AS SETE PALAVRAS DA CRUZ DE CRISTO - 4ª E 5ª PALAVRAS

AS SETE PALAVRAS DA CRUZ DE CRISTO -

4ª PALAVRA - "DEUS MEU, DEUS MEU, POR QUE ME DESAMPARASTE?"

5ª PALAVRA - "TENHO SEDE"

IPB de Porecatu / PR
Culto vespertino 05.04.09

TEXTOS BÍBLICOS
4ª palavra – Mateus 27:46 (45-49)
“E perto da hora nona exclamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactâni; isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”

5ª palavra – João 19:28 (28-29)
“Depois, sabendo Jesus que já todas as coisas estavam terminadas, para que a Escritura se cumprisse, disse: Tenho sede.”

INTRODUÇÃO / EXÓRDIO
As três primeiras palavras da cruz de Cristo revelam o Seu amor e compaixão para com as pessoas. Nas 4 últimas palavras da cruz encontramos Jesus orando ao Pai e falando de seu sofrimento e sua obra.

EXPLICAÇÃO
No texto lido vemos o Senhor Jesus que já estava crucificado há horas sofrendo seus últimos momentos na cruz. Ele demonstra um misto de dor e aflição, citando as palavras dos Salmos 22:1 e 69:21. Ele, que fora traído por Judas Iscariodes e que fora preso de madrugada quando fora orar no Jardim do Getsêmani, já havia sido julgado pelos judeus e pelos romanos, e fora condenado à morte por crucificação juntamente com dois ladrões. Ele foi surrado ostensivamente pelos soldados romanos, e ficou machucado, literalmente com vários cortes pelo corpo, dilacerado e sangrando. Partes de sua pele e de sua carne foram arrancadas, Ele sofria terríveis dores. Ele foi ultrajado, humilhado, zombado. Para completar a sua dor, colocaram nEle uma coroa de espinhos pontiagudos que se encravaram na sua cabeça fazendo-O sangrar e sofrer ainda mais... A dor que ele sentiu é inimaginável, era a minha e a sua cruz, a minha e a sua dor que Ele sentiu.

ARGUMENTAÇÃO / DIVISÕES

4ª palavra: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” Mateus 27:46b.
Amparo = apoio, defesa (presença). Jesus estava desamparado, humilhado, e agora Ele sente uma dor que ainda não havia sentido e que jamais sentirá: a dor do desamparo Divino. E por que o Pai o desamparou? Por que deixou? Por que Ele precisou ser deixado tão só naquela cruz? Era como se Jesus dissesse: “Pai eu suporto qualquer coisa, mas não me desampares... Pai não me deixes, eu sou inocente, eu nunca pequei, eu não mereço que me desampares Pai...”.

Sabemos que Deus não O defendeu e até Se retirou dEle, porque Ele levava sobre Si naquela cruz, todo o nosso pecado, toda a nossa iniqüidade. E se Deus interviesse O livrasse daquela cruz maldita, todo o plano de Deus para salvar o seu povo estaria acabado.

Em Mt 26:53,54 quando Jesus foi preso Ele mesmo disse:
“Ou pensas tu que eu não poderia agora orar a meu Pai, e que ele não me daria mais de doze legiões de anjos? Como, pois, se cumpririam as Escrituras, que dizem que assim convém que aconteça?”
E também em João 10:17,18 Ele já havia dito:
“Por isto o Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar a tomá-la. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a dar, e poder para tornar a tomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai.”

Jesus estava muito consciente do que Ele estava fazendo, o Seu propósito era pagar o preço dos pecados do Seu povo. A Palavra de Deus nos revela em vários textos que aquela cruz não era dEle mas nossa:
2 Co 5:21 “Aquele que não conheceu pecado, Ele o fez pecado por nós, para que nEle fôssemos feitos justiça de Deus”;
Rm 3:25 “A quem Deus propôs, no Seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a Sua justiça”;
Gl 3:13 “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se Ele próprio maldição em nosso lugar...”;
Is 53:5b “Mas Ele foi traspassado pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.” Obs: pisaduras = contusões, ferimentos.

Deus é santíssimo, e nesse momento, Deus afastou-se dEle porque Deus não poderia contemplar o nosso pecado que estava sobre Cristo.

“Deus meu, Deus meu”
No entanto, mesmo sofrendo tanto Jesus não deixou o Pai. Ele diz: “Deus MEU, Deus MEU”. Mesmo sentindo-se desamparado como Ele estava, mesmo estando só e aflito, em meio a trevas e pregado na nossa cruz Ele ainda se refere a Deus dessa forma: “Deus MEU”, ou seja: “Tu és o MEU Deus”. Ele cria que aquilo tudo iria passar e que depois de Seu sofrimento Ele iria ressuscitar e seria recebido na glória celestial. Apesar de tudo que Ele passou Ele não abandonou sua fé, Ele não se rebelou, não se irou contra aquEle que permitia todo seu sofrimento, pois Ele sabia que Deus tinha um objetivo naquilo tudo, que todo aquele sofrimento era necessário para que se cumprisse o plano da salvação de Deus para todo o povo de Deus.


5ª palavra: “Tenho sede” João 19:28b.
Jesus manifesta aqui uma única vez a sua sede. Talvez. Só podemos imaginar o sofrimento que Ele passava. E Ele passou por tudo isso calado.
“Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca.” Isaías 53:7.

E aqui, no único momento em que Ele expressou a sua sede, ao invés de água lhe deram vinagre para beber. Como gostaríamos de estar ali para dar-Lhe água e ajudar a amenizar o Seu sofrimento...

DEPOIMENTO MÉDICO
Os carrascos pegaram um prego longo, pontudo e quadrado, apoiaram-no sobre o pulso de Jesus, e com um golpe certeiro de martelo o plantam e o rebatem sobre a madeira. Jesus deve ter contraído o rosto assustadoramente. O nervo mediano foi lesado. Pode-se imaginar aquilo que Jesus deve ter provado; uma dor lancinante, agudíssima, que se difundiu pelos dedos, e espalhou-se pelos ombros, atingindo o cérebro. A dor mais insuportável que um homem pode provar, ou seja, aquela produzida pela lesão dos grandes troncos nervosos: provoca uma síncope e faz perder a consciência. Em Jesus não. O nervo é destruído só em parte: a lesão do tronco nervoso permanece em contato com o prego: quando o corpo for suspenso na cruz, o nervo se esticará fortemente como uma corda de violino esticada sobre a cravelha. A cada solavanco, a cada movimento, vibrará despertando dores dilacerantes. Um suplício que durara horas. O carrasco e seu ajudante empunham a extremidade da trava; elevam Jesus, colocando-o primeiro sentado e depois em pé; conseqüentemente fazendo-o tombar para trás, O encostam na estaca vertical. Depois rapidamente encaixam o braço horizontal da cruz sobre a estaca vertical. Os ombros feridos de Jesus esfregam dolorosamente sobre a madeira áspera. As pontas cortantes da coroa de espinhos penetram o seu crânio. A cabeça de Jesus inclina-se para a frente, uma vez que o diâmetro da coroa o impede de apoiar-se na madeira. Cada vez que o mártir levanta a cabeça, recomeçam pontadas agudas de dor. Pregaram-lhe também os pés. Ao meio-dia Jesus tem sede. Não bebe desde a tarde anterior. Seu corpo é uma máscara de sangue. A boca está semi-aberta e o lábio inferior começa a pender. A garganta, seca, lhe queima, mas ele não pode engolir. Tem sede. Tudo aquilo é uma tortura atroz. Um soldado lhe estendeu sobre a ponta de uma vara, uma esponja embebida em bebida ácida, em uso entre os militares. Ele não bebe. Tudo aquilo é uma tortura atroz. Um estranho fenômeno se produz no corpo de Jesus. Os músculos dos braços se enrijecem em uma contração que vai se acentuando: os deltóides, os bíceps esticados e levantados, os dedos, se curvam. É como acontece a alguém ferido de tétano. A isto que os médicos chamam “tetana”, quando os sintomas se generalizam: os músculos do abdome se enrijecem em ondas imóveis, em seguida àqueles entre as costelas, os do pescoço, e os respiratórios. A respiração se faz, pouco a pouco mais curta. O ar entra com um sibilo, mas não consegue mais sair. Jesus respira com o ápice dos pulmões. Tem sede de ar: como um asmático em plena crise, seu rosto pálido pouco a pouco se torna vermelho e depois se transforma num violeta purpúreo. Jesus respira com muita dificuldade e é envolvido pela asfixia. Os pulmões cheios de ar não podem mais se esvaziar. A fronte está impregnada de suor, os olhos saem fora de órbita. Mas o que acontece? Lentamente com um esforço sobre-humano, Jesus toma um ponto de apoio sobre o prego dos pés. Esforça-se a pequenos golpes, se eleva aliviando a tração dos braços. Os músculos do tórax se distendem. A respiração torna-se mais ampla e profunda, os pulmões se esvaziam e o rosto recupera a palidez inicial. Todo este esforço simplesmente para que pudesse respirar. Logo em seguida o corpo começa a afrouxar-se de novo, e a asfixia recomeça. Foram transmitidas sete frases pronunciadas por ele na cruz: cada vez que quer falar, deverá elevar-se tendo como apoio o prego dos pés. A dor é inimaginável! Atraídas pelo sangue que ainda escorre e pelo coagulado, enxames de moscas zunem ao redor do seu corpo, mas ele não pode enxotá-las. Por volta de meio-dia (a hora sexta) o céu escurece, até a hora nona (três da tarde) houve trevas sobre toda a Terra. Todas as suas dores, a sede, as câimbras, a asfixia, o latejar dos nervos medianos, lhe arrancam um lamento: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”.


E Ele padeceu tudo isso em nosso lugar, somente para nos salvar, porque nos amou...

CONCLUSÃO
Notemos nesses dois contextos as seguintes lições:

NUNCA SE SINTA SÓ
Nós jamais seremos deixamos assim pelo Pai, esse sofrimento Jesus padeceu por nós, e agora Ele habita conosco em todos os nossos momentos, tanto os de alegria e prazer como nos momentos de dor e sofrimento. Muitas pessoas pensam que o seu sofrimento é o maior sofrimento do mundo e que Deus as abandonou. O Senhor nunca nos abandona, pois Ele nos vê através de Jesus, e em Mt 28:20 Jesus disse:
“...eis que Eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.”

CLAME SEMPRE AO SENHOR
Aqui aprendemos que mesmo em meio ao maior sofrimento Jesus clamou ao Pai e nós também devemos clamar ao Pai. É na hora de maior sofrimento que nosso coração vai tentar nos trair e fazer-nos calar a voz da oração. Mas é justamente nessa hora em que mais devemos clamar, seguindo o exemplo do nosso Senhor.

QUANTO A DOR
Sabemos que tal dor nós jamais sentiremos porque Ele está conosco e habita em nós.
“Nunca vos deixarei, jamais vos abandonarei” Hebreus 13:5.
A maior dor não é a dor física, a maior dor é a dor da ausência da presença de Deus e de seu desamparo. Essa é a maior dor no inferno e na Terra, a ausência de Deus. Por isso que a Palavra de Deus diz:
“Não apagueis o Espírito.” 1 Ts 5:19.
“E não entristeçais o Espírito Santo de Deus...” Ef 4:30a.

DECLARE SEMPRE QUE O SENHOR É O TEU DEUS
Devemos continuar a crer no amor e na misericórdia do Pai, e declarando que Ele é o nosso Deus, ainda que estejamos em meio ao maior sofrimento que jamais experimentamos, mesmo que não saibamos exatamente quais são os Seus planos naquele momento.
Um outro modo de declararmos que o Senhor é o nosso Deus é a evangelização, pois quando evangelizamos estamos expandindo essa verdade que é a maior preciosidade, a jóia mais preciosa, o tesouro escondido em nossa existência pelo qual vale a pena perder todas as outras coisas, se for necessário.
“...porque eu sei em quem tenho crido e estou bem certo que Ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele dia”. 2 Tm 1:12.

QUANTO A SEDE
Jesus teve sede de água e lhe deram vinagre em lugar água para beber. Se nós estivéssemos ali na condição de ajudá-Lo, o que faríamos? Será que nós, se pudéssemos, Lhe daríamos água para beber? A resposta pode ser dada se lembrarmos de Suas palavras:

“E qualquer que tiver dado só que seja um copo de água fria a um destes pequenos, em nome de discípulo, em verdade vos digo que de modo algum perderá o seu galardão.” Mateus 10:42.

“Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber. Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.” Mateus 25:34,35,37,40.
O que temos dado para aquele tem sede? A Bíblia nos diz:
“Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça.” Romanos 12:20.
Qual é a nossa sede? Sede de Deus e de sua justiça, ou sede de pecado?
“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos.” Mateus 5:6.

A MAIOR LIÇÃO
Mas a maior lição que podemos aprender sem dúvida é sabermos o quanto custou caro o perdão dos nossos pecados e valorizarmos este perdão e esta salvação nos abstendo de todo pecado, nos consagrando cada vez mais ao Senhor e ao Seu serviço, com toda gratidão e alegria em servi-Lo, louvando-O e engrandecendo-O de todo o nosso coração. O quanto mais crermos e dermos o devido valor ao Seu sacrifício, mais nos dedicaremos em servi-Lo, em conhece-Lo, em falar dEle ao perdido, mais nos dedicaremos à oração, ao conhecimento da Bíblia Sagrada, à família, à igreja e à vida que Ele nos proporciona.

Material de apoio:
A Bíblia Anotada; Bíblia de Genebra


S.D.G.

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