As armas da nossa guerra



2 Coríntios 10:3-5
3  Porque, embora andando na carne, não militamos segundo a carne.
4  Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas
5  e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo.

Uma das melhores coisas da vida é quando descobrimos a nossa identidade de filhos de Deus na face da Terra. Quando chegamos à real consciência de quem somos, o que estamos fazendo aqui, e para onde vamos. Acontece que muitas pessoas não se conhecem como as pessoas que elas são. Muitos não têm noção de seu potencial e de suas habilidades, de como são amados por seus entes queridos, de como são importantes para a sua família e para a família da fé, a Igreja. Se isso é um fato, como ter consciência de quem se é como povo de Deus? 

"Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquEle que vos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz; vós, sim, que, antes, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus, que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia." 1 Pedro 2.9-10.

Por isso que eu reafirmo que uma das coisas mais importantes da nossa caminhada, é justamente a partir do momento que nos descobrimos quem nós somos: filhos de Deus; que temos uma missão a cumprir aqui na Terra; e que não somos daqui, mas estamos a caminho do Céu. O não conhecimento dessas verdades pode acarretar sérios problemas e complicações na caminhada do crente.

Explicação

A Igreja de Corinto era uma Igreja problemática. Muitos se tem falado e escrito acerca dos problemas vividos por aqueles irmãos (leia-se 1 Coríntios). Aqui em 2 Coríntios 2:4 aparece a expressão “vos escrevi com muitas lágrimas”, por isso alguns estudiosos e comentaristas da Bíblia acreditam que pode ter havido uma outra carta de Paulo aos Coríntios, escrita entre a primeira e a segunda carta. Seria essa uma carta perdida na história. Mas um outro grupo de estudiosos e comentaristas da Bíblia acreditam que essa chamada “Carta Com Lágrimas” seria 1 Coríntios ou então precisamente 2 Coríntios. Deus o sabe, mas que fique para nós essa lição: foi com lágrimas que o apóstolo Paulo escreveu aos Coríntios. Ele muito sofreu por causa do coração endurecido daqueles que relutavam em ouvir e obedecer aos ensinamentos que ele trazia da parte de Deus.

No texto em destaque o apóstolo Paulo parece estar trabalhando (mais uma vez) a favor da identidade desses irmãos. Como falamos no princípio, a falta de conhecimento de quem se é perante Deus, certamente causa os mais diversos problemas na vida espiritual de uma pessoa, e também de uma Igreja.

1 – Reconhecendo a nossa guerra – vs.4

Uma das coisas que se destaca no texto sagrado é a revelação da realidade da nossa guerra (milícia). Aqui no Brasil o termo “milícia” é usado para tratar dos grupos armados que dominam os morros no Rio de Janeiro. Mas a palavra “milícia” significa: vida ou carreira militar, exército, tropas.
Aqui como em outros textos é trabalha a idéia de que a vida cristã não é um passeio no parque de diversões, mas é uma batalha, uma guerra espiritual na qual estamos inseridos.

Um dos textos da Bíblia que trata esse assunto com maiores detalhes se encontra em Efésios 6:10-20.

Estamos numa guerra do bem contra o mal, o diabo contra Deus, os anjos contra os demônios. Nessa guerra não somos mais escravos do opressor, o diabo. Fomos resgatados por Cristo e agora fomos feitos soldados de Deus. Como vimos temos uma armadura espiritual, temos armas espirituais, e se não lutarmos iremos sair feridos dessa batalha. Mas se confiarmos no Senhor, e lutarmos a nossa guerra, a nossa milícia, certamente venceremos.

“Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou.” Romanos 8:37.

2 – Reconhecendo nossas armas – vs.3,4a

O apóstolo Paulo afirma que embora vivamos na carne, não militamos (lutamos) segundo a carne. As armas da carne representam tudo que podemos fazer através do conhecimento e da astúcia humana. Aqui está a grande diferença no modo correto de lutarmos. Não lutamos com as armas da carne: força física, brutalidade, imposição, crueldade, gritaria, política ou poder eclesiástico, falta de amor, arrogância, orgulho, etc. (tudo que procede da carne). Quem assim procede não está lutando com as armas espirituais concedidas por Deus, mas com a força humana, na força da carne, e isso está errado porque as nossas armas não são carnais.

Nossas armas não são carnais, mas espirituais.
O texto de Efésios 6:10-20 nos dá uma ideia muito clara de quais armas devemos aprender usar na nossa guerra.
6.14   Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade e vestindo-vos da couraça da justiça.
6.15   Calçai os pés com a preparação do evangelho da paz;
6.16   embraçando sempre o escudo da , com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do Maligno.
6.17   Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus;
6.18   com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os santos

Ilustração: no tempo do Tiro de Guerra éramos bons para desmontar, lubrificar e montar um fuzil. E quanto às armas espirituais, somos bons no uso dessas armas? As conhecemos verdadeiramente? Sabemos usa-las corretamente?

3 – Reconhecendo nosso campo de batalha – vs. 4b,5

O nosso campo de batalha, conforme descrito aqui em 2 Coríntios 10:3-5 é essencialmente na área dos pensamentos, da mente. Isso está relacionado diretamente com a nossa vida espiritual, porque há uma relação direta entre o que se pensa e o que se crê. Em Efésios há uma ênfase maior na descrição das hostes espirituais da maldade, o diabo e seus demônios. Mas aqui vemos que há um destaque na área do intelecto, costumes, e (porque não dizer) culturas; áreas nas quais o inimigo atua também, enganando e destruindo a vida de muitas pessoas. Nesse campo de batalha há muitos “crentes” (?) prostrados, escravizados e vivendo um tipo de “sub-vida” espiritual. Eles não frutificam, não se santificam, não estão firmes, não transmitem segurança nenhuma. Eles são inseguros quanto à sua fé, não tem compromisso com a Igreja, geralmente não tem tempo para participar de muitos trabalhos da Igreja. Parece que estão sempre à beira do precipício, prontos a cair a qualquer momento, muitos deles tem vida dupla, uma na Igreja e outra totalmente diferente fora dela, não evangelizam, não dão bom testemunho, simpatizam com o mundo, amam o mundo e as coisas que há no mundo, não oram, não lêem a Bíblia, não praticam a Bíblia. Parece que estamos falando de pessoas não crentes, ou de recém-convertidos à fé. Em alguns casos sim, mas em muitos e muitos outros casos são crentes que já são professos há muito tempo, mas que vivem desse modo porque não estão lutando a batalha da fé, da qual Paulo nos fala. Tornaram-se escravos (novamente) de seus pecados e fraquezas, e por isso estão prostrados, e só há um meio de se levantarem novamente: destruindo fortalezas, anulando sofismas e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Cristo.

Três expressões são citadas e que nos mostram onde se travam nossas guerras, e como devemos vencer.

"Destruir fortalezas". Nas guerras daquele contexto em que Paulo vivia, as fortalezas seriam algo semelhante às trincheiras da segunda guerra mundial, por exemplo. Assim como em se dá em nossa guerra, elas são locais onde o inimigo se fortificou e onde ele se esconde e nos ataca. Segundo o texto lido, nós os crentes, temos armas espirituais dadas por Deus com as quais poderemos destruir fortalezas. Essas fortalezas são sistemas e modos de pensamentos e costumes que são contrários à Palavra de Deus, aos quais muitas vezes nos rendemos, e nos quais muitos crentes vivem como se não houvesse nada de errado. Sistemas de vida e modos de interpretar a vida e as atitudes, a Palavra de Deu, o lar, a família e tudo que governa as nossas vidas. Muitas vezes nos rendemos a tais modos de pensar e interpretar a vida, contrariando a Palavra de Deus, e precisamos nos libertar disso. O nosso inimigo se esconde e se fortifica nessas fortalezas, mas elas não são o inimigo, são utilizadas por ele, mas não são ele. Essas fortalezas podem estar na vida particular de uma pessoa, família ou Igreja. Ao invés de viver feliz, abençoado, trabalhando e frutificando para a glória de Deus, ele é aquele crente “reclamão”, preguiçoso, carnal, mundano, eu está sempre à beira do precipício. Essas fortalezas surgem a partir do momento que não colocamos a Palavra de Deus em seu devido lugar nas nossas vidas. Ao olharmos para o mundo vemos claramente tais fortalezas muito bem estabelecidas: as drogas, a prostituição, a corrupção, etc. Alguns exemplos de fortalezas na vida de crentes: a idéia do “nada a ver” quanto a piadas sujas, palavrões, fofocas, maledicências, etc. Esses são apenas alguns exemplos na parte de nossas comunicações, o que dizer da vida familiar, moral, ética, relacionamentos, namoros, comportamento social, etc. Existem diversas “fortalezas” da maldade que podem nos envolver e prender, mas com as armas espirituais que o Senhor nos concede poderemos destruir tais fortalezas. Uma grandiosa fortaleza do mal são as dúvidas. Muitos crentes em um determinado ponto de sua caminhada chegaram até a duvidar de sua própria salvação. Mas uma vez que o crente verdadeiro toma as armas espirituais e luta o bom combate, ele destrói tais fortalezas. Temos que nos libertar em Cristo Jesus.

"Anulando nós sofismas". Os sofismas formam a base das fortalezas e eles estão ligados diretamente a doutrinas e ensinamentos. No Brasil se destacam a teologia da prosperidade e a teologia da batalha espiritual. Nessa última impõe-se o medo e a insegurança através de um certo tipo de paranóia. Certa vez em uma determinada Igreja via as pessoas batendo seus pés no chão e diziam que estavam pisando a cabeça do diabo. Isso é mentira! Nós pisamos a cabeça de satanás quando o rejeitamos, e o modo pelo qual ele se apresenta é através do pecado. Os sofismas levam a pecar, enganando aos crentes incautos e preguiçosos, que não tomam as suas armas espirituais para lutar a batalha da fé. Os sofismas podem estar até em nosso sub-consciente, levantando verdadeiras fortalezas que prendem as pessoas. A IPB não reconhece mais as igrejas universal e a mundial como igrejas evangélicas, mas como seitas. Portanto todos que vierem de tais denominações deverão ser rebatizados. Quantos e quantos crentes, até presbiterianos, perdem seu tempo assistindo aos programas de televisão dessas seitas, em suas casas, e ficam totalmente confusos e desorientados. Outro grande sofisma é a teologia da revelação, a mentira disfarçada de verdade e que causa grande impacto em muita gente. “Deus me revelou...” e aí vem o sofisma, porque a revelação de Deus ao homem é a Bíblia Sagrada. Quantos vão atrás de profetas e reveladores, buscando algo que Deus já concedeu à todos que crêem através do conhecimento da Bíblia. Somos reino de sacerdotes, não precisamos de nenhum outros HOMEM para chegarmos a Deus, exceto Jesus Cristo, que se fez homem para nos levar ao Pai (Jo 3:16). Muitos dizem: “vai naquela igreja que ali Deus revela”, isso é sofisma. Eles estão presentes nas tvs, dvds, programas televisivos, internet, etc. A Bíblia nos manda examinarmos tudo e retermos o que é bom.

"Anulando [...] toda altivez". Tudo que falamos aqui tem a ver com a altivez, porque não se submete à Palavra de Deus. A altivez provém do orgulho humano, da arrogância que está presente em nós mesmo. O inimigo usa, fomenta e trabalha para que esse tipo de sentimento brote em nossos corações e nos governe, por isso precisamos resistir e vencer e anular todo tipo de altivez que se faça presente em nossas vidas. Muitos crentes não conseguem estar firmes em suas igrejas por causa de sua altivez, arrogância, prepotência. Não sabem perdoar e nem pedir perdão, não descem de seu pedestal do orgulho, querem sempre estar acima dos demais, não aprenderem que na Igreja de Cristo todos somos iguais, todos somos pecadores, só Deus é bom. O que há de bom em nós provém de Deus, se a graça de Deus não estivesse em nós seríamos iguais aos perdidos. Por isso é bom lembrarmos sempre que o nosso pecado, nossa natureza pecaminosa nos iguala, nos nivela. Na Igreja ninguém é melhor ou pior do que ninguém, todos dependem da graça e da misericórdia de Deus. Mas todos nós temos o germe, o vírus da altivez dento de nós, e se não a vencermos, seremos presos por ela, viveremos debaixo de seus padrões de comportamento, e terminaremos por nos enfraquecer na fé. Seremos aqueles crentes problemáticos, jactanciosos, amigos de facções e divisões dentro do Corpo de Cristo. Causaremos muitos males e terminaremos nos auto-destruindo, trazendo para nós mesmos a dúvida, a incerteza e falta de felicidade que caracterizam todos que são governados pelo orgulho. Observe a história da Igreja, os mais experientes certamente já se lembraram de diversos casos de crentes altivos e orgulhosos que terminaram assim, longe de Cristo. O diabo gosta desse tipo de pessoa, porque a altivez está no coração de satanás. Ele é altivo, orgulhoso, arrogante, foi seu orgulho que o levou a ser expulso do Céu e ser transformado de anjo a demônio. Ele é o pai da mentira, é ele quem engana e destrói as pessoas e tem o poder maligno de fazer brotar nos corações esses sentimentos, que só podem ser anulados através do uso consciente e voluntário das armas espirituais.

Conclusão

Conta-se em uma ilustração que um certo homem ganhou uma viagem navio e ao entrar no navio deram-lhe uma maleta e assim ele embarcou. Ao entrar no navio ele procurou algum lugar calmo, na penumbra onde ele pudesse ficar sozinho e descansar. Encontrou o porão e ali ele se deitou e dormiu, até que ficou com fome e procurou alguém que lhe desse algum alimento. Um dos tripulantes do navio o encontrou e lhe disse: “O que você está fazendo aqui? Aqui é o porão do navio”. Só então ele soube que naquela maleta havia uma passagem que lhe dava o direito de viajar em uma cabine confortável, com chuveiro, roupas limpas e alimento. Essa é só uma pequena ilustração que serve para retratar o que acontece na vida de muitos crentes que vivem estão vivendo nos porões da alma, nos quantos escuros e sombrios da alma. Vivem uma vida espiritual medíocre, sem frutificação, sem a alegria que vem de Deus, isolados do corpo de Cristo, quando deveriam viver felizes a vida cristã, produzindo frutos, descansando no amor de Deus, lavados pelo sangue de Cristo e alimentados pela Palavra de Deus. Vivem como prisioneiros de pecados, quando deveriam ser livres. Vivem como derrotados, quando deveriam viver como vencedores. Vivem secos e sem vida, quando deveriam ser como a árvore frutífera (Sl 1). Esse modo de viver do qual falamos aqui, não é a teologia da prosperidade ou triunfalismo, mas a vida cristã normal, que Deus preparou para nós em Cristo Jesus. Ele em nós é a esperança da glória (Cl 1:27).

Soli Deo Gloria!!!

Material de apoio:
BEA – Bíblia de Estudo Almeida
BEG – Bíblia de Estudo de Genebra.

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