JOSÉ MANOEL DA CONCEIÇÃO: EX-PADRE


José Manoel da Conceição foi um católico devoto, conhecido no clero paulista como estudante talentoso. Aos 18 anos, ao ler a Bíblia, Conceição notou que muitas doutrinas católicas faziam oposição a diversos preceitos bíblicos. Aos 23 anos de idade, em 28 de junho de 1845, tornou-se padre, e era conhecido como “Padre Protestante”, devido às suas ideias reformistas. Apesar das contrariedades, Conceição persistiu na batina durante 17 anos, até que em 1862, não concordando com o sistema de indulgências, passando por uma crise espiritual na questão da salvação e o valor meritório das obras, dispensou-se do sacerdócio e mudou-se para Rio Claro (SP), onde passou a viver recluso. Foi procurado pelo Missionário Presbiteriano, Rev. Blackford, que insistiu com ele, e conseguiu influenciá-lo em sua decisão pela fé evangélica. Conceição converteu-se e abandonou formalmente o sacerdócio católico, sendo foi batizado na Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro, em 23 de outubro de 1864. Em 17 de dezembro de 1865 foi ordenado Pastor Presbiteriano pelo Presbitério do Rio de Janeiro, sendo o primeiro Pastor Protestante a ser ordenado ao Sagrado Ministério no Brasil. Ele sabia que seria acusado de apostasia e prática de heresias, mas enfrentou tudo isso. Conceição pregou o Evangelho em diversas cidades, sendo muito bem sucedido em seu trabalho. Após sua ordenação pastoral, visitou antigas paróquias para tentar corrigir os erros do passado, apresentando agora uma nova mensagem. Ia de sítio em sítio, de casa em casa, de cidade em cidade, viajando quase sempre a pé, chegando ao ponto da exaustão. Não tinha um espírito polêmico anticlerical, mas pregava que a igreja romana permanecia nos mesmos erros que haviam sido combatidos inicialmente pelos reformadores, sendo diretamente contrário às missas, sacrifícios e penitências, defendendo a salvação somente pela fé em Cristo Jesus, e a leitura da Bíblia.

Fez os chamados “roteiros evangelísticos” a Itu, Brotas, Jaú, São Paulo, Vale do Paraíba, e Sul de Minas, entre outras localidades. Em maio de 1867 foi a Santo Amaro e Itapecirica, e no Rio de Janeiro visitou Copacabana, São Cristóvão, Casadura, Noxarandaba, Macacos e Serra. Várias igrejas surgiram dessas viagens: Brotas (1865), Lorena (1868), Sorocaba (1869), Borda da Mata (1869); etc. Em Brotas, onde ele tinha laços familiares e também havia sido vigário, a Igreja cresceu extraordinariamente, chegando a ter 61 membros professos já em 1867, e durante muito tempo foi uma das maiores igrejas do Brasil. Ele espalhou a mensagem da salvação por todos os lugares onde pôde ir: Limeira, Campinas, Belém, Bragança, Atibaia, Angra dos Reis, Parati, Vale do Paraíba, etc. Teve inúmeras experiências de conversões, mas de perseguições também. Uma carta de Antonio Pedro, datada de 1869 narra a situação de Conceição em estado de sofrimento, abandono e tristeza. No mesmo ano, em uma carta dele mesmo à sua irmã, se diz doente e com feridas grandes e dolorosas. O mais grave veio em 1872, quando Conceição não obteve hospedagem na cidade de Campanha (MG), foi espancado e lançado fora da cidade. O Rev. Blackford havia preparado um lugar para Conceição descansar até o final de sua vida, em Santa Tereza (ES), porém não lhe foi possível desfrutar desse descanso terreno. Descalço e com pobres trajes, foi preso sem motivo algum, sendo solto após três dias. Sem dinheiro para comprar passagens na estrada de ferro, saiu a pé, fatigado, doente e faminto, mas resignado. No dia 24 de dezembro de 1873, caiu ele na estrada da Pavuna (RJ), procurando abrigo do sol sob a varanda de uma casa. Foi recolhido à enfermaria militar de Campinho (RJ), e tratado com zelo pelo Major Fausto de Souza. Um médico e um farmacêutico cuidaram dele, deram-lhe roupas e um caldo. Tão fatigado que estava, nem conseguia falar, mas após recobrar os ânimos agradeceu os cuidados e disse que desejava “ficar a sós com Deus”. Voltou-se para a parede e finalmente descansou. Era noite de Natal quando foi recolhido na glória celestial, e finalmente pôde então, contemplar a face do Senhor.

O testemunho de José Manoel da Conceição é comovente e inspirador, pois ele é um exemplo de dedicação à obra missionária. Sua história nos mostra o poder de Deus na vida de um ex-clérigo católico, que se converteu verdadeiramente ao Evangelho de Jesus Cristo. Sua vida nos conclama à obra de evangelização, sabendo que muitas perseguições sofrerão os que querem viver piedosamente em Cristo Jesus. A IPB, e a Igreja Evangélica de um modo geral, tem em Conceição o exemplo de um mártir da fé. Que o exemplo desse irmão nos toque, e que Deus nos conclame, em nossos corações, a vivermos na Terra com o coração no Céu, pois almas são mais importantes do que instituições, pessoas são mais importantes do que coisas, e o Evangelho é mais importante do que tudo.

Extraído e adaptado de texto de autoria do Rev. Dr. Wilson Santana, professor de Protestantismo e Cultura Brasileira, do Instituto Presbiteriano Mackenzie. S
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IPB de Vila Gerti, S.C.Sul / SP
Pastoral Boletim 13/04/14.

SDG – A DEUS TODA GLÓRIA!!!

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