O LUGAR DO DESERTO NA EXPERIÊNCIA CRISTÃ

Por: Rev. Ricardo Barbosa 

“Eu Te conhecia só de ouvir falar, mas agora os meus olhos Te vêem.” Jó 42:5.
 
O deserto, na linguagem bíblica, significa confronto, luta, tentação, despojamento e entrega. É o lugar onde não apenas resgatamos os propósitos originais da fé cristã que com o tempo se deterioram e são corrompidos, mas também o lugar do nosso encontro com Deus e conosco mesmo. Quando a Igreja encontra-se numa fase de prosperidade é preciso ter cuidado. A história já mostrou-nos diversas vezes o tamanho deste risco. Torna-se necessário, encontrar o lugar e significado do deserto a fim de preservarmos a fé apostólica.

O deserto na experiência espiritual pode significar “uma experiência do absoluto de Deus e do relativo de tudo o mais, incluídas aí as pessoas e nós mesmos”. É no deserto que nos encontramos sós diante de Deus. Ali não existe nenhuma alternativa senão Deus somente. Todas as outras coisas são relativizadas, colocadas no seu devido lugar, e somente Deus pode dar sentido a elas. Jó, no meio da sua crise, viu-se exatamente assim. Não havia mais nada, a não ser Deus. Todos os seus valores, bens, família, teologia, foram relativizados. Sua única esperança era que Deus mesmo viesse ao seu encontro revelando a gratuidade da Sua graça. 

Deserto significa espera, silêncio, encontro para poder dizer: “Eu Te conhecia só de ouvir falar, mas agora os meus olhos Te vêem” (Jó 42:5). Por isso torna-se necessário para todos os cristãos promoverem sua experiência pessoal no deserto. Separar um momento ou criar situações onde seja possível relativizar aquilo que facilmente absolutizamos em nossa vida. Ou seja, colocar o trabalho, a família, o dinheiro, o “status”, o lazer, o ministério, a Igreja, as experiências espirituais no seu devido lugar. Não permitir que nenhuma destas realidades da vida ocupe o lugar soberano de Deus na nossa alma.

Infelizmente não aprendemos a cultivar nosso deserto voluntariamente.  Somos levados a ele em virtude de crises ou sofrimentos que se instalam em nosso caminho, e que nos levam, muitas vezes, a uma reação de inconformismo e rebeldia e não de aprendizado e renúncia. Normalmente, um paciente em estado terminal ou se revolta com a injustiça da situação em que se encontra, ou, humildemente, reconhece a fragilidade da existência humana e aprende, mesmo que num processo doloroso, a colocar as coisas no seu devido lugar.

Colaboração Rev. Antonio Carlos Rezende - IPB de Vila Prudente / SP.

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