DEUS E AS CATÁSTROFES

Por: Rev. Paulo Sergio da Silva
3ª IPB de Barretos / SP
Culto Vespertino 16.01.11


TEXTO BÁSICO – Lucas 13:1-9
1   Naquela mesma ocasião, chegando alguns, falavam a Jesus a respeito dos galileus cujo sangue Pilatos misturara com os sacrifícios que os mesmos realizavam. 2   Ele, porém, lhes disse: Pensais que esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus, por terem padecido estas coisas? 3   Não eram, eu vo-lo afirmo; se, porém, não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis. 4   Ou cuidais que aqueles dezoito sobre os quais desabou a torre de Siloé e os matou eram mais culpados que todos os outros habitantes de Jerusalém? 5   Não eram, eu vo-lo afirmo; mas, se não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis. 6   Então, Jesus proferiu a seguinte parábola: Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha e, vindo procurar fruto nela, não achou. 7   Pelo que disse ao viticultor: Há três anos venho procurar fruto nesta figueira e não acho; podes cortá-la; para que está ela ainda ocupando inutilmente a terra? 8   Ele, porém, respondeu: Senhor, deixa-a ainda este ano, até que eu escave ao redor dela e lhe ponha estrume. 9   Se vier a dar fruto, bem está; se não, mandarás cortá-la.

INTRODUÇÃO
Todos nós estamos chocados com os acontecimentos na região serrana do Rio de Janeiro. Cidades foram devastadas pelas enchentes e pelas avalanches de terra, pedras e árvores que desceram dos morros naquele lugar. O número de mortos já passa de 600 e estima-se que este número cresça muito mais nos próximos dias. Jamais vimos em nossa geração uma tragédia tão grande como essa no Brasil, que está sendo classificada como uma das 10 maiores catástrofes do mundo!

O nosso coração chora só de ouvir os relatos de pessoas que perderam praticamente tudo que tinham, inclusive famílias inteiras que morreram em segundos, casas e bens, o fruto do trabalho de vidas inteiras se foi.

Como reagimos diante das calamidades? Como nos comportamos diante das catástrofes da vida? Se nós fossemos as vítimas como estaríamos interiormente? O que dizer para quem perdeu tudo? E talvez a questão mais difícil de todas: por que Deus faz, ou permite, todas essas coisas? Tudo isso será alvo de nossa reflexão, que Deus nos abençoe.

EXPLICAÇÃO
Pouco se sabe acerca do evangelista Lucas. Segundo a tradição da Igreja Cristã ele provinha de Antioquia e era médico (Cl 4:14), e que posteriormente acompanhou Paulo em algumas viagens missionárias (At 16:10-17; 20:5-16; 21:1-18; 27:1-28:16). A ele é atribuída a autoria deste Evangelho e do Livro de Atos dos Apóstolos.

Uma das peculiaridades deste autor, é o seu cuidado nas narrativas. Lucas não foi testemunha ocular dos eventos por ele narrados, mas fez uma pesquisa acurada de todas as informações, e cuidadosamente escreveu seus relatos (Lc 1:1-4; At 1:1). Ele sempre procura situar os eventos narrados na história, o que faz do Evangelho de Lucas um verdadeiro referencial histórico. Nesse texto, encontramos a citação de dois fatos que não são registrados em nenhum outro lugar: o assassinato dos galileus pela crueldade de Pilatos, e a queda da torre de Siloé. (BEG).

ARGUMENTAÇÃO
Nós estamos diante de uma situação em que Jesus foi confrontado pelas pessoas que O questionaram justamente por causa de algumas tragédias que alguns galileus tinham sofrido. Aqueles homens tinham as mesmas indagações que nós, os mesmos questionamentos, as mesmas dúvidas. No primeiro evento, aparentemente alguns galileus haviam sido mortos por soldados de Pilatos enquanto ofereciam sacrifícios no templo, de modo que o seu sangue se misturou ao de seus sacrifícios (Lc 13:1). No segundo evento uma torre, chamada aqui de “torre de Siloé”, desabou sobre dezoito homens e os matou (vs.4). Na seqüência Jesus proferiu uma parábola que vai nos esclarecer ainda mais acerca dessa questão.

Diante desse texto, o que podemos aprender acerca da ação divina nas catástrofes?

1 - ELAS NÃO SERVEM PARA MEDIR OS PECADOS
Jesus deixa claro que o que tinha acontecido com aquelas pessoas não era porque eles fossem mais pecadores (2b-3a;4b-5a). Esse é um grande erro que muitas vezes cometemos, todas as vezes que acontece alguma tragédia. Pensamos que Deus está julgando aqui os pecados dos homens. Ainda que seja, não temos autoridade e nem somos juízes para julgar as pessoas de acordo com o que lhes acontece. Seria como dizer que alguém quebrou um membro, ou que o pneu do carro furou, por causa de algum pecado. Há um tipo de “simplismo” nesse tipo de pensamento, e é uma das bases da teologia da prosperidade, tão em voga em nossos dias, e que tenta criar um tipo de mentalidade materialista acerca da espiritualidade, do seguinte modo: se está tudo bem na sua casa é porque você é uma pessoa santificada. Se você tem problemas é porque você está em pecado.

Esse tipo de mentalidade é anti-bíblica e herética, pois coloca Deus em uma posição de alguém que fosse injusto. Deus é justo e julga as nações do modo como Ele quer, mas nós não temos uma fórmula A+B=C para dizermos que alguém sofre porque está em pecado. Por exemplo: enquanto ímpio prospera enquanto o justo sofre (Sl 73). Se aqueles que padeceram as calamidades, padeceram porque eram mais pecadores do que outros, então por que não nenhum presídio desmoronou? Por que a casa dos políticos corruptos que roubam os bens da nação não sofreu nenhuma enchente? Por que assassinos e estupradores tem saúde de ferro enquanto pessoas boas e íntegras sofrem as mais terríveis enfermidades? Deus é que tem as respostas a estas indagações, e o que Ele nos afirma categoricamente é que TODOS SERÃO JULGADOS.

Essa mentalidade herética deve ser abandonada. Deus pode provar (e como prova!) as pessoas, inclusive os seus servos! Ele nos prova de acordo com o Seu plano eterno, e através dos sofrimentos e provações somos fortalecidos e edificados, e aprendemos a depender cada vez mais dEle.
“Muitas são as aflições do justo, mas o SENHOR de todas o livra.” Salmos 34:19.
“No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.” João 16:33.

A questão não é SE vamos passar por aflições, mas COMO iremos passar por elas, quando vierem. Louvando ou blasfemando? Com fé ou com dúvidas no coração? Com esperança ou sem esperança? Que você possa estar firme no Senhor para suportar toda e qualquer situação. E lembre sempre que as lutas que você passa não são para destruir você, mas para aproximar você cada vez mais de Deus.

2 - PECADO SE RESOLVE COM ARREPENDIMENTO (3b,5b)
Vimos no ponto anterior, que os sofrimentos da vida não servem para medir nossa pecaminosidade, que Deus julga cada um segundo as suas obras, e prova seus servos conforme Seu plano eterno.

O grande problema do ser humano chama-se PECADO. Nessa parte Jesus fala sobre a necessidade do arrependimento como um antídoto, um remédio para o problema do pecado. O que soluciona o problema do pecado não é o nosso sofrimento, nossas lágrimas, nosso sangue. Não são as situações que passamos um modo de “pagarmos” algum pecado. O que vai nos levar a termos o preço de nossos pecados “pagos”, por assim dizer, e sermos transformados, é o ARREPENDIMENTO. Porque através do arrependimento virá a confissão, o perdão de Deus, a conversão, a salvação, a obediência e a certeza de que aconteça o que acontecer teremos a vida eterna no Céu.

Se por um lado é errada a mentalidade de que quando algo de ruim acontece, é porque há pecado, por outro lado Jesus NÃO NEGA que o pecado traz conseqüências catastróficas na vida de uma pessoa. Não podemos deduzir por A + B que uma pessoa está doente porque pecou muito, podemos dizer com certeza eu o procedimento de algumas pessoas trará sobre elas mesmas o sofrimento e a tragédia. Exemplo: cigarro, bebida, drogas, etc.

Deus pode sim, castigar e punir as pessoas por causa do pecado, e certamente Ele fará isso com todos os que não se arrependerem, seja já aqui ou no Dia do Juízo.

3 - DEUS JULGARÁ A TODOS, GRANDE É A SUA MISERICÓRDIA (6-9)
Nessa parábola vemos claramente uma explicação de Jesus a toda essa questão acerca das calamidades, catástrofes e sofrimento. A figueira somos nós, o fruto é a vida de arrependimento e fé, o estrume as provações, o corte o Juízo vindouro do Senhor.

Espera-se que os frutos venham - arrependimento, transformação, vida nova, santificação - do contrário virá o juízo de Deus.

O estrume que é um adubo natural, que quando colocado na base das plantas, tem a capacidade de fertilizá-las, fazendo-a produzir seus frutos. Assim também Deus usa as provações para nos transformar, tirar nossa esterilidade e fazer-nos produzir os frutos desejados.

Na parábola, o Senhor queria já cortar a figueira estéril, mas o viticultor fala do adubo como uma estratégia onde o desenvolvimento da figueira seria observado por mais um ano. A misericórdia de Deus nos sustenta e no Seu tempo Ele age, seja nos “fertilizando”, usando o “adubo das provações”, seja nos dando mais um tempo antes que venha Seu julgamento final.

CONCLUSÃO
Conta-se a história de um jovem que certa vez encontrou um cavalo selvagem, e conseguiu leva-lo para o curral da fazenda. Os vizinhos daquele fazendeiro consideravam aquilo uma dádiva, porém o fazendeiro dizia: “Não sei, Deus é quem sabe”. Passado um tempo aquele cavalo fugiu, e todos disseram “Ah, que azar”. A resposta do fazendeiro foi a mesma: “Não sei, Deus é quem sabe”. Passado algum tempo o cavalo voltou trazendo consigo um bando de mais 10 cavalos. Todos disseram: “Que sorte”; o pai do menino repetia sempre: “Não sei, Deus é quem sabe”. Quando o jovem empolgou-se com os cavalos e resolveu domesticá-los, sofreu uma queda e quebrou uma perna. Todos disseram: “Que azar!”; o pai do menino mais uma vez disse: “Deus é quem sabe”. Por fim, estourou a guerra e todos os jovens daquela faixa etária foram convocados, o não pôde ir por causa da perna quebrada.

Podemos concluir que:
- o único que pode julgar é Deus;
- não podemos jamais julgar pessoas e situações;
- Deus usa os sofrimentos para nos fortalecer.


SOLI DEO GLORIA!!!

Comentários

  1. Rev. Paulo Sergio

    Creio ser edificante para o seu ministério saber o que a palavra que Deus tem colocado em sua boca, está produzindo:

    “Uau! Labareda, eu estava precisando mesmo desses textos. Foram bálsamo, meu amigo.

    Mal retornamos para casa e o “bicho” já abriu a boca dele para querer nos engolir. Estava meio triste, daí abri sua casa e que benção, meu irmão, fui banhado pelo óleo santo do Espírito.”

    Esse comentário foi feito em meu blog em referência aos seus textos que eu reproduzi.

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