Reação Diante de Uma Tragédia


Por: Paulo Sergio Visotcky da Silva

Recentemente recebi o comentário no post “Pode o Crente Participar da Festa do Peão?” transcrito abaixo, ao qual respondi em seguida, e faço aqui uma expansão dessa conversa. Considero o fato em questão uma grande tragédia que a Igreja tem sofrido. Creio que o sofrimento não é só dos pastores, mas de todos os que desejam ver o crescimento espiritual da Igreja.

Anônimo disse:
Obrigado, esta mensagem me ajuda a esclarecer isso aos jovens de minha Igreja. O contraditório é quando os pais levam os filhos a estas festas mundanas / pagãs. Vejo que Deus não precisaria ter misericórdia dessas pessoas, pois não são mais inocentes, foram alertadas e ensinadas da verdade. Mas nosso Deus é misericordioso.

Que a paz de nosso Senhor Jesus Cristo, seja com todos os seus SERVOS espalhados pela face da terra.



Resposta:

Graça e paz irmão "anônimo".

Infelizmente noto a mesma coisa em meu ministério: pregamos contra tais costumes, mas há muitos pais que notoriamente discordam da Palavra e perseveram nessas práticas, conduzindo seus próprios filhos ao erro. O mesmo ocorre quando o assunto é bebidas, baladas, namoro misto, etc.

Isso certamente ocasiona o nosso sofrimento, como pastores de almas... Para vencer esse sofrimento da alma tenho buscado praticar três coisas básicas:

1 – FORTALECIMENTO
"Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do Seu poder." Efésios 6:10.


Procuro não me deixar abater diante dessa situação que considero trágica. Creio que não estou exagerando, basta observarmos quantos estão fora das Igrejas porque começaram a se engraçar com o mundo e acabaram ficando por lá. Se tornaram desertores, abandonaram o Senhor, “nunca foram dos nossos”. A história poderia ser diferente, e isso dói na gente, sofremos e por vezes ficamos deprimidos até choramos. Esse sentimento é normal, porque amamos e não queremos que ninguém vá para o inferno, e como é triste ver bancos vazios nos cultos e reuniões. Mas temos que ser fortes e até ter um pouco de “sangue frio”, encarando a situação com uma certa frieza emocional, senão ficaremos abatidos de espírito e poderemos nos desanimar também. Se um cirurgião não tiver essa frieza emocional, jamais cortará a carne do paciente com o bisturi, não pegará seus órgãos internos com as próprias mãos, não costurará a carne após a realização da cirurgia. Semelhantemente estamos lidando com pessoas enfermas na fé, e precisamos ser usados por Deus da maneira correta, confiantes de que Ele realiza a Sua obra.

 
Não podemos deixar de amar, que seria o maior sinal de nosso enfraquecimento espiritual. Jesus suportou Seus discípulos mesmo conhecendo as fraquezas de cada um deles. Por que Ele suportou suas fraquezas? Porque amou! O Senhor sabe quem somos, e não somos melhores do que os outros. Se há algo de bom em nós é obra de Cristo. Se a graça e o amor de Deus fossem retirados de nós, não sobraria nada, não seríamos salvos. Se perseverarmos, estamos apenas fazendo o nosso dever, e os méritos são de Cristo, não nossos. Em um pequeno de exercício de memória nos recordaremos de fases difíceis pelas quais passamos e Deus nos levantou, nos tirou do lamaçal, nos transformou de dentro para fora, nos mostrou o Caminho. Por isso, o amor e a compaixão devem estar sempre presentes em nossos corações, não barateando a graça, mas demonstrando que nossos braços estão abertos, que não estamos lançando pedras, mas estamos orando e desejando que estes irmãos deixem as coisas do mundo, se santifiquem e se apeguem a Cristo, à Bíblia, à oração e à obra de Cristo.

Portanto, ser forte em Cristo é mais que palavras, mas a manifestação dessas virtudes: controle emocional, fé, esperança, perseverança, compaixão e amor.

2 – DESCANSO
"Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a águas tranquilas." Salmos 23:2.


Aprendi a descansar o coração na soberana eleição de Deus. Muitos que estão nas Igrejas não são salvos, e talvez nem sejam eleitos. Outros que jamais pisaram em uma Igreja se converterão. Alguns que estão brincando com o pecado e se enlameando no mundo, vão “cair na real” e deixarão essas coisas para trás; outros vão sair da Igreja mesmo. Alguns voltarão, outros não. Alguns que parecem ser firmes abandonarão a fé, e talvez retornarão arrependidos um dia; outros não. Então, a obra não é nossa, mas de Deus. E se não é nossa, não devemos nos preocupar demasiadamente com isso, mas confiar e descansar em Deus, porque Ele está no controle. Houve uma época em que eu tinha dificuldades com o Calvinismo e a Doutrina Reformada; então esses que andam “meio lá, meio cá” me entristeciam sobremaneira, ao ponto de chegar à ansiedade. Graças a Deus essa fase passou, e hoje, quando me deparo com esses, descanso na confiança de que Deus está no controle! E a promessa é que de Seus eleitos não se perderá nenhum (João 10:28).

Trabalhei em uma indústria, e o chefe do setor colocou uma placa na porta de seu escritório: “The Boss”. Significa “O Chefe”. Aquela placa trazia o seguinte recado: “Aqui quem manda sou eu!”, “Eu sou o cara” (rsss). E ninguém sequer ousava entrar naquela sala e dizer para o chefe que ele estava errado. Ai de quem fizesse isso, poderia ser demitido. Caia bem aquele ditado: “Quem pode manda, quem é inteligente obedece”. Nosso trabalho era simples comparado ao dele, e cada um cumpria os seus deveres, consciente de que ele, o chefe, era quase infalível. Essa política de privacidade do chefe existe em todos os setores, apesar de eventuais críticas. Gosto de lembrar dessa fase para fazer a seguinte comparação: se confiamos e obedecemos as ordens de chefes humanos, tendo em vista emprego e salário, porque não confiar em Deus? Deus é perfeito, não falha, é soberano para cumprir o que nos prometeu. A soberania nos dá segurança, e ninguém deve questionar Seus planos e ações. NEle podemos confiar plenamente. Nosso departamento, competências pessoais, nossa parte do acordo, do trato, da aliança, deve ser cumprido responsavelmente, e isso ocupará todo o nosso tempo e espaço.

Certamente a falta de descanso surge na falta de confiança. Então o descanso é fortalecido na medida em que praticamos a fé, confiando na competência divina.

3 – AVIVAMENTO
"Ouvi, SENHOR, a Tua Palavra, e temi; aviva, ó SENHOR, a Tua obra no meio dos anos, no meio dos anos faze-a conhecida; na Tua ira lembra-te da misericórdia." Habacuque 3:2.


A melhor reação diante dessa tragédia deve ser a busca de um avivamento pessoal e eclesiástico, onde haja uma renovação de mentes e corações. A ausência de sentimentos na vida espiritual e na comunhão com Deus tem causado essa abstinência eclesiástica. Parece que temos nos tornado mecânicos, religiosos, frios, insensíveis ao Espírito Santo. A vida cristã é rotineira e cansativa somente para os que vivem e se portam assim diante do Eterno Deus. Mas observe como eles se mostram bem dispostos para passar a noite em uma festa, ou ir a um show, especialmente se for de música secular e profana. Essa disposição para o mal, para o pecado e não para Deus, é que ocasiona a entrada dos maus costumes no seio da Igreja. A busca por um avivamento trará mudanças de corações, mentes, costumes, vidas! Mas tem que começar em nós, individualmente, em nossa vida de comunhão com Deus (Mt 6:6).

A palavra avivamento tem sido mal interpretada por muitos. Associa-se a palavra avivamento a certos movimentos que ultimamente tem causado escândalos, maus-testemunhos e divisões em diversas Igrejas. Na minha concepção, avivamento é a busca de uma comunhão mais íntima com Deus, através da leitura e prática das Sagradas Escrituras, da oração e santificação. Lógico que ao nos aproximarmos mais e mais de Deus teremos nossas emoções impactadas pelo quebrantamento que o Senhor mesmo produz nos corações ávidos por Sua majestosa presença (Sl 51:17).

O avivamento espiritual é como fogo que consome o restolho, o lixo do pecado dos nossos corações, e nos purifica como ouro (Zc 13:9). O avivamento é como um vento, em que Deus sopra o Seu Espírito Santo, arrancando de nós as cinzas do esfriamento espiritual e tornando nossos corações em brasas vivas (At 2:2). O avivamento espiritual propicia a manifestação do poder de Deus, e Ele em Sua soberania realiza sinais e maravilhas, trazendo cura, libertação e salvação no meio de Seu povo. O avivamento espiritual renova a rol de membros da Igreja, pois aumenta gradativamente os novos convertidos.

Por falta de avivamento temos observado o esfriamento espiritual galopante em muitas Igrejas, o número de bancos vazios aumentando e o rol de membros diminuindo ano a ano. Para muitos isso é o sinal descrito em Mateus 24:12 “E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará”. De fato, esse é um os sinais iminentes do fim dos tempos. Mas a Bíblia também nos fala de outros sinais que acompanharão esses dias: Joel 2:28-32 e Isaías 44:3-5.

Não sejamos derrotistas, mas creiamos que o melhor de Deus ainda esta por vir.

Sem querer ser perfeccionista, porque todos somos pecadores, mas buscando a perfeição em Cristo Jesus.

Grande abraço, fique na paz do Senhor Jesus!

SDG - A DEUS TODA GLORIA!!!

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