O CRESCIMENTO E O DESENVOLVIMENTO CRISTÃO - PARTE 2: VIRTUDE E CONHECIMENTO

O CRESCIMENTO E O DESENVOLVIMENTO CRISTÃO - PARTE 2: VIRTUDE E CONHECIMENTO
Por: Lic. Paulo Sergio da Silva

IPB de Belas Artes - Itanhaém / SP
Escola Dominical 23.11.08

IPB de Praia Grande / SP
Escola Dominical 30.11.08

TEXTO BÁSICO: 2 Pedro 1:3-8

Como foi visto anteriormente (http://somenteDeusgloria.blogspot.com/2008/07/o-crescimento-e-o-desenvolvimento-da-f.html) o Apóstolo Pedro, inspirado pelo Espírito Santo, nos fala neste texto acerca do equilíbrio que há entre a graça divina (vs. 3 “nos tem sido doadas”) e o esforço humano (vs. 5 “por isso vós mesmos”).

Graça - Deus concede os meios:
Vs. 3
- nos doou todas as coisas que conduzem à vida e à piedade
- pelo conhecimento completo de Si mesmo
- nos chamou para a Sua própria glória e virtude
Vs. 4
- nos oferece suas preciosas e mui grandes promessas
- nos convida a sermos co-participantes de Sua natureza
- nos liberta da corrupção que há no mundo

Esforço humano - cabe a nós subir os degraus nessa escalada de crescimento e desenvolvimento da fé:
Vs. 5
1 - diligência
2 - fé
3 - virtude
4 - conhecimento
Vs. 6
5 - domínio próprio
6 - perseverança
7 - piedade
Vs. 7
8 - fraternidade
9 - amor
(Bíblia Vida Nova).
Nesta segunda parte de nosso estudo estaremos nos debruçando no estudo da Palavra de Deus tentando encontrar os ensinamentos que ela tem para nós dentro da visão de crescimento e desenvolvimento cristão, conforme já foi feito na primeira parte. Desta feita daremos destaque a estes dois termos conforme encontramos no final do vs 5:

"com a virtude, o conhecimento..."

PARTE 2 - VIRTUDE E CONHECIMENTO

É importante lembrarmos que cada um desses itens aparecem associados uns aos outros (vs 5 "associai") numa sequência que certamente não é sem valor. Há um sentido, um significado, uma lição para isso. Aprendemos aqui pelo menos duas lições de real valor.

A primeira lição é que não é da vontade de Deus que esses valôres apareçam isolados em nossas vidas. Essa ligação entre um e outro faz com que um fortaleça ao outro. Por exemplo, no estudo anterior vimos a ordem de reunirmos toda nossa diligência para associarmos com a nossa fé a virtude e com a virtude o conhecimento. Existe uma sequência no crescimento, como numa escalada ascendente, e que cabe a nós nos esforçarmos por adquirir e praticar cada uma dessas bençãos. Resta-nos saber em que degral estamos e se estamos nos esforçando diligentemente, conforme nos manda a Palavra de Deus.

A segunda lição que notamos nessa construção literária e que fica bem notória no vs 5, é que não devemos cruzar os braços aguardando que algo sobrenatural aconteça e o crescimento espiritual, o amadurecimento, venham automaticamente em nossas vidas. Vivemos a era da automatização, porém em se tratando de desenvolvimento cristão isso não é possível. O crescimento só virá se houver esforço de nossa parte. É um exercício de força de vontade.
"...por isso mesmo, vós, reunindo toda a vossa diligência, associai com a vossa fé..." 2 Pe 1:5.
"Desde os dias de João Batista até agora, o reino dos céus é tomado por esforço, e os que se esforçam se apoderam dele." Mateus 11:12.

Vejamos então qual o significado desses dois valores espirituais.

3 - VIRTUDEEnciclopédia Bíblica – Orlando Boyer:
“Excelência moral, probidade, retidão”.

Dicionário Priberam:
"Disposição habitual para a prática do bem; ato virtuoso; boa qualidade moral; força moral."

Dicionário Universo Bíblico:
"Disposição firme e constante para a prática do bem; qualidade própria para produzir certos efeitos."

Dicionário Michaelis:
"1 Hábito de praticar o bem, o que é justo; excelência moral; probidade, retidão. 2 Boa qualidade moral. 3 O conjunto de todas as boas qualidades morais. 4 Austeridade no viver. 5 Força moral; valor, valentia, coragem. 6 Ação virtuosa. 7 Castidade, pudicícia. 8 Validade, força, vigor. 9 Qualidade própria para produzir certos e determinados resultados; propriedade, eficácia. Virtudes cardeais: grupo de virtudes proeminentes: a) entre os antigos e entre os escolásticos, as virtudes naturais: prudência, justiça, temperança e fortaleza; b) as sete virtudes que incluem, além das virtudes naturais, as três virtudes teologais: fé, esperança e caridade. Virtudes naturais: as quatro virtudes cardeais: prudência, justiça, temperança e fortaleza, distinguidas no escolasticismo das três virtudes teologais. Virtudes teologais: a fé, a esperança e a caridade."

"Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade(...)" Gl 5:22.

Notamos que o significado da palavra está diretamente ligado às nossas ações no mundo, ou seja, nossa interação com as pessoas. Dentro dessa visão destaco dois significados da palavra virtude.

3.1 - DISPOSIÇÃO INTERIOR
Entre tantas coisas, virtude é uma disposição interior para praticarmos atos de bondade, boa qualidade e força moral. Lembremos que no vs 3 já foi dito que o Senhor nos chama para a Sua própria glória e virtude. Ele é o nosso exemplo máximo de bondade e autruísmo, pois abriu mão de todo conforto e prazer que tinha para se encarnar e morrer na cruz pagando o preço da salvação de todo aquele que nEle crer - Fp 2:5-10.

Em Fp 2:5-11 recebemos a ordem de termos em nós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus. Nesse sentido somos chamados a imitarmos Cristo e abrirmos mão de algo para uma vida de serviço e para a Sua glória. Isso tudo é muito prático, tangível. Trata-se de não ficarmos só nas palavras mas partirmos para ações em vias de fato. Alguém já disse que "mente vazia é oficina do diabo" e que "o cristão que não trabalha dá trabalho".

Existem pessoas que vivem num mundo de auto-comiseração e tristeza, nunca estão satisfeitos com o que possuem e estão sempre amargurados. Se essas pessoas tirassem um dia por mês para fazer visitas em hospitais seriam grandemente beneficiadas espiritualmente com o crescimento e amadurecimento que vem quando nos dispomos a ajudar nosso próximo.

Curioso é que o Senhor Jesus nos alerta em Mateus 25:31-46 que no grande julgamento será justamente avaliada nossa ação no mundo contemporâneo. Isso deveria nos preocupar muito, pois como podemos ser tão acomodados em um mundo com tantas oportunidades de serviço cristão?

3.2 - QUALIDADES DO CARÁTER
Mas virtude também aponta para qualidades do nosso caráter, nosso homem interior, qualidades que tem a ver com nossa santificação, nas quais devemos nos esmerar, como: excelência moral; probidade, retidão, austeridade no viver, força moral, castidade, pudicícia.

3.2.1 - Mudando valôres - Rm 12:2. Tristemente vivemos dias em que muitos dentre o povo evangélico tem sido contaminados por tudo que é contrário a tais valôres (Mt 24:12,13). É comum em nossos dias sabermos de crentes que se divorciam por motivos banais, que vivem uma vida imoral, em pecados e escândalos, que praticam sonegações e envolvidos em corrupções. Hoje em dia é normal crente adulterar, se separar, fumar, dançar, beber, jogar... Alguns argumentam que "não tem nada a ver", ou que "todos tem uma fraqueza", ou que "Deus é amor, Ele vai perdoar" e pronto, tudo resolvido. A Bíblia nos alerta: "Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará." Gl 6:7.

Parece que vivemos uma nova era das trevas onde os valôres do reino de Deus estão sendo trocados pelos valôres do mundo, uma era em que muitas igrejas acreditam em amuletos e objetos consagrados, uma era em que o estudo e a meditação na Palavra de Deus está sendo trocado por profecias e revelações...

3.2.2 - Viver piedosamente - 2 Tm 3:12. E aqueles que vivem e pregam uma vida pautada pela santificação, dirigida e regrada pela Bíblia e somente por ela, muitas vezes são taxados de fanáticos, quadrados, caretas, mente fechada, etc. Como já vimos na primeira parte do estudo, em 2 Pe 1:3a somos chamados ao desenvolvimento de uma vida piedosa aqui na Terra.

Portanto, associar com a fé a virtude significa praticarmos uma fé bíblica, piedosa, prática, onde não somente sabemos o significado das doutrinas, mas procuramos praticá-las diariamente em nossos lares, na igreja, e na sociedade em que vivemos.

Vivemos uma era de liberalismo tão grande em nossos dias que nos faz pensar nas igrejas da Europa que sucumbiram ante a ele. A diferença é que aqui no Brasil esse liberalismo vem disfarçado de espiritual, mas se analisado em sua raiz é exatamente o mesmo. Como será a igreja daqui 20 anos? Que Deus tenha misericórdia de nós. A nossa segurança está nEle que preserva e cuida de Sua noiva.

4 - CONHECIMENTO
Palavra chave da carta – 1:3, 5,6,8; 2:20; 3:18.
O nosso conhecimento de Deus deve ser intelectual e experimental.

4.1 - Intelectual no sentido de que abrange nosso intelecto, mente, precisamos exercer nossa inteligência - Lc 2:47; Rm 12:1.
4.1.1 - Através da pregação da Palavra de Deus vem o conhecimento da verdade e é gerada a fé - Rm 10:17.
4.1.2 - No início de nossa caminhada na fé somos semelhantes a criancinhas pois somos recém-nascidos espiritualmente - 1 Pe 2:1,2; 1 Co 3:2.
4.1.3 - Com o passar do tempo precisa haver crescimento através do conhecimento - Hb 5:12-14.
4.1.4 - A leitura, o estudo, a freqüência aos cultos e reuniões são os meios onde adquirimos o conhecimento - Sl 119:2,3; 1 Tm 4:13,15; Ap 1:3; Hb 10:25; Sl 133:3b a Palavra diz "ali" ensinando que há algo especial na reunião da igreja.

4.2 - Experimental - Não basta conhecer só intelectualmente, precisamos conhecer ao nosso Deus na prática, no dia a dia. Não vamos saber se o doce é bom ou não se não experimentarmos. Fala-se muito em "ter experiência" com Deus, é preciso que se entenda o que isso significa de fato. Para adquirir esse tipo de conhecimento necessitamos:
4.2.1 - Viver e praticar aquilo que aprendemos na Bíblia, é necessário que haja transformação de vida - Ef 4:22-32; Tg 1:22-25.
4.2.2 - Praticar, viver uma vida de oração - 1 Ts 5:17; Mt 6:6; Tg 5:13-15.
4.2.3 - Nos abster do pecado buscando ardentemente a santificação - Hb 12:14; 1 Ts 5:23; Rm 12:2; Cl 3:1,2; 2 Pe 1:3. Vivemos dias difíceis em que o pecado torna-se cada vez mais natural na sociedade, e na igreja? Vimos no ponto anterior as qualidades do caráter e a necessidade de vivermos em novidade de vida - Gl 6:7; Rm 6:4.

4.3 - Amadurecendo no conhecimento.
4.3.1 - O exemplo de Jó: integridade, sofrimento, enfermidade, perdas, restauração - Jó 42:5.
4.3.2 - O exemplo de Paulo: perseguidor, missionário, sofrimento, perseguições, torturas, prisão e morte - At 9:5; 1 Co 13:9,11,12; 2 Co 3:18.
4.3.3 - O exemplo de Pedro: impetuoso, negou o Senhor, foi restaurado, apóstolo, missionário, perseguido e morto - Mt 26:69-75; Jo 21:15-19.
4.3.4 - O conhecimento gera sabedoria - Fp 4:12,13; Pv 11:2.

SDG!!!