Ó MULHER, GRANDE É A TUA FÉ

TEXTO BÁSICO: 
Mateus 15:21-28
21  E, partindo Jesus dali, foi para as partes de Tiro e de Sidom.
22  E eis que uma mulher cananéia, que saíra daquelas cercanias, clamou, dizendo: Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de mim, que minha filha está miseravelmente endemoninhada.
23  Mas ele não lhe respondeu palavra. E os seus discípulos, chegando ao pé dele, rogaram-lhe, dizendo: Despede-a, que vem gritando atrás de nós.
24  E ele, respondendo, disse: Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.
25  Então chegou ela, e adorou-o, dizendo: Senhor, socorre-me!
26  Ele, porém, respondendo, disse: Não é bom pegar no pão dos filhos e deitá-lo aos cachorrinhos.
27  E ela disse: Sim, SENHOR, mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus senhores.
28  Então respondeu Jesus, e disse-lhe: Ó mulher, grande é a tua fé! Seja isso feito para contigo como tu desejas. E desde aquela hora a sua filha ficou sã.


INTRODUÇÃO / EXÓRDIO
Somos um povo de fé, vivemos por fé, glória a Deus. Mas o que caracteriza uma vida de fé? Certamente todos nós que cremos, desejaríamos ouvir essas palavras de Jesus: “Paulo, grande é a tua fé”; “Marlene, grande é a tua fé”; “Pedro, grande é a tua fé”! A impressão que temos ao ler o texto é que Jesus se regozijou ao contemplar a fé dessa mulher. Se assim de fato desejamos em nossas vidas, devemos tentar seguir o exemplo dessa mulher cananéia, que apesar de não ser uma israelita, demonstrou essa fé. Veremos aqui alguns sinais dessa fé tão grandiosa que foi elogiada por Jesus, e da qual todos nós devemos ser participantes.

1 – SIMPLICIDADE
Essa mulher justamente por não ser judia, não tinha sequer o conhecimento da Lei de Moisés, no entanto ela tinha fé. Muitos hoje em dia, estão trocando o valor da fé pelo valor do conhecimento teórico das Escrituras. Precisamos sim da teoria, pois aí está a base do conhecimento prático. Porém, se ficarmos apenas na teoria, isso não vale nada. Nos tornaremos culpados por apenas sabermos acerca da verdade, se não a praticamos.  A grandiosidade da fé se revela na sua simplicidade. Isso não quer dizer que não devemos buscar o conhecimento, muito pelo contrário, devemos nos esmerar cada vez mais para conhecermos e conhecermos bem, as Escrituras Sagradas.

“Examinai as Escrituras porque julgais ter nelas a vida eterna.”

Mas, não podemos permitir que o conhecimento teológico seja demasiadamente filosófico, isto é, uma mera filosofia. O conhecimento teológico e doutrinário precisa gerar em nós mais confiança em Deus, mais comunhão com Ele, mais santificação, ou seja, mais FÉ. Existem pessoas que sabem tanto acerca da Bíblia e de Deus, mas não praticam, não vivem o Evangelho. Esses vivem um mundo de teorias, e sempre interpretam a Bíblia apenas filosoficamente. A impressão que passam é que o conhecimento de Deus é demasiadamente distante de quem não possui conhecimento de filosofia, grego e hebraico. Esse tipo de pensamento e práxis cristã está afastando o povo de Deus de uma vida cheia de fé. Basta um pequeno problema para que sejam abalados completamente. Esse tipo de conhecimento é superficial, está no cérebro, mas não entrou no coração. Não é incomum observarmos certos comportamentos liberais associados a esse tipo de conhecimento. O conhecimento de Deus genuíno e autêntico gerará atitudes reais de uma vida com Deus. Precisamos sim do conhecimento, mas não podemos jamais desassociá-lo da virtude, da santidade, da piedade e da fé. Fé que gera ações reais que glorificam a Deus e que edificam a Igreja.

“Errais não conhecendo as Escrituras e o poder de Deus”

2 – ORAÇÃO (vs. 22)
A mulher cananéia suplicou a Jesus que libertasse sua filha que estava endemoninhada. Essa atitude dela, de pedir algo a Jesus é uma figura da oração.
2.1 – A oração nos aproxima de Deus, ela andava atrás de Jesus, pedindo. Essa é uma das grandes características da fé, ela nos aproxima de Deus. Atrás de quem nós andamos() Quais conselhos seguimos() Por isso que muitas vezes o Senhor nos envia a provação, porque nesses momentos é que nós mais oramos. É na hora do teste que vemos de fato se temos fé, nessas horas nos aproximamos mais de Deus. Portanto, uma vida de fé será uma vida de oração. Não precisamos esperar a provação para buscarmos a Deus.
2.2 – A oração exige disciplina. Se examinarmos as Escrituras vamos encontrar exemplos de homens e mulheres de Deus que cultivaram uma vida de oração frutífera, e receberam de Deus uma grandiosa fé. Daniel é um desses personagens. Ele orava três vezes ao dia, levava a sério a vida de oração.
2.3 – A oração precisa ter prioridade. Nós ocidentais, vivemos dizendo que não temos tempo, mas geralmente conseguimos separar um tempo, por menor que seja, para algo que gostamos – TV, internet, passeios, etc. Nada contra, desde que não tome o lugar de Deus que deve sempre ser a nossa prioridade. Então, por que não separarmos um tempo específico para a oração() Por que não fazermos o nosso culto doméstico diariamente() Por que não freqüentarmos as reuniões de oração() Será que é só falta de tempo, ou falta de vontade mesmo() Somos aconselhados por Deus a orar sem cessar (1 Ts 5:17).

3 – ADORAÇÃO (vs. 25)
Clamou adorando: “Senhor, socorre-me”. Ali, no meio da luta, com a filha possuída pelo maligno, cheia de medos, preocupações e temores, essa mulher adorou a Cristo. Que fé! Aprendemos com essa mulher cananéia o poder que a fé tem, pois somente uma fé como essas gera adoração no meio das lutas e da incertezas da vida. Paulo e Silas também nos dão o seu testemunho de fé, quando na prisão em Filipos, à meia-noite oravam e cantavam adorando a Deus (Atos 15:25). A resposta de Deus foi rápida, houve um terremoto que quebrou as cadeias, o carcereiro e sua família foram salvos e o nome de Deus foi glorificado. Dentro daquela prisão aconteceu libertação, Deus salvou vidas, aleluia, louvado seja Deus.

A mulher cananéia recebeu sua benção, depois que ela adorou ao Senhor Jesus. E observe que o texto traz um ensinamento para nós: clamor em meio à adoração. Quem disse que não se pode clamar a Deus no meio do culto? Alguns estão afirmando que clamar a Deus pedindo algo a Ele, no meio da liturgia, no meio da adoração, tiraria o foco de Deus e colocaria o foco no homem. Que orar é para ser feito nas reuniões de oração. Que o culto solene não é lugar de intercessão, etc. Isso me faz lembrar dos fariseus que viviam criando regras, normas e costumes sem base alguma nas Escrituras, como se assim fosse, e foram duramente repreendidos por Jesus.

"E assim invalidastes, pela vossa tradição, o mandamento de Deus."  Mateus 15:6.

A adoração tem um poder sobrenatural de Deus que gera em nós a paz e a confiança. O mal se retira quando adoramos, satanás não suporta ficar presente no meio da adoração.

“Resisti ao diabo e ele fugirá de vós”
Quando Davi tangia a harpa o inimigo se afastava de Saul.

Precisamos adorar mais a Deus, adorar do modo que Lhe agrada: adorar em Espírito e em verdade, esse é o tipo de adoração que agrada a Deus.

“O Pai procura os verdadeiros adoradores...”

4 – HUMILDADE (vs. 26,27)
A humildade da mulher cananéia é algo impressionante. Essa passagem, se não for bem explicada pode gerar alguns conflitos de interpretação. Por que Jesus comparou aquela mulher com os simples animais? Por que ele usou a figura dos cachorrinhos? Primeiro partimos do princípio que Jesus é amor, Ele não estava ofendendo aquela pobre mãe. Quando Ele fala dos cachorrinhos, ele está fazendo uma separação entre os filhos de Deus e os que não são filhos de Deus. Todos que tem um bom coração, certamente vêem seus animais de estimação como se fossem filhos. Cuidamos deles e os amamos de verdade. Mas não igual aos nossos filhos, esses são especiais. Naquele contexto, os filhos de Deus eram os judeus, então o que Jesus estava falando era que aquela mulher não judia não tinha a prioridade em Seu ministério.

Mas havia algo naquela mulher que a tornara diferente. Como já lemos o texto, sabemos que ela foi agraciada por Deus com a fé, mas os discípulos não sabiam disso. Jesus sim, sabia de tudo porque Ele é onisciente e sabe todas as coisas. Quando eles foram por aquele caminho nas cercanias de Tiro e Sidom, Jesus já sabia daquele encontro. Ou melhor, na eternidade, antes que o mundo fosse formado, Jesus já sabia que iria ter esse encontro, e que ele seria extremamente importante para o ensino dos apóstolos e para todos nós que fomos chamados por Ele. Lembremos que Ele estava aqui formando o que poderíamos chamar de “colégio apostólico”, ou seja, os primeiros mestres que iriam formar a Sua Igreja, uma Igreja que iria evangelizar não somente judeus, mas que teria uma grande expansão entre os gentios. Havia muito preconceito dos judeus para com os gentios, e vice-versa. Portanto, este encontro é pedagógico. Jesus estava ensinando o valor da humildade.

E ali, naquele contexto gentílico, no meio de judeus tão preconceituosos, até por sua tradição, que surge essa mulher eleita de Deus e que possui uma grande fé, provinda do próprio Deus, e que demonstra extrema humildade. Quando Jesus diz a ela essas palavras, eu a imagino prostrada aos pés de Jesus respondendo:

“Sim, SENHOR, mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus senhores.” (Vs. 27).

Ainda hoje precisamos entender que não é porque somos os povo de Deus que somos melhores do que os outros. A humildade é a nossa coroa, o nosso cartão de visitas, o que nos autentica como filhos de Deus. Assim como a mulher cananéia se humilhou perante Jesus e os apóstolos, a nossa humildade deve ser demonstrada diante de Deus e diante dos homens.

“A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda.”  Provérbios 16:18.
"Antes, ele dá maior graça. Portanto diz: Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes."  Tiago 4:6.

Humilhemo-nos perante a face do Senhor para que Ele em tempo oportuno nos exalte.

5 – PERSEVERANÇA (vs. 23-27)
Jesus não respondeu de imediato aos pedidos daquela mulher, antes parecia ignorá-la, mas Ele a estava ouvindo muito bem. Os seus discípulos vieram ter com Ele, e a explicação foi que a prioridade de Seu ministério, ou seja, para quem Ele fora enviado naquela circunstância, era apenas à casa de Israel. E nem assim aquela mulher parou de pedir. Foi então que Jesus disse que não tiramos o pão da boca de nossos filhos para dar aos cachorrinhos, e qual foi a resposta da mulher?
“Sim, SENHOR, mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus senhores.” Vs. 27.

Quantas e quantas vezes nós deixamos de orar porque o Senhor parece demorado em responder. Quantas vezes também não oramos porque não acreditamos que Deus vá nos atender. Infelizmente essas coisas acontecem porque somos fracos na fé. Uma das grandes  características de que estamos vivendo por fé e a nossa não desistência.

A resposta de Deus sempre vem, pode ser um “sim”, um “não” ou um “espera mais um pouco”.

Existe um ditado que diz: “lutar sempre, vencer talvez, desistir jamais”.
Poderíamos parafrasear, com respeito à oração, mais ou menos assim:
“orar sempre, vencer sempre, desistir jamais”.

Não desista, em Cristo sempre vamos vencer.

CONCLUSÃO
O testemunho da mulher cananéia é algo extremamente edificante. Aqui, através dessa simples e anônima serva de Deus, aprendemos o grande valor que fé possui e o que ela pode gerar em nossas vidas: simplicidade, oração, adoração, humildade e perseverança.

Que possamos prosseguir em nossa jornada, rumo ao alvo que é Jesus, sempre buscando viver essa grandiosa fé, que é caracterizada por tão maravilhosas virtudes, e que são essenciais para que a vida cristã seja vivida de modo pleno, integre e que agrade a Deus.


Por: Rev. Paulo Sergio da Silva

02.07.11 Culto de Aniversário da SAF da IPB da Vila Toninho - S.J.R.Preto / SP.
Sermão pregado anteriormente:
- 03.07.10 - IPB de Monte Alto / SP, Culto de Aniversário da SAF
- 10.07.10 - 3ª IPB de Barretos / SP, Culto de Aniversário da SAF.

S.D.G.

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