quer que aprendamos a conviver sadiamente com outras pessoas, a começar pela nossa própria família. Desde a primeira família no jardim do Éden, antes do pecado acontecer, o plano era que o homem andasse e conversasse livremente com o Senhor, dependendo dele para administrar a terra em que morava. A idéia de dependermos dele, permanece no Novo Testamento, quando Jesus, em João 15:5b afirma: “sem mim, vocês não podem fazer coisa alguma”.

A sabedoria divina nos orienta também em aspectos práticos da vida diária, como o relacionamento conjugal e também entre pais e filhos. Esta é uma convivencia que tem seus direitos e deveres: - maridos: “amem suas esposas como Cristo amou a igreja e se entregou por ela” (Ef 5:25); - mulheres: “sejam submissas aos seus maridos, como ao Senhor” e “respeitem aos seus maridos” (Ef 5:22 e 33); - filhos: “obedeçam aos seus pais” (Ef 6:1); - pais: “não irritem aos seus filhos” (Ef 6:4).

A palavra CONVIVER, é a soma de duas outras palavras: VIVER COM. Conviver como família, implica em viver com seus membros os bons e maus momentos que a vida traz, desfrutando as alegrias, mas também buscando soluções e saídas, às dificuldades à frente. Lembrando que os bons momentos, são sempre em número muito maior, que os maus momentos.

3. A ORIENTAÇÃO DOS FILHOS

A Bíblia deixa bem clara a responsabilidade dos pais, quanto ao ensino dos filhos. Muito mais quando se trata de princípios da Palavra de Deus, que devem primeiro mudar o comportamento dos próprios pais e como consequencia disso, devem ser ensinados com persistencia aos filhos:

Dt 6:5-9: “Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todas as suas forças. Que todas estas palavras que hoje lhe ordeno estejam em seu coração. Ensine-as com persistência a seus filhos. Converse sobre elas quando estiver sentado em casa, quando estiver andando pelo caminho, quando se deitar e quando se levantar. Amarre-as como um sinal nos braços e prenda-as na testa. Escreva-as nos batentes das portas de sua casa e em seus portões”. Sl 78:3-4: “O que ouvimos e aprendemos, o que nos contaram nossos pais, não o encobriremos aos nossos filhos; contaremos à vindoura geração os louvores do Senhor e o seu poder e as maravilhas que fez”.

Estatísticas mostram no entanto, que boa parte dos pais fazem um “jogo de empurra”, quanto a responsabilidade em dar uma boa educação aos filhos: o pai empurra para a mãe; a mãe empurra para o pai; os dois empurram para a Escola, para a Igreja, etc. Os melhores conselheiros dos filhos, devem ser os próprios pais! Professores e pastores podem ajudar, mas os pais têm sempre as melhores oportunidades. Caso se sintam incapazes de fazê-lo, devem estudar o assunto para poder explicá-lo da melhor forma, pois os ouvintes serão seu maior tesouro: seus próprios filhos! Já existem muitos livros, tanto no meio cristão quanto no secular, que possibilitam aos pais uma informação segura.


4. TIPOS DE FAMÍLIAS EM NOSSOS DIAS

Precisamos conhecer a realidade das famílias que encontramos tanto nas igrejas, quanto na sociedade de maneira geral, para um discipulado efetivo. Nossas famílias se enquadram nas descrições abaixo ou são afetadas por elas, na convivencia diária.

Temos vários tipos de famílias, mas vamos detalhar algumas delas. Em primeiro lugar, as FAMÍLIAS SAUDÁVEIS: são aquelas que mantém o seu equilíbrio, quando passam por situações na vida que envolvam momentos de estabilidade (quando tudo vai bem) e mudança (quando passam por dificuldades).

Conservam a integridade diante das mudanças no meio ambiente. Acontecem alterações na realidade do dia-a-dia (perda de emprego, endividamento, falência empresarial, mudança de cidade, etc.), mas a família adapta-se às novas situações, mantendo seus princípios e valores básicos (papel de pai, de mãe e de filhos).

Em segundo lugar, veremos dois tipos de FAMÍLIAS PROBLEMÁTICAS: as emaranhadas e as desengajadas. As EMARANHADAS são pessoas excessivamente ligadas umas às outras. Pais que criam filhos exageradamente dependentes. Estes filhos tornam-se doentes emocionalmente. São infelizes e no futuro, tornarão infelizes os que conviverem com eles, se não forem ajudados. As famílias DESENGAJADAS são pessoas completamente afastadas umas das outras. Cada um vive sua própria vida – tanto pais quanto filhos. São egoístas e só pensam em seu próprio bem estar. Só se reúnem em família, quando há um interesse pessoal, do contrário, continuam distantes.

Em terceiro lugar, temos também as FAMÍLIAS DISFUNCIONAIS: são aquelas que passaram por um processo de perda, como o divórcio ou viuvez. Pais que se unem em 2os ou 3os casamentos. Filhos que passam a ter novos irmãos e enteados, com realidades diferentes da que viviam com seus pais.

5. CARACTERÍSTICAS DO MUNDO ATUAL

Os pais precisam ter a noção dos desafios de ser família no século 21, para poderem exercer um discipulado mais adequado aos seus filhos. É necessário conhecer as principais influencias ideológicas que atingem a sociedade de nossos dias. Os novos convertidos, que hoje lotam as igrejas, conviveram por muito tempo com tais ideologias, que precisam de muito discipulado bíblico e tempo de maturidade cristã, para serem detectadas e tiradas totalmente da prática do dia a dia.

Poderíamos destacar dentre essas ideologias: a desilusão com valores e crenças antigas (sobre a fé, a educação, cultura etc.); a procura de valores e crenças exóticas (ioga, tarô, meditação, duendes, drogas, reencarnação etc); a descrença nas instituições (governos, família, escola, igreja: todos falharam, até a igreja, que passou a ser mais instituição e menos comunhão); a necessidade de escandalizar (através da conduta, do visual e do rompimento de regras); a valorização do individualismo e do hedonismo (Individualismo: postura de que “eu tenho que me dar bem, me realizar”. O outro e o social, não importam. Hedonismo: viver em função do prazer, do que é agradável.

Algumas das consequências são: promiscuidade e consumismo); pensa-se em viver o “hoje” e o “agora” (o que vale é o momento que estamos vivendo. Não se deve pensar em nada que nos limite a realizar o que desejamos. “Os fins justificam os meios”); o amor será “eterno”, apenas enquanto durar (não querem se prender afetivamente; os relacionamentos são descartáveis; as “aventuras amorosas” são incentivadas, sem preconceitos); não existe verdade única ou absoluta( Relativismo - o que é verdade para você, pode não ser para mim. Jesus pode ser a verdade para alguns e não ser para outros; podemos ter uma mistura de verdades).

Estas formas de encarar a vida, tem que ser identificadas e corrigidas no interior de cada família que deseja vivenciar o evangelho de Cristo, conforme a Bíblia Sagrada.

6. CRISE DE FÉ DOS FILHOS

Este é um dos temas que merece maior atenção no discipulado dos filhos. Jovens que estão vivendo este conflito, tem reações que podem percorrer os dois extremos: ora manifestam-se como ateus (com dificuldades de acreditar em qualquer ato de fé), ora como religiosos, dedicados e fervorosos. Muitos interessam-se por seitas, filosofias e ideologias que dão explicações para o sobrenatural, com normas e dogmas que o atraem, expondo razões que parecem, mas não são verdades espirituais.

Contudo, é nesta fase onde ocorre o maior índice de conversões sinceras e reais ao evangelho do Senhor Jesus. Não são emoções passageiras, mas decisões que são fruto de análise, observação e conscientização, mesmo depois de ouvir outros discursos diferentes do cristianismo. A Mocidade para Cristo do Brasil, realizou pesquisa e concluiu que 85% das conversões em nosso país, se dão na faixa etária de 13 a 25 anos.

A juventude precisa de bons exemplos. Assim, cabe aos pais e líderes, através de suas vidas, mostrar a eles o que é ser um verdadeiro discípulo de Cristo. Esta faixa etária, certamente não está interessada em complicações teológicas e nem mesmo em uma religiosidade “de palavras”. Eles procuram a coerência entre o que se fala e o que se vive. Sentem-se motivados e impressionados, quando observam alguém com uma vida de fé, caracterizada pela adoração, pela dedicação sincera e pela disposição de servir a Cristo.

FINALIZANDO

O objetivo maior desta ESCOLA DE PAIS, deve ser mostrar que “os pais devem ser os discipuladores de seus filhos”. O exemplo dos pais é uma das influências mais fortes na vida do jovem, no que diz respeito à vida cristã. Mesmo sem que os pais percebam, seus filhos os estão observando em tudo: atitudes, quando lidam com tensões; como reagem às tentações; como manifestam perdão, etc.

Tudo servirá de base, para solidificar sua fé. A maneira como a família se relaciona com Deus é que vai dar subsídios concretos, para que eles creiam “nas coisas que se esperam” e tenham a “convicção de fatos que não se vêem” (Hb 11:1).

Além do exemplo de uma vida comprometida com Deus, os pais podem ajudar seus filhos nesta “crise de fé”, estando atentos às reações destes. Com um diálogo amigo e honesto, podem descobrir suas dúvidas, procurando resolvê-las. Quando não souberem as respostas, devem ser humildes em admitir. Comprometerem-se em pesquisar melhor o assunto, para terem respostas satisfatórias mais tarde.

O jovem que se converte, deve passar por um processo de discipulado, com pessoas maduras e fiéis a Cristo, que se tornem muito mais do que “professores de Bíblia” – eles devem ser BONS EXEMPLOS A SEREM IMITADOS. Se este discipulado for iniciado em casa pelos próprios pais, será um privilégio para estes e benção para os filhos!

Não há maior recompensa, do que ver um jovem alcançando a maturidade cristã, como resultado do interesse, amor, incentivo e exemplo de discipuladores, sejam eles: pais, líderes ou amigos. Esta influência positiva, contribuirá em muito para que futuramente, sejam adultos verdadeiramente comprometidos com Deus.

Sergio e Magali Leoto.

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