O Breve Catecismo - A Queda


Pergunta 13: “Nossos primeiros pais conservaram-se no estado em que foram criados?”

Resposta: “Nossos primeiros pais, sendo deixados à liberdade da sua própria vontade, caíram do estado em que foram criados, pecando contra Deus.” (Gênesis 3:6-8,13; 2 Coríntios 11:3).

Homem, essencialmente bom

Deus criou o homem essencialmente bom, e lhe deu o privilégio de continuar assim e manter, no jardim entregue ao seu governo, o bem, a benignidade e a harmonia. A liberdade de viver e praticar a bondade em todas as suas dimensões e consequências mantinha entre ele e o seu Criador real semelhança de personalidade e de caráter, e estabelecia paralelismo qualitativo das ações humanas com as divinas. Nossos primeiros pais, conforme os relatos escriturísticos, eram a encarnação do bem a serviço de um Criador moral e espiritualmente perfeito, imutável e incorruptível.

Para Israel, o conhecimento era prático, existencial e experiencial, conhecer o bem, portanto, era ser bom e estar, por natureza e dever intrínsecos, a serviço da bondade tanto no campo geral da criação como na área pessoal das relações com Deus e com os semelhantes. O mal, pelo pecado, passou a fazer parte do conhecimento do homem, isto é, incorporou-se ao seu ser de maneira inseparável, competindo com o bem, pervertendo as intenções, corrompendo os atos, e isto de maneira tão dramática que levou o inigualável apóstolo dos gentios a declarar: “Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e, sim, o que detesto. Ora, se faço o que não quero, consinto com a Lei, que é boa. Neste caso, quem faz isto já não sou eu, mas o pecado que habita em mim, porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum: pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo. Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço. Mas, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, e, sim, o pecado que habita em mim. Então, ao querer fazer o bem, encontro a lei de que o mal reside em mim.” (Rm 7:15-22 ). O pecado fez o mal penetrar a fonte do bem, mudando completamente a essência do homem original, então perfeita imagem de Deus. O homem, no atual estado, é concebido e nascido em pecado. Assim entendia Davi, inspirado por Deus: “Eu nasci na iniquidade, e em pecado me concebeu minha mãe.” (Sl 51:5).

A Liberdade de Escolha

Poderíamos imaginar que Deus fez o homem fragilizado e deixado à mercê do tentador, não aparecendo e nem intervindo no momento da tentação. Tal argumento não leva em conta a Palavra divina expressa e manifesta no pacto e no seu símbolo externo (a árvore) diante do qual os pactuados foram colocados e se encontravam. Eva, segundo o relato, procurou vencer a tentação, citando os termos pactuais, mas os abandonou, preferindo a versão “conveniente”, e, por isso, “convincente” do maligno.

Não foi Deus que escolheu o mal para o homem. Ele é que, por sua livre opção, preferiu seguir o tentador a permanecer fiel ao Criador e à ordenança pactual. Quebrado o pacto, o homem, além de totalmente alienado de Deus, ficou tristemente inabilitado para, por si mesmo: reconquistar o que perdeu, em termos espirituais de relacionamento e comunhão com Deus; recuperarse dos estragos da queda; vencer o pecado, que agora habita o seu ser; reconciliar-se com o seu Pai celeste. Deus então se lhe revela como Salvador providente, estabelecendo a promessa de redenção, que viria, e veio, com o Filho do Homem, fiel e obediente até à morte, e morte de cruz, Jesus Cristo, o segundo Adão. 

Este, na recriação do homem, teve a mesma liberdade de escolha do primeiro Adão; foi ainda mais tentado do que ele, fez-Se pecado por nós sem Se tornar pecador, sentiu-Se frágil, desamparado pelo Pai (Mt 27:46 ), abandonado pelos discípulos, renegado pelos homens. Com todo o peso de sofrimentos físicos e morais, com toda a carga de padecimentos espirituais, o Filho do Homem venceu as poderosíssimas tentações, triunfou sobre o mal e o maligno, manteve intacta a fidelidade ao Pai, conservou Sua dignidade, não transferiu nenhuma culpa aos Seus semelhantes. A vontade do Pai, na militância terrestre, norteou Sua vida, regulou Seu comportamento, deu conteúdo às Suas mensagens. Encontra-Se agora exaltado à destra de Deus, esperando e recebendo a cada um de Seus redimidos, intercedendo pelos que ainda peregrinam, esperando a ressurreição dos eleitos, quando se tornarão corporal e espiritualmente incorruptíveis.

Comentários do Rev. Onézio Figueiredo.

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