A humilhação e a exaltação do Senhor Jesus Cristo - 1

TEXTO BÁSICO
FILIPENSES 2:1-11
5  Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus,
6  pois Ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus;
7  antes, a Si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de Servo, tornando-Se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana,
8  a Si mesmo Se humilhou, tornando-Se obediente até à morte e morte de cruz.
9  Pelo que também Deus O exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome,
10  para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos Céus, na Terra e debaixo da terra,
11  e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai.


INTRODUÇÃO
Acabamos de comemorar mais um Natal, Jesus Cristo veio ao mundo, Ele nasceu! Mas Ele não veio para dar um passeio, fazer um tipo de excursão, ou turismo. Ele veio para morrer em nosso lugar, foi para isso que Ele veio. E Ele veio, morreu e ressuscitou, e hoje vive e reina, e em breve voltará para nos buscar. Essa é a mensagem da Igreja.
 

Se você plantar um grão de milho verde na terra ele apodrecerá e não brotará. O grão só pode dar fruto se primeiro morrer. Assim também, o próprio Jesus comparou a Sua obra aos grãos que são semeados no solo e que parecem estar mortos, secos e acabados, mas estão cheios de vida (João 12:24).

EXPLICAÇÃO 

Essa passagem sobre a humanidade de Jesus é o ponto alto da epístola. Em contraste com o tom informal e quase familiar do restante da carta, os vs.5-11 têm um estilo refinado, altamente polido. São também notáveis porque nesses poucos versículos Paulo comunica a sua concepção da singularidade da pessoa e da obra de Jesus Cristo. O que Paulo transmite é que a disposição e a índole dos membros da Igreja, deveriam ser sempre aquelas demonstradas pelo Senhor Jesus. (ABA).

ARGUMENTAÇÃO 

O texto nos apresenta claramente duas divisões e cada uma delas com sete subdivisões. Vamos observar e entender o que significam cada uma dessas expressões.

1 – HUMILHAÇÃO 

A humilhação do Servo do Senhor, o Messias, já fora profetizada cerca de 700 anos antes de Seu nascimento através do profeta Isaías. A partir do capítulo 52 até o 56, Isaías fala, dirigido pelo Senhor, de modo muito claro e em detalhes até, acerca dos martírios que o Senhor sofreria. Paulo fala desse mesmo sofrimento, porém de outro ponto de vista, exortando-nos a que tenhamos o mesmo sentimento que houve em Jesus, ou seja, é uma abordagem prática para nós.

1.1 - Subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o Ser igual a Deus (vs.6)
Isso significa que mesmo Ele tendo a mesma natureza e essência de Deus, não fez caso, não tirou vantagem ou proveito de ser Quem Ele é. O fato dEle “Ser igual a Deus” não O endureceu, não trouxe a Ele qualquer tipo de insensibilidade. Ele poderia não ter vindo e não estaria fazendo nada de errado, mas Ele optou por vir e morrer por nós.
 

Não podemos tirar proveito das situações pelas quais passamos, se estas ferirem ou prejudicarem alguém. Não podemos levar vantagem sobre os nossos irmãos. Ter o mesmo sentimento que Cristo teve é isso, pois Ele sendo Deus não tirou proveito disso.

1.2 - A Si mesmo Se esvaziou (vs.7) 

Ele abriu mão da glória que Ele tinha, Ele se esvaziou de toda a Sua formosura celestial. A kenosis (esvaziamento em grego) de Cristo durante a Sua encarnação, não significa que Ele tenha perdido qualquer de Seus atributos divinos, mas que Ele assumiu as limitações da humanidade. Agora ele sentiria sede, fome, cansaço e seria tentado. Porém, ele jamais pecou! O Seu esvaziamento, a Sua limitação humana não trouxe de maneira nenhuma a mancha do pecado. Ele Se esvaziou da glória celestial, porém permaneceu santo, puro e perfeito.
 

Devemos nos esvaziar de nós mesmos na vida Cristã. “Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim” (Gl 2:20). Se isso é uma realidade em nossas vidas, então devemos nos esvaziar de nós mesmo para que Cristo reine em nossas vidas. Devemos nos esvaziar de nosso orgulho, nosso eu, de nossas prerrogativas. Vamos nos esvaziar de nós mesmos, e dar lugar à ação do Espírito Santo em nossas vidas.

1.3 - Assumiu a forma de Servo (vs.7)
Jesus não veio para ser servido e sim para servir e dar a Sua vida em resgate de muitos (Mt 20:28). Quando Ele assumiu a forma de Servo, significa literalmente “escravo”, ou “servidor”. A Sua vida e obra foram dedicadas ao serviço e ao trabalho, intermitente, constante. Até na Cruz Ele ainda estava realizando a Sua obra, o Seu trabalho, o Seu serviço.
 

A Bíblia nos manda sermos servos de Deus e uns dos outros. Precisamos entender que se servimos a Deus precisamos estar dispostos a servirmos também uns aos outros. Fomos chamados para servir, e não para sermos servidos. Seremos muitas vezes servidos e abençoados, mas não neguemos o nosso tempo e o nosso serviço.

1.4 - Tornou-Se semelhante aos homens e reconhecido em figura humana (vs.7)
Ao se encarnar Jesus revestiu-se de um corpo. Se fosse em nossos dias Ele certamente teria um RG e um CPF. Ele se tornou homem, como todos os homens. Isso pode parecer pouco, mas em se tratando do Filho de Deus, aquEle que tem a forma de Deus, o próprio Deus, as coisas mudam. O que Cristo fez foi um ato de total amor por nós.
 

O que estamos dispostos a fazer por amor? Quando Deus provou o amor de Abraão, ele pediu que Abraão lhe desse o que ele mais amava, seu filho Isaque. Abraão obedeceu e isso lhe foi imputado para justiça, ele tornou-se o “Pai da Fé”! O que você tem negado a Deus em sua vida? O que você precisa fazer por amor a Deus?

1.5 - A Si mesmo se humilhou (vs.8)
Jesus veio como um Rei humilde. Ele não nasceu em palácios, mas em uma manjedoura. Não viajou sobre carruagens e cavalos poderosos, mas a pé ou sobre um jumentinho. Ele não tinha lugar nem para reclinar a Sua cabeça, foi desonrado por seus irmãos, traído, negado e abandonado por seus discípulos. E mesmo assim ele jamais deixou Sua humildade de lado. Permaneceu humilde até o final. Nosso Senhor é um Rei que ao Se encarnar, se humilhou de um modo tão intenso que nós não temos como imaginar isso.
 

Precisamos aprender com o Rei Jesus a importância e o valor da humildade. Não podemos viver de um modo digno dEle se formos arrogantes e prepotentes. Se quisermos agradar a Ele, precisamos descer de nosso pedestal do orgulho, e nos humilhar perante Ele e perante os irmãos.

1.6 - Tornou-Se obediente até a morte (vs.8)
A Sua humildade não era uma teoria, mas era real. A Sua humildade manifestou-se em Sua obediência total e irrestrita a Deus. Ele foi obediente em tudo, em todos os momentos, em todas as circunstâncias, até a morte. Ao nascer Ele foi obediente, ao sair para pregar, aos 30 anos de idade, Ele foi obediente. Ao realizar Seus sinais e prodígios, e ao pregar às multidões, Ele foi obediente. Ele ainda foi obediente quando Se entregou para ser julgado, crucificado e morto. No Getsêmani, Ele rendeu-Se completamente aos pés do Senhor:
“Adiantando-se um pouco, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres.” Mateus 26:39.
 

Até quando estamos dispostos a obedecer ao Senhor? Precisamos estar dispostos a obedecê-Lo até o fim de nossas vidas, sempre, até a morte. Jesus provou ser obediente até a morte, até o ponto máximo, até o final. Vivemos em um mundo corrupto e corruptor, se não vigiarmos logo não iremos mais desejar obedecer ao Senhor. Sejamos obedientes irmãos, como Jesus foi e é.
“Sê fiel até a morte e dar-te-ei a coroa da vida.” Ap 2:10b.

1.7 - Morte de Cruz (vs.8) 

Jesus não morreu uma morte qualquer, mas a morte que Ele sofreu foi o horrível, a pior morte que alguém jamais experimentou. Infinitamente pior do que os outros que estavam crucificados ao Seu lado, a naquela época a morte de cruz era um tipo de penalidade pela qual muitos também passaram. Mas o que tornou a morte de Jesus a pior de todas foram dois fatos: Quem Ele é, o próprio Deus encarnado; e o fato de que sobre Ele convergiram todos os nossos pecados. Foi um peso, um sofrimento, uma dor inimagináveis, de dimensões espirituais tão grandes e catastróficas, que o céu chegou a escurecer, houve trevas e terremotos. Ali, sobre Ele, estavam todos os pecados de todos os servos e servas de Deus, que viveram antes e depois de Sua encarnação. Ele foi obediente até a morte, e morte de Cruz!
 

Até que ponto estamos dispostos a obedecer ao Senhor? Precisamos estar dispostos a obedecer sempre em toda e qualquer situção, por mais difícil que seja a prova, por pior que seja a dor e o sofrimento pelo qual tivermos que passar. Será que passaremos alguma provação tão difícil que não poderemos cumprir ou suportar? Jamais! Deus é fiel e não permitirá que sejamos provados além do que podemos suportar. Jesus foi fiel até a morte e morte de Cruz, cumpriu cabalmente a Sua missão, o Seu propósito. Sejamos também fiéis a Ele em tudo e Ele nos abençoará.

CONCLUSÃO
A Palavra de Deus nos manda termos o mesmo sentimento que Cristo teve (vs.5). Não vamos confundir o termo “sentimento”. Segundo o Dicionário Michaelis, essa palavra significa muito mais do que ação ou efeito de sentir, mas é também “atitude mental a respeito de algo ou alguém” e “atitude mental”. Na verdade se formos esperar sentir vontade de fazer a vontade de Deus, talvez demoremos um pouco ou não queiramos mesmo. Não podemos ser guiados pelas vontades e desejos do coração, mas precisamos saber impor a vontade de Deus a nós mesmo. “Tende o mesmo sentimento”, significa que devemos agir, devemos querer ainda que não queiramos, devemos desejar ainda que não desejemos. Essa é a luta da nossa natureza humana e a nova natureza espiritual que recebemos de Jesus. Que possamos optar por fortalecer e vencer através da nossa nova natureza espiritual que Jesus Cristo dá a todo aquele que nEle crer.


SOLI DEO GLORIA!!!

Material de apoio:
ABA - A Bíblia Anotada
Dicionário Michaelis on-line.

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