É O NATAL UMA FESTA CRISTÃ?

Por: Renato Vargens 

Como muitas vezes acontece, a Igreja Evangélica Brasileira polemiza sobre assuntos dos mais diversos. Na verdade, têm sido assim no decorrer recente de sua história. Ultimamente, têm-se falado demasiadamente sobre o Natal, sua história e implicações. Como era de se esperar, opiniões diferentes surgiram quanto ao assunto. Existem aqueles que não veem nenhum problema quanto à celebração da data, e outros que radicalizaram abdicando de toda e qualquer celebração relacionada ao tema em questão

Antes de qualquer coisa, por favor façamos algumas considerações. O Natal não era considerado entre as primeiras festas da Igreja. Os primeiros indícios da festa provêm do Egito. Os costumes pagãos ocorridos durante as calendas de janeiro lentamente modificaram-se na festa do Natal. Foi no século V que a igreja católica determinou que o nascimento de Jesus Cristo fosse celebrado no dia da antiga festividade romana em honra ao nascimento do sol, isto porque não se conhecia ao certo o dia do nascimento de Cristo. Não se pode determinar com precisão até que ponto a data da festividade dependia da brunária pagã (25 de dezembro), que seguia a saturnália (17-24 de dezembro) celebrando o dia mais curto do ano e o “novo sol”. As festividades pagãs, saturnália e brumária estavam a demais profundamente arraigadas nos costumes populares para serem abandonadas pela influência cristã. A festividade pagã acompanhada de bebedices e orgias, agradavam tanto que os cristãos viram com benevolência uma desculpa para continuar a celebrá-la em grandes alterações no espírito e na forma.
 

Ontem e Hoje. A conclusão que chegamos é que o Natal surgiu com a finalidade de substituir as práticas idólatras e pagãs que influenciavam a sociedade da época. Hoje como no passado, a humanidade continua fazendo desta festa pretexto pra bebedeiras, danças e orgias. Se não bastasse isso, todos sabemos que milhões de pais em todo o mundo, muitos destes cristãos, levam seus filhos pequenos a acreditarem em papai noel, dizendo-lhes que foi o bochechudo velhinho que lhes trouxe um presente. Ora, a figura do papai noel tem origem nos países nórdicos, referindo-se a um senhor idoso, denominado Klaus, que saía distribuindo presentes a todos quanto podia. Infelizmente, numa sociedade materialista e consumista, o tal papai noel é mais desejado do que Jesus de Nazaré, afinal de contas, ele é o bom velhinho que satisfaz os luxos e desejos de todos quanto lhes escrevem missivas recheadas de vaidades e cobiças. 

O espírito consumista e mercantilista do Natal, bem como a ênfase na árvore e no papai noel, se contrapõe à mensagem do Evangelho que anuncia que Deus amou o mundo de tal maneira que deu Seu Filho pra morrer por nós. Aliás, esta é a grande nova! Deus enviou Seu Filho em forma de gente! Sem sombra de dúvidas, sou absolutamente contra, duendes, papai noel e outras coisas mais que incentivam este “espírito mercantilista natalino”. No entanto, acredito que antes de qualquer posição, decisão ou dogmatização, quanto ao que fazer “do” e “no” Natal, devemos responder sinceramente pelo menos três indagações:

1. Será que existe alguma festividade ou festa no mundo que tenha o poder de convergir tanta gente em torno da família, do lar como o Natal?

2. Em virtude do grande poder e influência que o Natal exerce na sociedade ocidental, será que não deveríamos aproveitar a oportunidade e anunciar a todos quanto pudermos que um “Menino nos nasceu e um Filho se nos deu”?

3. Seria inteligente de nossa parte desconsiderarmos o Natal extinguindo-o definitivamente do “nosso” calendário em virtude do“espírito mercantilista natalino” que impera na nossa sociedade?

Outras considerações. Apesar de não observarmos textos bíblicos que incentivem a celebração do Natal, é absolutamente perceptível em diversas passagens a importância e relevância do nascimento e encarnação do Filho de Deus. As Escrituras, narram com efusão o nascimento do Messias. Se não bastasse isso, sem a Sua vinda, não nos seria possível experimentarmos da salvação eterna e da vida vindoura. Portanto, comemorar o Natal, (ainda que saibamos que Jesus muito provavelmente não nasceu no dia 25 de dezembro) significa em outras palavras relembrar a toda a humanidade que "Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho Unigênito, para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna".

Uma ótima oportunidade. O Natal nos oferece uma excelente oportunidade de evangelização. Em todos os registros históricos percebemos de forma impressionante o quanto os irmãos primitivos eram apaixonados, entusiastas e extremamente corajosos na proclamação do Evangelho. Estes homens e mulheres de Deus eram movidos por um desejo intenso de pregar as Boas Novas do Evangelho. Eram pessoas provenientes de classes, níveis e posições sociais das mais diversas: artesãos, sacerdotes, empresários, escravos, gente sofisticada bem como pessoas simples e iletradas. Entretanto, ainda que diferentes, todos tinham em comum o sentimento de “urgência” em anunciar a Cristo. Vale a pena ressaltar que Jesus comumente usou as festas judaicas como meio de evangelização. Os quatro Evangelhos, nos mostram o Senhor pregando e ensinando coisas concernentes ao Reino de Deus a um número considerável de pessoas em situações onde a nação celebrava alguma festividade. Na verdade, Ele aproveitava os festejos públicos para anunciar as Boas Novas da salvação eterna. Ora, tanto nosso Senhor quanto a Igreja do primeiro século tinham como missão prioritária a evangelização. Portanto, acredito que o Natal seja uma excelente ocasião para anunciar a Cristo aos nossos familiares e amigos. Isto afirmo, porque geralmente é no Natal onde a maioria das famílias se reúnem. O Natal nos propicia uma grande oportunidade de proclamarmos com intrepidez a Cristo. Junta-se a isso, que o período de fim de ano é um momento de reflexão e avaliação para muitos. E como é de se esperar, em um mundo onde a sociedade é cada vez mais competitiva e egoísta, a grande maioria, sofre com as dores e marcas deste mundo caído e mau. É comum nesta época o cidadão chegar a conclusão de que o ano não foi tão bom assim. A conseqüência disto é a impressão na psiquê do indivíduo de sentimentos tais como frustração, depressão, angústia e ansiedade. E é claro que tais sentimentos contribuem consideravelmente para uma abertura maior à mensagem do Evangelho.

Abertura para o Sagrado. Um outro fator preponderante que corrobora para Evangelização é a significativa abertura ao sagrado e ao sobrenatural que a geração do século XXI experimenta. No início do século XX, acreditava-se que quanto mais o mundo absorvesse ciência menor seria o papel da religião. De lá para cá a tecnologia moderna se tornou parte essencial do cotidiano da maioria dos habitantes do planeta e permitiu que até os mais pobres tivessem um grau de informação inimaginável 100 anos atrás. Apesar de todas essas mudanças, no início do século XXI o mundo continua inesperadamente místico. O fenômeno é global e no Brasil atinge patamares impressionantes. A Revista Veja encomendou uma pesquisa ao Instituto Vox Populi, perguntando às pessoas se elas acreditavam em Deus. A maioria absoluta ou seja, 99% dos brasileiros responderam que acreditavam. Sem dúvida, o momento é ímpar na história, até porque, com exceção de alguns períodos da história mundial o mundo nunca esteve tão aberto ao sagrado como agora. Diante disto, será que o Natal não representa uma excelente oportunidade de evangelização?

Você já se deu conta que a ambiência do Natal proporciona uma abertura maior à reconciliação e perdão? Repare quantas famílias se recompõem, quantos lares são reconstruídos, quantos pais se convertem aos filhos e quantos filhos se convertem aos pais. Ora, o Senhor Jesus é aquEle que tem o poder de construir pontes de misericórdia bem como de destruir as cercas da indiferença e inimizade. O Natal nos oferece uma excelente oportunidade de sermos solidários em uma terra de solitários. Por acaso você já percebeu que no Natal as pessoas estão mais abertas a desenvolver laços de fraternidade e compaixão com o seu próximo? Tenho para mim que o Natal pode nos auxiliar a lembrarmos que a vida deve ser menos solitária e mais solidária. Isto afirmo porque o Natal nos aponta o desprendimento de Deus em dar o Seu Filho por amor a cada de um nós. O nosso Deus Se doou, Se sacrificou e amou pensando exclusivamente no nosso bem estar e salvação eterna. Você já se deu conta que o Natal é uma excelente oportunidade pra nos aproximarmos daqueles que ninguém se aproxima, além de exercermos solidariedade com aqueles que precisam de amor e compaixão?

Conclusão 

Sem qualquer sombra de dúvida devemos repulsar tudo aquilo que seja reflexo deste “espírito mercantilista natalino”. Duendes e papai noel devem estar bem longe da nossa prática cristã. Entretanto, acredito que como portadores da verdade eterna, devemos aproveitar toda e qualquer oportunidade para semear na terra árida dos corações a semente da esperança. Jesus É esta semente! Ele É a vida eterna! O Filho de Deus, que nasceu, morreu e ressuscitou por cada um de nós. A missão de pregar o Evangelho nos foi dada, e com certeza, cada um de nós deve fazer do natal uma estratégia de proclamação e evangelização. 

Celebremos e anunciemos que o Salvador nasceu e vive pelos séculos dos séculos. Amém!

SOLI DEO GLORIA!!!

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