DEUS ÚNICO


Breve Catecismo de Westminster
Pergunta 5. “Há mais de um Deus?”
Resposta: “Há um só Deus, o Deus vivo e verdadeiro. (Dt 6:4; Jr 10:10).”

“Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR.” Deuteronômio 6:4.

A Bíblia, no estágio final da revelação, desconhece a existência de outros deuses, a não ser a Trindade, união absolutamente, igualitária e consensual em essência, natureza e objetivos do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Israel, inicialmente, e a Igreja, posteriormente, não se apropriaram do conhecimento de Deus por via racional, por instintos místicos ou por necessidade psicológica de sublimação do ser e eternização da existência. O Deus das Escrituras revelou-Se a Si mesmo, deu-Se a conhecer, primeiramente a uma nação limitada racial, geográfica e culturalmente, os judeus; depois, em Cristo Jesus, o Filho, humanizou-Se, universalizou-Se, mostrou-Se a todas as raças, viabilizando-lhe a adoração em todos os lugares, por qualquer indivíduo de qualquer etnia. O Deus dos cristãos, encarnado em Cristo, único, universal e onisciente, Senhor e Salvador, habita a Igreja e tabernacula com e em cada regenerado. O cristianismo, como fazia o judaísmo, repudia o politeísmo com sua consequente polilatria por meio de ícones físicos ou imaginários.

Não se deve confundir o monoteísmo israelita com o de alguns povos, que adoravam um suposto “deus supremo”, chefe de um panteon composto de inumeráveis divindades subalternas e auxiliares. Houve uma monolatria egípcia no tempo de akhenaten (XVII dinastia), caracterizada pela adoração do “deus único”, aten, disco solar, ou “tehen-aten”, raio solar. Embora não lhe fosse permitida a feitura de imagens, o monoteísmo egípcio não passava de monolatria. Era apenas a exclusividade idolátrica de uma divindade material, um culto monolátrico grosseiro. A monolatria de akhenaten, na verdade, não ia além de um jogo político de manipulação de massas populares, pois a centralização do culto no único deus da preferência palaciana, facilitava o controle político dos vários seguimentos sociais. A fé exclusiva no deus oficial e nacional promovia a unidade administrativa da coroa e transferia a obediência devida à divindade para o faraó. A distância que separava a adoração de um deus nacional à prestada ao próprio rei era curtíssima, e frequentemente acontecia, quer por ordem natural quer por imposição palaciana.

O monoteísmo de Israel jamais foi iconolátrico, pois se mantinha na esfera espiritual sem nenhum vínculo panteístico ou animístico. Por outro lado, como já dissemos, o Deus dos judeus lhes foi revelado. E a revelação independia do misticismo popular ou do credismo erudito. Muitas vezes Deus agiu reveladoramente contra a vontade do povo e até mesmo com a sistemática oposição dos religiosos. Monoteísmo, sim; monolatria de um deus único por meio de símbolos visíveis e imagens representativas, nunca. Por outro lado, Javé não é chefe ou cabeça de um panteon de semideuses, embora tenha a seu serviço um séquito de anjos; isto, porém, não significa henoteísmo, pois os seres angélicos foram por Ele criados, e Lhe são submissos servos, especialmente no ministério da comunicação. As Escrituras, pois, sustentam, sem reservas e concessões, a existência de uma única divindade operante nos Céus e na Terra, autora, regedora e mantenedora da criação, redentora dos eleitos e auto-reveladora em Cristo Jesus. O Pai, o Filho e o Espírito Santo são um só Deus. Não há entre as Pessoas trinitárias contrastes, conflitos ou diferenças ideológicas, pois são absolutamente coiguais, consensuais em santidade, poder, soberania, justiça, bondade, amor e sabedoria. Há três pessoas distintas na divindade, mas não há três deuses. Há um só Deus, trino, onisciente, onipotente, onipresente, Criador, Salvador, Mantenedor e Redentor.

Deus vivo e verdadeiro

A Bíblia nega peremptoriamente a existência real de qualquer divindade além, acima ou abaixo de Javé tanto na ordem natural (baixo na Terra) como na espiritual superior (acima, nos Céus), na espiritual inferior (nas águas debaixo da Terra ). Destes respectivos universos (cósmico, espiritual superior e espiritual inferior) o homem estava, e ainda está, retirando imagens de deuses imaginários e, portanto, falsos. Contra tais idolatrias, iconificadas ou não, o Deus verdadeiro e vivo se levanta veementemente, porque adorar outro deus, que não seja o verdadeiramente real, atuante na criação, no governo do Universo, na história da humanidade e na redenção, não passa de adultério espiritual, uma afronta ao Deus vivo e verdadeiro. Os ídolos são inúteis, despidos de qualquer vitalidade, produtos da criação humana. (Ex 20:4; Dt 4:15-24; 13:1-5; Is 40:18-20; 44:9-20; Sl 115:1-8).

O Breve Catecismo comentado pelo Pr. Onézio Figueiredo.
IPNA culto 01/03/17.



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