Coragem x Medo
“Porque Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação.” 2 Timóteo 1:7.
O objetivo de Paulo ao escrever é o de inspirar e fortalecer a Timóteo em sua tarefa em Éfeso. Timóteo era jovem, e tinha uma árdua tarefa lutando contra as heresias e as infecções que forçosamente ameaçariam e invadiriam a Igreja. Assim, pois, para manter altas sua coragem e seu esforço, Paulo o lembra de certas coisas.
(1) Lembra-o de sua própria fé e confiança nele. Não há maior inspiração que a de sentir que alguém crê em nós. Um chamado à honra sempre é mais efetivo que uma ameaça de castigo. O temor de desiludir àqueles que nos amam é um temor que limpa.
(2) Lembra-o de sua tradição familiar. Timóteo caminhava numa bela herança, e se fracassava, não só mancharia seu próprio nome, mas também diminuiria a honra de sua família também. Um dos maiores dons que pode ter um homem é um bom parentesco. Deve agradecer a Deus por ele, e nunca desonrá-lo.
(3) Lembra-o de ter sido apartado para o serviço e o dom que lhe foi conferido. Quando alguém entra em serviço de qualquer sociedade ou associação com uma tradição e uma história, tudo o que fizer não afetará só a ele; e tudo o que fizer não o fará por suas próprias forças. A força da tradição o levará adiante e deverá preservar a honra dessa tradição. Isto é especialmente certo com relação à Igreja. Aquele que serve a Igreja tem sua honra em suas mãos; aquele que o faz vê-se sustentado e fortalecido pela consciência da comunhão de todos os santos.
(4) Lembra a Timóteo das qualidades que devem caracterizar um mestre cristão. Estas qualidades, tal como via Paulo nesse momento são quatro.
2 Tm 1:7
(a) A coragem. O serviço cristão deve outorgar ao homem coragem e não medo covarde. É preciso coragem para ser cristão, e essa coragem provém da consciência contínua da presença de Cristo.
(b) O poder. O verdadeiro cristão tem o poder de fazer frente às coisas, de assumir as tarefas cansativas, de erguer-se frente a uma situação que é derrubada, de conservar a fé frente à tristeza que resseca a alma e a desilusão que fere. O cristão é caracteristicamente uma pessoa que pode confrontar o ponto limite, sem desmaiar.
(c) O amor. No caso de Timóteo trata-se do amor pelos irmãos, amor pela congregação do povo de Cristo sobre o qual foi posto. Precisamente é este amor o que dá ao pastor cristão suas outras qualidades. O pastor cristão deve amar tanto a seu povo que nunca encontre uma tarefa muito grande para fazer por eles. Deve amá-los tanto que nenhuma situação ameaçadora o desanime. Ninguém jamais teria que entrar no ministério da Igreja de Cristo a não ser que haja em seu coração amor pelo povo do Senhor.
(d) O domínio próprio. A palavra é sofronismos. Esta é uma dessas grandes palavras gregas intraduzíveis. Alguém a definiu como a "sanidade da santidade". Falconer a define como "o domínio próprio perante o pânico ou a paixão. Só Cristo nos pode dar esse domínio próprio, essa auto-disciplina, esse autocontrole que nos preserva de ser arrastados ou de fugir. Nenhum homem poderá governar a outros a não ser que antes se dominou a si mesmo. Sofronismos é esse domínio próprio divinamente outorgado que faz com que uma pessoa seja uma grande autoridade sobre outros porque em primeiro lugar é um servo de Cristo e dono de si mesmo.
Material de apoio – comentário de William Barclay.
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