Lutando pela alegria
Alegrar-se sempre em Deus é um exercício de fé
“Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos.” Filipenses 4:4.
4 Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos.
5 Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens. Perto está o Senhor.
6 Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças.
7 E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus.
O em que pensar
8 Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento.
9 O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso praticai; e o Deus da paz será convosco.
Você é uma pessoa alegre! Você é feliz? É possível alguém ser alegre e feliz neste mundo de tragédias, fome, guerras e violência? Diariamente somos bombardeados com notícias de assaltos, roubos, estupros, sequestros, delinquências, assassinatos, milhões de crianças abandonadas, milhões de abortos por ano, doenças e mortes. Mas sim é possível, pois a alegria que super valorizamos não é relacionada diretamente às circunstâncias, ela é originada e firmada em Deus!!!
A alegria e a felicidade são dádivas que o mundo vive em busca, todos querem ser felizes, mas buscam a felicidade em coisas que trazem consequências ruins e tristezas permanentes.
Mas os servos de Deus encaram essas dádivas de um modo diferente. Os problemas podem nos irritar e tirar nossa alegria momentaneamente, é verdade, mas mais do que apenas “estar” feliz, ou alegre, é preciso buscarmos SER felizes EM DEUS. Isso porque a alegria não é AUTOMÁTICA ou aleatória, algo que acontece “assim do nada”. Paulo teria tido condições de se sentir alegre no contexto abaixo?
2 Coríntios 11
23b em trabalhos, muito mais; muito mais em prisões; em açoites, sem medida; em perigos de morte, muitas vezes.
24 Cinco vezes recebi dos judeus uma quarentena de açoites menos um;
25 fui três vezes fustigado com varas; uma vez, apedrejado; em naufrágio, três vezes; uma noite e um dia passei na voragem do mar;
26 em jornadas, muitas vezes; em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos entre patrícios, em perigos entre gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre falsos irmãos;
27 em trabalhos e fadigas, em vigílias, muitas vezes; em fome e sede, em jejuns, muitas vezes; em frio e nudez.
28 Além das coisas exteriores, há o que pesa sobre mim diariamente, a preocupação com todas as igrejas.
Que alegria é essa?
A raiz da palavra "alegria" conforme está no texto original da Carta aos Filipenses é "chairó" - alegrar-se, e "chara" - alegria. Está relacionada com a mesma raiz de "charis" - graça.
Não se trata de uma alegria circunstancial, passageira, efêmera e / ou superficial. É uma alegria espiritual, que vem de Deus! Por isso podemos entender a expressão "alegria" como sendo algo muito mais elevado do que um momento alegre, mas a própria expressão da felicidade.
Trata-se de um "desenvolvimento espiritual superior que nos confere (no Senhor): confiança, alegria, senso de bem estar, paz" real e espiritual procedentes do próprio Deus. (R.N.Champlin).
É necessário diferenciar o conceito de alegria conforme o mundo e a alegria segundo Deus, alegria que vem diretamente do nosso Pai Celeste.
Essa alegria da qual falamos é tão importante e necessária porque é uma fonte geradora de força interior em nós: “Portanto, não vos entristeçais, porque a alegria do SENHOR é a vossa força.” Neemias 8:10b. Isso vai muito além do que algo meramente motivacional, é espiritual.
O termo utilizado em Filipenses 4:4 nos ensina muito:
• Trata-se de uma ordem, o “alegrai-vos” está no modo imperativo;
• Trata-se de uma ordem para todos os salvos;
• Está acima das circunstâncias: “sempre”;
• Não é sujeita a coisas desse mundo, é “no Senhor”.
O que Paulo vivia quando escreveu essas palavras? Paulo NÃO estava vivendo uma situação confortável e segura, ele estava preso (1:12-30). Repete três vezes a expressão "minhas cadeias" vs.13,14,17. Mas ao invés de se abater e desanimar, ele pregou o Evangelho para a guarda pretoriana (1:12-14). Ele próprio teve que passar pelo que passou para dizer essas palavras. Ele experimentou a prisão injusta, a solidão e o abandono, a difamação e ameaça de uma morte brutal. É necessário ter o entendimento do que Paulo tratou nesse contexto. Repetindo, não é a alegria segundo conceitos seculares, transitórios e mundanos, mas um TIPO de alegria diferente, que procede de Deus, é mantida por Ele e é uma força motriz dentro de nossos corações.
Nesse sentido, a alegria pode ser comparada a um tipo de medidor ou termômetro da nossa espiritualidade e comunhão com Deus. Pois se não compreendermos e vivermos na dimensão dessa alegria que o Senhor nos dá, significa que não estamos vivendo e praticando aquilo que Deus preparou e ordenou para nós, o que pode ser um indicador de enfraquecimento e pecado. Algo para nos fazer procurar a razão da ausência de alegria e sanarmos quaisquer problemas, reatando assim nossa comunhão plena com o Pai.
A vida de Paulo é uma lição viva de alguém que viveu nessa dimensão de força e poder que vem de Deus. A pergunta que eu te faço: como você encara a alegria cristã em sua caminhada? Você a vê como algo aleatório, de momento, que simplesmente “acontece”, ou algo que você precisa buscar, esforçar-se e LUTAR ESPIRITUALMENTE para vivenciar por ser uma dádiva procedente de Deus?
Como lutamos pela alegria?
Primeiramente é necessário identificar tudo que possa drenar a nossa alegria. Muito cuidado, não se permita ser roubado! Não peque desprezando essa fonte de força e poder que Deus não só nos concedeu, mas nos ordenou vivermos. Por isso devemos nos precaver. É assim que Paulo nos apresenta seis matrizes que nos ensinam a vivermos e nos mantermos alegres no Senhor.
1 – Moderação (vs. 5a)
“Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens.” Fp 4:5a.
A palavra moderação também aparece na Bíblia com a expressão “modéstia”, que tem a ver também com humildade, pressuposto da conduta cristã. O oposto disso é o excesso, que só não é prejudicial quando se trata da prática das virtudes recomendadas pelo próprio Senhor. Todas as vezes que ultrapassamos os limites da moderação nos expomos a dores e sofrimentos interiores que roubam a nossa alegria de filhos (as) de Deus. A moderação em tudo é boa, e quem não sabe ser moderado geralmente peca, se frustra e sofre, como resultado há um “derretimento” da alegria.
A não moderação pode ser um sinal da soberba (Pv 16.18) e "Deus resiste ao soberbos, mas dá graça aos humildes" (1 Pe 5:5).
Paulo também menciona a moderação em 1 Tm 1.7 mencionando-a como uma virtude provinda de Deus para a nossa manutenção espiritual.
Porque Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação.
1 Timóteo 1:7.
Muitos sofrimentos nos sobrevêm como resultado de atitudes que tomamos sem moderação. Desenvolver a moderação promoverá o crescimento e a manutenção da alegria de Deus em nós.
2 – Lembrar sempre que Deus está perto (vs. 5b)
“Perto está o Senhor.” Fp 4:5b.
A Palavra nos apresenta Deus como um ser Onipresente, significa que Ele está em todos os lugares ao mesmo tempo. Mas esse conceito é tão sublime e elevado, que em meio aos dilemas, crises e dores poderemos nos esquecer e nos equivocar, ainda que inconscientemente. Daí a importância de nos lembrarmos sempre de que Ele está perto de nós e desenvolvermos a comunhão cristã, de sorte que as santas doutrinas não se tornem meros conceitos, frios e distantes de nós, mas sejam vida de Deus em nós. Isso nos fará lembrar Quem de fato Ele É, como age, o que faz e o que não faz, o que gosta ou não e o que espera de nós.
7 regras básicas de pensamento sobre Deus:
Se nos esquecermos disso eventualmente agiremos como se Ele não visse, não soubesse o que se passa conosco ou não Se importasse, não nos amasse. Deus É onipresente, e mais, Ele está conosco porque nos ama e cuida de nós. Ele nunca nos desampara. Isso serve tanto para nos dar paz nos momentos de crise como também para nos afastar de situações de perigos, onde eventualmente estaríamos nos aproximando perigosamente do pecado, nos expondo a circunstâncias que em si mesmas já são pecado e podem nos levar a coisas ainda piores.
O amor de Deus é provado de modo inequívoco na obra redentora de Cristo.
3 – Não aceitar a ansiedade (vs. 6a)
“Não andeis ansiosos de coisa alguma” Fp 4:6a.
A ansiedade é um problema atualíssimo, mundial, que afeta milhões de pessoas se tornando uma doença social. Mas existem outros níveis ou camadas de ansiedade, abaixo daquilo que é constatado como doença, a ansiedade mais comum do dia a dia, e que é mais fácil de lidar e vencer. Esse é um dos maiores ladrões da alegria.
Todos nós precisamos saber lidar com a ansiedade em nossa caminhada. Há momentos em que a preocupação é boa e até nos ajuda e impulsiona a caminhar, pois se não houver nenhuma preocupação quanto ao amanhã poderemos nos tornar ociosos e acomodados. Mas o problema é quando a preocupação ocupa um espaço além do que deveria ter, e torna-se ansiedade. O remédio contra a ansiedade é apresentado por Jesus em Mateus 6:25-28, quando Ele nos diz para descansarmos em Deus, porque somos mais valiosos do que as flores do campo ou as aves do céu, e o Pai cuida de nós.
E existe um método muito poderoso e eficaz para alcançarmos esse descanso: a oração. E é disso que Paulo fala a seguir.
4 – Oração (vs. 6b)
“Em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças.” Fp 4:6b.
Aqui aprendemos que há tipos de oração e modos de orar: petições, orações, súplicas e ações de graças. Temos que pedir, é ordem de Deus “pedi e dar-se-vos-á”, e fazemos isso orando e praticando a oração, diariamente e em todo tempo. Precisamos aprender a orar. Muitas vezes devemos entrar em um nível mais íntimo e profundo de oração: as súplicas. Lembremos de Ana em 1 Sm 1 que orava com intensidade. Ela estava muito triste, atribulada de espírito (1 Sm 1:14), mas em 1 Sm 1:15 está escrito que ela derramava sua alma perante Deus, ela estava suplicando. E após esse tempo na presença de Deus 1 Sm 1:18 nos diz que “o seu semblante já não era triste”. Sem dúvida a oração nos aproxima de Deus, precisamos aprender a orar mais e melhor.
Nesse mesmo texto nos é ensinado outro recurso para conter a ansiedade: “ações de graças” (Fp 4:6b). Se observarmos bem veremos que temos muito mais motivos de agradecer do que pedir. E ao orarmos devemos já agradecer por aquilo que oramos na certeza de que Deus cuida de nós. Independentemente do tempo ou modo como Ele vai nos responder, sabemos que Ele vai nos responder, e que a Sua vontade é boa perfeita e agradável (Rm 12:2).
Seguindo esses passos nossa vida de oração frutificará na consciência de que Deus nos ouve. E saber que Deus nos ouve e responde gera em nós essa alegria da qual o texto sagrado nos fala.
“E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus.” Fp 4:7.
A paz de Deus é espiritual. Todas as vezes que estamos vulneráveis essa paz parece se esvair de dentro de nós. O que rouba a sua alegria é o mesmo que rouba a sua paz, porque a paz é o caminho pelo qual o Senhor nos concede a alegria. A paz de Cristo é um árbitro (juiz) em nossos corações (Cl 3:15), ela é que nos dá a sensação e o discernimento de que estamos vivendo de acordo com a vontade de Deus. E Fp 4:7 nos ensina que essa paz deve permear e guardar três áreas vitais de nossa vida: entendimento, coração e pensamentos.
Essas três áreas do nosso ser não são a mesma coisa, porém são tão interligadas que se fundem, mas não se confundem.
O entendimento aponta para o modo como interpretamos a vida e o mundo, nossa cosmovisão. Isso faz-nos pensar em quem nós somos diante de Deus e qual é o nosso papel no mundo. Essa é uma das áreas mais nevrálgicas do ser humano, porque quem não sabe quem é pode ter grandes problemas de identidade e auto estima, poderosos ladrões da alegria. Ter a paz de Deus guardando o nosso entendimento é essencial para manter a nossa alegria no modo ativo.
O coração nos aponta para os sentimentos e vontades. O coração é o centro de comando de nossa vida, decisões e vontades. Ora, se a paz de Cristo não comandar essa parte tão vital de nosso ser, tomaremos decisões e agiremos de modo a não ter alegria em nossas decisões. O nosso coração pode ser um grande inimigo se nos controlar. Em Provérbios 23:26 Deus nos aconselha a darmos a Ele o nosso coração. Nós precisamos praticar isso voluntaria e obedientemente, com alegria, pois Deus sempre tem o melhor para nós. Do contrário, o nosso coração poderá nos tornar pessoas muito tristes e infelizes com o que temos e somos. Ora meus irmãos, não deixemos que as coisas desse mundo dirijam nossos corações, mas submetamos o nosso coração a Deus e Ele nos iluminará e nos dará a Sua paz. Jeremias 17:9-10 nos ensina que o nosso coração por si só é enganoso e desesperadamente corrupto, e que somente Deus pode conhecê-lo.
A nossa mente é a sede de nossas ideias, planos e idealizações. É na mente que ocorrem pensamentos que se tornarão ações. O entendimento e o coração devem ser guardados pela paz de Cristo, juntamente com a nossa mente, porque nela é que raciocinamos e entendemos a vida, o mundo, e especialmente a Palavra de Deus, que é luz e que ilumina o nosso interior e os nossos passos. A mente humana é semelhante ao um campo de batalhas, é aí que acontece grande parte da terrível guerra espiritual que travamos todos os dias contra o maligno. É na mente também que negociamos valores e disposições interiores que fluirão em nossa vida, lar, família, negócios, relacionamentos, etc. Por isso que o próximo item trata dos pensamentos.
6 – Vigiar sobre a vulnerabilidade dos pensamentos (vs. 8)
Terminando esse ensinamento, a Palavra nos aponta algumas coisas que devem ocupar o nosso pensamento. Eles são a junção e o fruto entre o que entendemos acerca do mundo e da vida (cosmovisão), e nossos sentimentos. Aqui podemos identificar vários ladrões da alegria: mentira, desrespeito, injustiça, impurezas, coisas abomináveis, de má fama, que desvirtuam e o que não se pode elogiar.
“Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento.” Filipenses 4:8.
Campo perigoso! Os pensamentos são fruto do nosso entendimento e sentimentos e precisam ser guardados e protegidos pela por Cristo, pois eles podem nos trair. Em Colossenses 2:8 o Senhor nos manda tomar cuidado com as “filosofias e vãs sutilezas” desse século, porque elas podem entrar em nossos pensamentos e nos ludibriar, nos afastando da alegria que o Senhor nos dá. Essa também é uma área onde o inimigo tem como nos tentar colocando ali imagens e ideias (pensamentos) que podem nos levar para longe de Cristo, roubando assim a nossa alegria. Vejam o que diz 2 Co 10:4-5.
⁴ Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas
⁵ e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo,
Então a maneira prática de cumprir Fp 4.8 é:
“[...] levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo” (2 Co 10.5b).
Conclusão
Podemos vencer os ladrões da alegria, esses inimigos que são tão reais, e que literalmente pode nos roubar a alegria de amarmos o Senhor e saber que:
• somos salvos
• somos filhos de Deus
• pertencemos ao nosso Senhor, esse Ser tão maravilhoso e poderoso que Ele É
• somos quem nós somos e o que podemos ser e fazer para a glória de Deus
• um dia vamos morar no Céu, veremos e caminharemos com o Senhor Jesus.
Notemos, no entanto, que isso exige de nós atitudes práticas e firmes. Do contrário seremos roubados.
Você é uma pessoa alegre? O que mais alegra seu coração? Hoje reforçamos o aprendizado de que Deus quer que sejamos alegres nEle, através dEle e com Ele. Então meus amados, encerro exortando-vos:
• Que a paz e a alegria sejam guiadas e nutridas somente em Deus.
• Que as alegrias salutares deste mundo – família, igreja, realizações e vitórias – sejam sempre abençoadas por Deus.
• Que nada que entristece a Deus seja alvo da alegria e satisfação.
• Que a nossa alegria seja sempre abençoada por Deus.
• E que essa alegria que vem de Deus nos fortaleça a cada dia em nossa vida espiritual.
SDG – Somente a Deus glória!!!
Comentários
Postar um comentário
FIQUE A VONTADE, DEIXE SEUS COMENTÁRIOS!!!
Obs: comentários serão bem-vindos se forem educados e não usarem termos ofensivos. Podemos discordar, mas vamos procurar manter o nível da educação e do respeito. Obs.: ao comentar identifique-se, pois não publicamos comentários anônimos.
Best regards in Christ, God bless you!!!