VÔO AF 447 - CONDOLÊNCIAS E CONSIDERAÇÕES


Por: Rev. Paulo Sergio da Silva

"Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram." Romanos 12:15.
"...prepara-te, ó Israel, para te encontrares com o teu Deus." Amós 4:12.

Todos nós temos acompanhado com apreensão e pesar as notícias do avião da Air France que caiu no Oceano Atlântico na madrugada de segunda-feira dia 01/06/09. Aos poucos vão se esvaindo as esperanças de que sobreviventes possam ser encontrados. A distância, as condições do tempo e do mar, a profundidade e as correntes marítimas, tudo dificulta as buscas e a possibilidade de haver sobreviventes.

A Bíblia diz: "chorai com os que choram" justamente para não sermos frios e insensíveis com a dor de nosso próximo. Brincadeiras sobre o fato são totalmente impróprias, mas infelizmente existem pessoas que brincam com a dor do outro, e riem como se o fato em si não fosse real. Para muitos a vida parece ser uma grande brincadeira... Se é difícil imaginar o que sentiram aqueles que estavam no avião, igualmente é difícil pensar no sofrimento dos parentes e amigos. Nenhum de nós gostaria de ouvir brincadeiras de mau gosto nessa hora, se fosse algum parente nosso que estivesse a bordo.

Por todo o país e pelo mundo se repetem manifestações de apoio às famílias e homenagens aos desaparecidos. Fazem missas e acendem velas para as vítimas do acidente, no intuito de ajuda-los ou lhes aliviar os sofrimentos. Na França uma missa ecumênica reuniu milhares de pessoas, foram acesas 228 velas representando os 216 passageiros mais os 12 tripulantes do avião. Biblicamente sabemos que tudo isso é em vão pois ninguém pode influenciar em nada a vida ou o bem estar de quem já partiu desse mundo. Certamente a maior certeza que temos na vida é que um dia vamos morrer, mas geralmente a maioria das pessoas não querem que se fale acerca desse assunto. Sentem-se agredidas, alguns dizem que falar sobre isso dá azar, que é um assunto desagradável, deprimente, etc, que é melhor falar de coisas boas e agradáveis. Acredito que Deus fala muito da morte na Bíblia para que nos preparemos para ela. Ele próprio alerta Seu povo para isso: "prepara-te". E o momento de se preparar é agora, cada um deve se preparar para esse dia individualmente, entregando sua vida a Cristo e recebendo o Seu perdão através do arrependimento e da confissão de pecados. Após a morte de nada valerá orar, rezar, acender velas, fazer cultos ecumênicos e missas pelas vítimas. A morte sela nosso destino, onde vamos passar a eternidade. O único meio de se interagir nessa questão é ainda em vida.

Mas é fato que mesmo sem conhecer essas pessoas todos ficamos chocados com mais essa tragédia. Pessoas que viviam uma vida normal e que entraram naquele avião, alguns para uma viagem de passeio, outros a negócio, outros para estudar, lua de mel, etc, todos estão mortos. Sentimos essa dor porque nos compadecemos, nos colocamos no lugar do outro automaticamente em nossa mente e em nosso coração. E por isso pedimos a Deus que console os corações dos familiares e amigos das vítimas.

Mas existem algumas considerações importantes a respeito do fato ocorrido.

Nos preocupamos e nos condoemos, nos choca tanto por se tratar de um avião, afinal não é todos os dias que aviões caem. Bem, atualmente isso está mudando, pois já ouvimos com muita frequência notícias de acidentes aéreos. Mas não sentimos a mesma dor, não nos choca tanto, e os jornais não dão a mesma ênfase quando se trata de um caminhão ou ônibus de bóias-frias que cai em uma ribanceira, por exemplo. Por que a diferença? Será que é devido ao veículo em questão? Num caso é um Air Bus A330, no outro é um simples ônibus ou caminhão velho. Talvez seja devido ao número de vítimas pois no caso do avião são muitas pessoas que sofrem o acidente de uma só vez e dificilmente alguém se salva. Ou será que é devido ao nível das vítimas? Num caso são pessoas estudadas, com boa formação, nível social, beleza, etc. No outro são apenas peões, gente simples, homens e mulheres humildes, trabalhadores rurais. O que dizer também das tantas crianças abandonadas nas ruas, entregues ao crack e à prostituição? Ou então dos velhinhos morrendo nas filas dos hospitais? E dos que não conseguem uma vaga de internação e morrem a procura da mesma? Nos preocupamos com eles? Nos condoemos? Por que será que sentimos tanto, e a mídia dá tanta ênfase quando um avião cai e quase não nos preocupamos com questões mais próximas de nós? Pense nisso. Que fique bem claro que Deus não faz acepção de pessoas. A vida de uma pessoa simples e humilde vale tanto quanto a vida de uma pessoa famosa, importante ou de nível social elevado.

Outra coisa que chama muito a atenção é que as pessoas e a mídia de um modo geral, dão tanta atenção e importância para a parte física da questão, e não se dão conta de que há uma catástrofe muito pior, uma realidade incomparávelmente pior de ser encarada do que a morte ou o acidente aéreo em si, que é a realidade da MORTE ETERNA. A preocupação (ou curiosidade) das pessoas é quanto ao que causou o acidente e seus desdobramentos: se foi falha do piloto ou do equipamento, se foi a turbulência ou uma descarga elétrica, se há ou não sobreviventes, ou onde estão as caixas pretas. Dá-se tanta atenção para a morte física, suas causas e as circuntâncias, e não se pensa em momento algum na morte eterna e nos tormentos infernais que sofrerão todos aqueles que morrerem sem terem sido verdadeiramente lavados pelo sangue de Cristo. Quem dera a tragédia levasse as pessoas a pensarem em suas almas. Quem dera a dor e o sofrimento causasse nelas o desejo de buscarem mais a Deus. Quantos das 228 vítimas estavam preparados para se encontrarem com Deus? Quantos foram para o Céu? Pesquisando acerca de números relacionados à morte ficamos alarmados. Segundo o site de psicologia Rede Psi (http://www.redepsi.com.br/portal/modules/news/article.php?storyid=4012), cerca de 80.000 pessoas morrem por ano no Brasil por causa do cigarro. Outro número alarmante é o número de pessoas que morrem em acidentes de trabalho por dia no Brasil, cerca de 6.000 POR DIA (http://www.reporterbrasil.org.br/exibe.php?id=1339). Quantos desses estão nesse momento desfrutando as alegrias do Céu? E quantos sofrendo os tormentos do inferno? Será que esse não é o momento para se dizer tal coisa? Por que não? Por que é inconveniente falar da vida e da morte eterna? Será que é porque sempre há alguém de luto, sofrendo e chorando e não podemos fazer essa pessoa sofrer mais ainda? Ou será que é porque as pessoas não gostam que se diga que o Deus da Bíblia é um Deus justo e zeloso com a Sua palavra? Devemos nos calar diante dos idólatras que pregam o universalismo, a salvação através do purgatório e das indulgências, e velas acesas, e rezas, e missas de 7º, 14º, 21º dia etc? Essas doutrinas não têm base bíblica e enganam multidões, pois as afastam de um legítimo encontro com Deus através do arrependimento e da conversão, anunciando que basta serem batizados que no final todos irão para o Céu. Sabemos que só irão para o Céu aqueles que se arrependerem de seus pecados recebendo a salvação do Senhor Jesus em seus corações, sendo transformados pelo Espírito Santo como prova de sua salvação (Mt 3:2; 4:17; Mc 1:15; At 2:38; 3:19).

Uma terceira questão: como temos encarado a morte? O que noto é que existem até muitos crentes que tem medo da morte, alguns até sentem pavor. Por que isso acontece? Faça o teste mental, pense: se fosse você, você mesmo que está lendo, se você estivesse lá naquele avião ou no ônibus ou no carro que se acidenta, você estaria preparado para o pior? Se fosse você no leito do hospital, ou sendo atingido pela bala perdida, ou tendo um infarto fulminante, ou qualquer outro tipo de morte, você estaria preparado? Você estaria pronto para a morte? Quando o Senhor te chamar, o que você tem preparado? As pessoas correm tanto, fazem tantos planos para essa vida, pensam tanto nas coisas deste mundo, e muitas vezes não se dão conta de que existe algo muito mais importante para se pensar, um depósito, uma esperança, uma certeza: a vida eterna. Pensamos em comprar uma casa, um carro, uma roupa nova, um computador de última geração, fazemos planos e mais planos, mas não podemos jamais nos esquecer de que hoje pode ser o grande dia, o grande dia de irmos ver Jesus e estar com Ele para sempre, o grande dia de irmos para o Céu, o grande e maravilhoso dia da nossa morte. Para muitos crentes falar assim é quase uma apostasia, mas lendo a Bíblia vemos que o apóstolo Paulo não tinha medo da morte, pelo contrário, ele falava dela como algo bom, algo que traria para ele a maior e mais maravilhosa benção, a benção das bençãos, a sua entrada no reino celestial onde ele veria Jesus (Fp 1:23) receberia a sua coroa (2 Tm 4:8) e seria glorificado (Rm 8:17).

Por último: a vida é tão breve e a morte vem tão de repente, sem avisar nem marcar horário. Somente Deus sabe o dia e a hora de nossa partida deste mundo. Ao nos depararmos com grandes tragédias sentimos e pensamos muitas coisas acerca da vida e da morte. O que estamos fazendo neste mundo? Quanto tempo ainda temos? Qual será a natureza de nossa morte? Quando será? Como será? E como reagimos diante das demais convicções e expressões de fé que estão presentes no mundo? Nos calamos ou anunciamos a verdade? E qual tem sido nossa ação diante da dor e do sofrimento alheio? Nos acomodamos ou oramos e levamos consolo aos feridos?

Que possamos estar preparados para encarar a morte, seja ela a nossa própria ou a de nossos queridos. Que possamos orar pelas famílias enlutadas pedindo que o Senhor Deus use dessa situação para constranger o coração de muitos acerca da salvação que o Senhor Jesus oferece a todo aquele que nEle crer. Que possamos alertar as pessoas sempre que tivermos oportunidade, de que há um perigo grande e grave, e que somente a salvação em Cristo Jesus pode lhes dar segurança e paz para enfrentarem a hora da morte. E que estejamos preparados para o nosso dia, o grande e maravilhoso dia da nossa partida quando o Senhor nos chamar.
S.D.G.

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